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Mulheres assumem a sucessão familiar no campo

Histórias de empreendedorismo e paixão pela lavoura

por Rosimeri Ronquetti

em 07/03/2024 às 0h10

4 min de leitura

Mulheres assumem a sucessão familiar no campo

Foto: arquivo pessoal

Matéria publicada originalmente em 12/03/2023

Apesar de sempre terem atuado no meio rural, as mulheres não tinham voz, nem poder de decisão, como pontuou Zaira. A sucessão familiar, quando ocorria, era de pai para filho, quase nunca de pai para filha. Mas isso vem mudando. Seja porque essa é a única opção dos pais, seja por necessidade, ou até mesmo porque esse é um desejo da filha. É o caso da Amanda Lacerda (22).

Terceira geração da família de cafeicultores, a jovem de Forquilha do Rio, no distrito de Pedra Menina (Dores do Rio Preto), região tipicamente cafeeira, escolheu ficar no interior e trabalhar com café. Ela concluiu a graduação em tecnologia em cafeicultura no final do ano passado.

“Escolhi o curso porque o agro é um dos setores mais importantes da nossa economia, e também porque cresci vendo meus pais na cafeicultura. Desde sempre os cafés especiais têm sido minha paixão”, defende Amanda, que também é barista, especializada em extrações de café.

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Ao contrário da tecnóloga, poucas meninas da região escolhem ficar no interior e trabalhar com lavoura. Os pais de Amanda, Altilina e Afonso Lacerda, pelo contrário, já esperavam que ela fizesse essa opção. “Meus pais já esperavam que eu ficasse na roça por conta da minha paixão pela área. Eles se orgulham da minha escolha, afinal, estou dando continuidade a um trabalho iniciado há muitos anos”.

Outra apaixonada pelo campo, Luiza Bonomo Trés (25), de Córrego Duas Barras, em Jaguaré, cursou agronomia incentivada pelos pais. A moça até trabalhou em uma multinacional do setor, mas voltou e deu início ao processo de sucessão familiar.

“Cresci vendo minha mãe na roça e isso para mim sempre foi muito natural. Quando fui fazer faculdade, a intenção dos meus pais, e minha também, sempre foi que eu voltasse para trabalhar com eles. No começo, a sucessão familiar foi mais complicada, até as expectativas se alinharem, mas aos poucos as engrenagens foram funcionando de maneira mais fácil, e seguimos nesse processo”, relata Luiza.

Com uma trajetória um pouco diferente, Gabriela Giacomin Borlini (40), de João Neiva, nunca atuou no campo, mas nem por isso sua história segue caminho oposto aos de Amanda e Luiza quando o assunto é confiança do genitor na hora de passar o bastão.

Em 2020, ela assumiu a queijaria da família, fundada pelo pai há 20 anos. Além do desafio de gerir o negócio, Gabriela não queria decepcioná-lo. “Eu me senti muito feliz, com frio na barriga, confesso. Sempre tive muitas ideias sobre a queijaria e sabia do seu potencial e comentava com ele. Sabia que era uma responsabilidade muito grande formalizar a empresa e, com o tempo, a ficha foi caindo cada vez mais. Ele ficou 20 anos à frente da queijaria e, por isso, não quero decepcionar”, diz.

E parece que isso está longe de acontecer. Gabriela abriu o CNPJ da queijaria, criou marca, logomarca, Instagram, melhorou as formas de pagamento, adequou tudo que faltava junto à fiscalização sanitária, implantou novos tipos de queijos e contratou mais uma funcionária. Aliás, toda mão de obra é feita por mulheres na queijaria. “O que antes era considerado serviço de homem, temos duas mulheres fazendo na fabricação”.

Investindo cada vez mais, o empreendimento localizado na Rota do Queijo, recebe visitantes e participa de eventos dentro e fora do município. Em breve, Gabriela vai inaugurar uma nova loja porque a atual ficou pequena. “Tenho muitos planos, ideias e sonhos que com força de vontade e muito trabalho vamos conseguir. Meu pai está feliz e realizado de ver a sucessão dando frutos e eu também de poder continuar e fazer crescer o negócio que ele confiou a mim”.

Com trajetórias diferentes, Luiza e Gabriela são exemplos da força das mulheres na sucessão familiar.

CONTINUA…

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