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Desde maio, o Espírito Santo recebeu um novo líder para orientar seu desenvolvimento agrícola e pecuário: Guilherme Gomes de Souza, o recém-nomeado superintendente Federal de Agricultura e Pecuária do Ministério da Agricultura (Mapa) no Estado. Natural de Mimoso do Sul, com uma vasta experiência de mais de 30 anos como produtor rural e uma carreira que o levou a ocupar cargos de destaque, incluindo diretor-técnico do Ipem/Inmetro, diretor presidente da Ceasa/ES e superintendente do Ibama/ES, Guilherme traz consigo um profundo conhecimento prático do campo e da gestão pública.
Nesta entrevista, ele compartilha sua perspectiva sobre o papel do Ministério da Agricultura no Estado, destacando sua visão e metas para impulsionar o agronegócio capixaba. Confira!
Conexão Safra- Como tem sido sua experiência desde que assumiu o cargo de superintendente do Mapa no Espírito Santo?
Guilherme- Ser gestor é sempre um desafio, mesmo que a gente já tenha experiência no setor público, visto que já ocupei cargos de comandos no Ibama, na Ceasa e no Ipem. Nessa nova função também fui muito bem recebido por toda equipe da Superintendência aqui do Estado. Isso facilitou bastante minhas atividades na condição de superintendente. As pessoas são comprometidas, prestativas e proativas. Tive a oportunidade de passar uma semana no Ministério, em Brasília, onde pude conversar com o Ministro Carlos Fávaro, pessoa humilde, inteligente e de muita capacidade, e com demais servidores que atuam em áreas decisivas do Mapa, como o Oziel Alves de Oliveira, coordenador Geral de Apoio às Superintendências. Digo sempre que a gente nunca para de aprender e aqui estou aprendendo bastante.
CS- Quais são as principais metas que pretende alcançar durante sua gestão para impulsionar o desenvolvimento do agronegócio no Estado?
Guilherme- O Mapa tem atuação em uma infinidade de atividades primordiais. Temos que trabalhar cada atividade com afinco e determinação, pois por aqui passam desde fiscalização de estabelecimentos que atuam no ramo alimentício e de plantios, exportação, recursos de emendas parlamentares, projetos sustentáveis e muito mais. No entanto, minha principal meta é levar adiante programas como o ABC+ e outros que tratam das atividades rurais de baixo carbono, assim como a agricultura orgânica. Todos esses programas são ligados diretamente à questão do meio ambiente e, portanto, sustentabilidade, e têm incentivo nosso e incentivos financeiros, já que os juros podem diminuir até em 2%, e terão vantagens para comercialização e venda de seus produtos no mercado nacional e internacional. Também buscamos maior integração com o Estado e municípios, para ampliar e mostrar o volume de recursos interessantes que existem e que são operados pelo Mapa e que muitos não conhecem e que podem alavancar muitos resultados nos municípios, obviamente ligados diretamente ao produtor rural.
CS- Com base em sua experiência como produtor rural, como essa vivência influencia suas decisões e abordagens no Mapa?
Guilherme- Um grande orgulho que tenho na vida é ser produtor rural. Quem atua nessa importante atividade ajuda a manter a vida do planeta. Ninguém é nada com barriga vazia. Portanto, a experiência que tenho nesse segmento, desde muito cedo, sempre me auxiliou em decisões e agora, no Mapa, mais ainda, exatamente por conhecer não só a teoria mas a prática. Isso é muito facilitador.
CS- O Espírito Santo é conhecido por sua diversidade agrícola e pecuária. Quais são os principais desafios que enfrentará ao promover e fiscalizar esse setor?
Guilherme- O Estado é muito produtivo e organizado, mas é tímido, pois temos Estados da federação que estão bem distantes da gente e fazem uma propaganda gigantesca. Estamos em primeiro lugar não só na produção de café conilon, mas em pimenta-do-reino, pimenta rosa, gengibre, ovos de codorna, chuchu, inhame, taioba, mamão, terceiro maior produtor de cacau e o primeiro em qualidade. Nossas exportações atendem muito bem os mercados internacionais, como a Europa, Estados Unidos, Israel, países árabes e a China. O maior desafio é manter a qualidade dessa diversidade distante de pragas e dentro de parâmetros exigidos na legislação em relação a produtos químicos utilizados nas lavouras. Não podemos esquecer também do desafio de combate à Influenza Aviária, que infelizmente o primeiro caso foi detectado aqui no Estado em aves silvestres e depois em aves de subsistência, a conhecida galinha caipira. Estamos trabalhando duramente para que não alcance as granjas comerciais, pois essa atividade é grandiosa no Estado. Com relação à fiscalização, o Mapa dispõe de legislações que estabelecem critérios dentro do setor agropecuário. A falta de cumprimento dessas legislações, que buscam o interesse coletivo, por meio da sanidade vegetal e animal, terão como consequência a aplicação de sanções. O estabelecimento ou o produtor que não cumpre as normas, poderá prejudicar o próprio setor e até o mercado internacional, já que é bastante exigente e pode criar um certo ceticismo em relação a todos. Isso é muito prejudicial.

CS- Qual é a sua visão sobre a importância da sustentabilidade e da preservação ambiental no agronegócio capixaba?
