Mulheres de Aracruz são finalistas no Prêmio Biguá de Sustentabilidade

Uma planta ancestral encontrada na comunidade de Boa Vista, distrito de Santa Rosa, em Aracruz, está transformando a vida das mulheres da região. Com as folhas da taboa, que crescem às margens do rio Piraquê-Mirim, elas têm criado artesanatos e gerado renda através de práticas sustentáveis.

A iniciativa, que conta com o apoio da Prefeitura de Aracruz, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES), está sendo tão bem-sucedida que se tornou uma das finalistas do Prêmio Biguá de Sustentabilidade na região Norte.

“Estamos muito felizes com essa notícia, principalmente por estarmos entre os três primeiros colocados. Nunca tivemos a oportunidade de mostrar nosso trabalho para tantas pessoas”, comemora Rosiana Carvalho Pereira Moreira, 42 anos, uma das dez artesãs envolvidas no projeto.

O Prêmio Biguá de Sustentabilidade celebra projetos e iniciativas que valorizam o cuidado com o solo, água, fauna e flora nas regiões Sul, Norte e Noroeste do Estado. Na região Norte, o evento de premiação acontece no dia 28 de setembro, em Linhares. O trabalho das artesãs concorreu na categoria poder público.

Ancestralidade

A relação das mulheres de Boa Vista com a planta nativa atravessa três gerações de uma família. Na década de 80, a matriarca Aldir Carvalho, de 75 anos, usava a taboa para produzir esteiras e ajudar na criação dos seus 16 filhos. Atualmente, são as filhas e netas de Aldir que utilizam essa matéria-prima para confeccionar bolsas, bijuterias, cestas, sousplats e mini esteiras.

A comunidade, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Municipal de Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim, tem o pescado com fonte de renda principal, mas, nos últimos anos, foi impactada com as mudanças ambientais na região.

O artesanato com a taboa até então era feito para completar a renda e de maneira esporádica. “Eu aprendi com a minha mãe, olhando ela fazer, desde ir ao brejo cortar a taboa até tecer a esteira. Vendíamos as peças para as pessoas da região que nos procuravam”, relembra Rosiana.

Profissionalização

A situação começou a mudar no início deste ano, quando a Prefeitura de Aracruz e o Sebrae/ES se mobilizaram para ajudar a comunidade a encontrar outras fontes de renda. “A gente precisava buscar alternativas e, dentro das opções analisadas, percebemos o potencial das artesãs que trabalham com taboa”, conta Priscilla Nobres, coordenadora da Unidade de Conservação de Uso Sustentável da prefeitura.

Além de representar uma fonte de renda, o artesanato contribui para a preservação ambiental. “Resgatar essa técnica permite o empoderamento financeiro dessas mulheres e reduz a pressão sobre outros recursos da reserva ambiental onde a comunidade está inserida”, observa Priscilla.

Em parceria com o Sebrae/ES, foram realizadas capacitações e imersões para familiarizar as artesãs com outros projetos estaduais que também utilizam a taboa. Elas também foram incluídas, no começo do ano, em um projeto pioneiro voltado para a profissionalização de artesãos no estado.

“Nosso objetivo era formalizar essas mulheres, que estão muito empenhadas em transformar esse saber em negócio”, conta a analista do Sebrae/ES Roberta Vieira, que dá suporte ao grupo de artesãs.

A partir desses incentivos, Rosiana já vislumbra um futuro promissor para o artesanato com taboa. “Com o auxílio do Sebrae, fomos incluídas na associação da comunidade e vamos fazer mais cursos. Queremos expor os produtos em feiras e na internet para ampliar nosso mercado”.