Pecuária de cria: fatores que influenciam o resultado econômico
por Renata Erler
em 26/08/2024 às 5h00
5 min de leitura
A pecuária de cria é uma das fases mais importantes da produção de bovinos, pois é a base que sustenta toda a cadeia produtiva. Nesta fase, o objetivo principal é a produção de bezerros que, após serem desmamados, serão encaminhados para recria e engorda. Para que essa atividade seja economicamente viável, é fundamental que diversos fatores sejam monitorados e otimizados. Entre eles, destacam-se a taxa de desmame, o peso do bezerro ao desmame, a taxa de lotação, o custo de produção, a taxa de prenhez e o percentual de vacas no rebanho total.
A taxa de desmame é o percentual de bezerros que sobrevivem e são desmamados em relação ao total de fêmeas expostas ao touro ou inseminadas. Esse é um dos principais indicadores de eficiência na pecuária de cria. Uma taxa de desmame elevada significa que a maior parte das vacas expostas produziu um bezerro viável, o que impacta diretamente no volume de produção de bezerros e, consequentemente, na receita da atividade.
Uma baixa taxa de desmame pode indicar problemas reprodutivos, nutricionais ou sanitários, resultando em menor número de bezerros e, portanto, menor rentabilidade. Melhorar essa taxa é crucial para a sustentabilidade econômica da propriedade.
O peso do bezerro ao desmame é outro fator crítico para o sucesso econômico. Quanto maior o peso, maior será o valor de venda do bezerro, gerando maior receita, mas atenção, pois a vaca deve desmamar um bezerro que pese de 45% a 50% do seu peso sem ajuda externa, acima disso haverá forte dependência de suplementação (maior desembolso). O peso ao desmame é influenciado por fatores como genética, nutrição da vaca durante a gestação e lactação, bem como manejo sanitário.
Bezerros que desmamam com peso elevado têm melhores perspectivas na fase de recria e engorda, além de oferecerem maior retorno financeiro imediato. Investir em nutrição de qualidade, lembrando que a base fundamental é o pasto, para as vacas e manejo adequado dos bezerros pode aumentar significativamente o peso ao desmame.
A taxa de lotação refere-se ao número de animais por unidade de área na propriedade. Uma taxa de lotação adequada é essencial para garantir que os recursos forrageiros sejam utilizados de maneira eficiente. A superlotação pode resultar em super pastejo, degradação de pastagens e queda na produtividade animal, enquanto a sublotação pode representar um desperdício de recursos e capacidade produtiva.
Encontrar o equilíbrio certo na taxa de lotação é um desafio, mas é fundamental para maximizar a produção de bezerros por hectare, minimizando ao mesmo tempo os custos com suplementação alimentar e manutenção das pastagens.
O custo de produção engloba todos os gastos envolvidos na manutenção do rebanho e na produção de bezerros, como alimentação, mão de obra, medicamentos, inseminação artificial, e manutenção das pastagens. Manter os custos sob controle é essencial para a viabilidade econômica.
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Produtores que conseguem reduzir custos sem comprometer a produtividade (por exemplo, adotando tecnologias de manejo, melhorando a gestão de pastagens, e otimizando a mão de obra) têm maior margem de lucro. O monitoramento constante dos custos e a busca por alternativas mais eficientes são práticas essenciais para a sustentabilidade financeira da atividade.
A taxa de prenhez é o percentual de vacas que ficam prenhas após a estação de monta. Uma alta taxa de prenhez é fundamental para garantir uma boa taxa de desmame e, portanto, maior produção de bezerros. Fatores como manejo reprodutivo, sanidade do rebanho, e a nutrição das vacas influenciam diretamente essa taxa.
Baixas taxas de prenhez podem ser indicativas de problemas de manejo, deficiências nutricionais ou doenças reprodutivas, o que compromete a produção e impacta negativamente a rentabilidade. Melhorar a eficiência reprodutiva, por meio de programas de seleção genética e técnicas como a inseminação artificial, pode aumentar a taxa de prenhez e, consequentemente, a produção.
O percentual de vacas no rebanho total também é um indicador relevante na pecuária de cria. Um percentual adequado garante que há um número suficiente de fêmeas para a reprodução e, ao mesmo tempo, permite uma estrutura de rebanho equilibrada para sustentar a produção de bezerros, sendo em ideal de 60% para fazendas de cria e entre 45%/50% para fazendas de ciclo completo.
Um percentual muito baixo de vacas pode indicar que a fazenda não está utilizando todo o seu potencial reprodutivo, enquanto um percentual muito alto pode levar a um excesso de fêmeas improdutivas, o que pode aumentar os custos sem retorno financeiro proporcional. O equilíbrio entre a quantidade de vacas, touros e bezerros deve ser constantemente monitorado para maximizar a produção e a lucratividade.
O resultado econômico está diretamente relacionado à eficiência com que os fatores produtivos são gerenciados. Aumentar a taxa de desmame, o peso ao desmame, e a taxa de prenhez, enquanto se controla o custo de produção e se mantém uma taxa de lotação adequada, são estratégias fundamentais para garantir a viabilidade econômica da atividade. O percentual de vacas no rebanho total também deve ser monitorado para manter o equilíbrio entre produção e custos. O sucesso portanto, depende de uma gestão integrada e eficiente de todos esses fatores.
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