Guilherme- Valorizo muito esse tema. O Estado melhorou e está melhorando ainda mais. Antes as áreas de preservação permanente eram muito mal preservadas. Hoje o produtor, não só por força de lei, mas por sensibilidade mesmo, tem respeitado muito o meio ambiente e sua capacidade de suporte. Sou defensor de que o produtor precisa receber por preservar os corpos hídricos e as florestas. O pessoal da cidade é o principal beneficiário de água, do ar e, portanto, do oxigênio produzido pelo processo das florestas e quem mantém isso? O produtor rural, que deixa de utilizar essas áreas com ganhos maiores por hectare para beneficiar também a população urbana. Eu digo sempre que não basta ter a informação, é preciso conhecer. Só assim o homem do campo será valorizado. Não adianta os jovens pensarem que o fubá vem do supermercado e o leite, da padaria. Ele vem de um processo difícil e complexo no campo. Ainda dentro dessa importante pergunta, eu reafirmo o que já foi dito. O Espírito Santo está caminhando muito bem, num trabalho em conjunto entre o Mapa e a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) no programa já mencionado chamado ABC+, Agricultura de Baixo Carbono. Vamos avançar bastante ainda neste ano. É importante lembrar que o produtor precisa dos recursos naturais para manter sua atividade e quem tem essa sensibilidade não comete crimes ambientais. O que muito se vê hoje, na área rural, são crimes praticados por condomínios clandestinos, onde se desmata e se constrói dentro de áreas de preservação permanente, para o desfrute dos moradores que praticam isso para passar o final de semana. Como essa irregularidade acontece em áreas rurais, muita gente atribui erradamente ao produtor.
CS- Diante das inovações e tecnologias no setor agropecuário, quais são suas perspectivas para a adoção de práticas modernas no campo?
Guilherme- O uso da tecnologia é algo essencial no campo. O Espírito Santo é o segundo Estado do país em número de drones registrados no Mapa para utilização na área rural. O primeiro do país em utilização de clones vegetais de alta produtividade. E na área animal, temos um rebanho leiteiro em crescimento com utilização de fertilização in vitro, FIV. Não podemos esquecer que a raça Girolando é responsável por mais de 70% da produtividade de leite do país e o Estado é campeão mundial em genética do Gir leiteiro, da onde se tira o cruzamento com o Holandês para produzir o Girolando. Isso significa dizer que o Espírito Santo está avançando bastante e avançará ainda mais nos próximos anos, produzindo cada vez mais em menor área. O Estado vem avançando bem no uso da tecnologia, um pouco acima da média nacional.
CS- Considerando o contexto atual, como o Mapa pode auxiliar os produtores rurais do Espírito Santo a acessarem novos mercados e ampliarem suas oportunidades de negócios?
Guilherme- A primeira coisa é o acesso à informação por parte do interessado. O Mapa está sempre à disposição para dar conhecimento ao produtor, porque cada país, no caso de exportação, tem sua própria legislação e exigência. O conhecimento da legislação é primordial, porque a atividade precisa estar legalizada. Não se pode montar uma fábrica, por exemplo, sem consulta prévia ao Mapa, porque depois de pronta, pode ficar mais difícil e com custos elevados para se enquadrar. Sendo assim é melhor consultar sempre o Mapa ou os próprios órgãos do Estado, que também poderão dar mais orientação. É bom ressaltar que em nosso caso, o Mapa não tem taxas para nada, para facilitar o início ou ampliação dos negócios. A maior prova desse apoio é a efetividade da diversificação de exportação do Estado. Dentro dessa realidade, destaco muito a parceria com o governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e seus órgãos, como o Idaf e o Incaper, não só por meio de convênios, mas, sobretudo, pelo bom relacionamento.

CS- Quais são os principais projetos em andamento ou planejados para promover a diversificação agrícola e pecuária no Estado?
Guilherme- De fato, o Estado do Espírito Santo tem uma produtividade rural muito diversificada. O Mapa atende todas essas cadeias produtivas e atuantes para que existam e se ampliem. Pretendemos criar uma comissão para ação sanitária em conjunto com o Estado. Temos um setor bastante atuante na Superintendência do Estado, que é a Divisão de Desenvolvimento Rural, onde rodam projetos importantes, como o incentivo ao produtor que investe na questão do baixo carbono e qualidade do leite. Também estamos com programação de ampliação de combate à nova doença do cacau, para não chegar no Espírito Santo, a monilíase, que atinge o fruto de dentro para fora. Esse tipo de trabalho é fundamental para evitar prejuízos à produção do Estado.
CS- Como o Mapa pode apoiar e incentivar a produção local, valorizando os produtos capixabas e destacando a identidade regional no agronegócio?
Guilherme- Está no cômputo do Mapa incentivar a produção e valorizar os produtos de cada região. O Espírito Santo tem destaque importante nesse segmento. O maior exemplo são as Indicações Geográficas, conhecidas por IGs. São culturas marcadas com destaques absolutos por serem características de uma região, permeadas de qualidade e sabor. Ganham este título depois de um processo bem analisado. No Estado temos como Denominação de Origem o Café do Caparaó (arábica) e o Café das Montanhas do Espírito Santo (arábica). Temos também as indicações de Procedência: o Cacau de Linhares; o Socol de Venda Nova do Imigrante; o Inhame de São Bento de Urânia; a Pimenta-do- Reino do Espírito Santo; o Café Conilon e, agora, a Pimenta Rosa de São Mateus.





