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Rastreabilidade

Plataforma de Rastreabilidade fortalece sustentabilidade dos cafés

De olho nas novas regulações mercadológicas, Cecafé e Serasa Experian desenvolvem ferramenta que comprova que os exportadores comercializam cafés com origem monitorada e que respeitam rígidos critérios socioambientais

por Cecafé

em 05/12/2023 às 9h07

7 min de leitura

Plataforma de Rastreabilidade fortalece sustentabilidade dos cafés

Exemplo de monitoramento ambiental da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil.

Assegurar que os exportadores comercializem produtos com origem monitorada e que respeitem aos mais rígidos critérios socioambientais do comércio global. Esse é o objetivo da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil, que o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) contratou junto à Serasa Experian e que acaba de ficar à disposição dos embarcadores de café associados que tenham interesse.

Nesse primeiro estágio, a Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil conta com a participação de mais de 40 associados do Cecafé, entre empresas nacionais e internacionais, que responderam, em 2022, por aproximadamente 90% dos embarques para a União Europeia e 41% das exportações totais de café realizadas pelo país.

Para o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, em tempos nos quais os produtos ecológica e socialmente corretos são muito mais demandados pelo comércio global, com a negociação e a implantação de novas regulações, como o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, em inglês), possuir sistemas que comprovem a completa sustentabilidade dos cafés do Brasil é de fundamental importância para o país se manter como o principal player do mercado.

“Nesta era de busca por produtos que respeitem aos critérios ESG, o Cecafé e seus associados estão engajados e alinhados às discussões socioambientais globais, promovendo, ativamente, debates e ações a respeito das preocupações regulatórias apresentadas pelos principais compradores do café brasileiro, como a Europa, que absorve praticamente a metade de nossos embarques cafeeiros”, revela.

A Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil compilará informações de inúmeras bases de dados públicas e oficiais, as quais avaliam e monitoram questões socioambientais. Um dos pilares da ferramenta, que trabalha com dados georreferenciados e obtidos por satélite, é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma obrigação legal a todos os produtores de café, estabelecida pelo Código Florestal Brasileiro.

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De acordo com o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, “utilizando dados de geolocalização dos cafeicultores, reforçamos nosso objetivo de democratizar informação e proporcionar um cenário de maior transparência ao setor, impulsionando a reputação do café brasileiro, principalmente, para os exportadores da cultura. Hoje, a plataforma personalizada e entregue ao Cecafé, com base em nossas soluções de sensoriamento remoto, coleta e cruza dados relevantes sobre critérios ESG, que permitem análises dinâmicas e assertivas em diversos aspectos, como níveis de conservação florestal, cultivo agrícola e alertas de desmatamento nas regiões produtoras, garantindo a rastreabilidade do produto ao longo de toda a cadeia produtiva”.

Para gerenciar riscos de maneira eficaz, a plataforma permite o monitoramento diário da conformidade socioambiental das áreas de produção, oferecendo, aos exportadores que aderirem à ferramenta, atualizações em tempo real e, consequentemente, a emissão de alarmes em resposta a alterações nas responsabilidades socioambientais.

O head de agronegócio da Serasa Experian explica que, além de tudo, a plataforma é auditável, possibilitando aos usuários a personalização dos protocolos conforme suas necessidades para atender aos rigorosos requisitos das leis e padrões de conformidade de empresas globais que compram o café brasileiro. “A possibilidade de personalização da plataforma que disponibilizamos, tanto para o Cecafé, quanto para os usuários da ferramenta, é fundamental pois viabiliza alinhamento com as diferentes diretrizes de conformidade social e ambiental definidas por empresas, governos e outras partes interessadas”, completa o executivo.

O diretor-geral do Cecafé complementa que a plataforma também abre portas para a criação de um protocolo de sustentabilidade aos cafés do Brasil, o que, para ele, é crucial ao setor exportador, uma vez que a agenda de inovação e transformação digital é inseparável das estratégias para melhorar a competitividade e o reconhecimento dos progressos alcançados em sustentabilidade nas últimas décadas.

“A plataforma de rastreabilidade, desenvolvida pela Serasa Experian para o Cecafé, abre caminho para que o setor adote conceitos e ferramentas inovadoras, reduzindo, em última análise, custos operacionais, agilizando a checagem de conformidade socioambiental e simplificando a verificação e a demonstração de conformidade com as regulamentações do setor. Isso gera confiança, transparência e credibilidade nas parcerias comerciais dos cafés do Brasil com o mundo inteiro”, avalia Matos.

O Cecafé, que representa a cafeicultura brasileira nos principais fóruns globais do setor, contatou a Serasa Experian para o desenvolvimento da plataforma por ter a percepção de que os cafés do Brasil precisam não apenas ser sustentáveis – como são –, mas demonstrar essa sustentabilidade ao mercado internacional.

Há propostas de União Europeia e Reino Unido de due diligence obrigatória das empresas para mensurar e mitigar riscos de desmatamento em suas cadeias de suprimentos, assim como legislação semelhante já foi aprovada na Alemanha em 2021, com aplicação neste ano e maior rigor a partir de 2024, e também existem debates sobre novas regras nesse sentido em Estados Unidos e Suíça.

“A aplicação de tecnologias de ponta, como a plataforma de rastreabilidade Cecafé-Serasa Experian, é vital para se obter maior reconhecimento dos esforços, progressos e resultados socioambientais tangíveis alcançados pelo setor cafeeiro nacional e se alinha com as tendências que moldam as novas regras do comércio mundial. Os cafés do Brasil estão prontos para liderar esse processo de sustentabilidade global e permanecer como o principal parceiro cafeeiro do mundo”, analisa o diretor do Cecafé.

Ajudando a construir a boa imagem de país

A recém-divulgada pesquisa “Percepção do Agro Brasileiro na Europa”, realizada pela OnStrategy – coordenação da Biomarketing, com patrocínio da Serasa Experian e apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) – na Alemanha, França, Reino Unido e República Tcheca, identificou as percepções de 590 mil cidadãos, jornalistas e distribuidores sobre o tema.

Entre os entrevistados, o café brasileiro foi o produto do agro que obteve o maior destaque na percepção europeia, com índice geral acima de 70 pontos sobre reputação positiva. No total, 57% dos europeus informaram desconhecer o agronegócio brasileiro e apenas 11,2% o conhecem bem, o que demonstra a necessidade de o país ter mais clareza sobre sustentabilidade, melhorando a imagem ambiental e social.

“Possibilitar a criação dessa pesquisa foi muito importante para nós da Serasa Experian, pois ela trouxe mais entendimento sobre o cenário, tornando possível identificar os principais déficits e pontos de melhoria que precisam ser desenvolvidos e aplicados, principalmente no que diz respeito à comunicação com o exterior”, comenta Marcelo Pimenta. “O café já foi identificado como a cultura com os melhores dados de percepção, ainda assim continuaremos gerando informações, tanto ao setor como sobre ele, para reforçar essa reputação nacional e internacionalmente”, finaliza.

“A plataforma de rastreabilidade será mais uma importante ferramenta para fortalecer a marca ‘Cafés do Brasil’, ampliando a visibilidade positiva do segmento, o que contribuirá, por conseguinte, para o agro brasileiro ser mais conhecido e reconhecido pela Europa e, assim, melhorar o diálogo com o consumidor e a cooperação com agentes públicos e privados desse continente”, conclui Matos.

Nesse primeiro momento, de adaptação e implementação da plataforma, vêm sendo realizadas discussões tecnológicas, envolvendo meios de acesso e utilização de dados da cadeia produtiva do café, além de reuniões destinadas a capacitar as equipes dos exportadores de café que aderiram à ferramenta.

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