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Anuário do Agro Capixaba

Inteligência artificial a serviço dos morangais capixabas

Pesquisas buscam eficiência no controle de pragas e redução de custos para os produtores

por Fernanda Zandonadi

em 15/02/2024 às 9h45

3 min de leitura

Inteligência artificial a serviço dos morangais capixabas

FOTOS WENDERSON ARAUJO/TRILUX – CNA BRASIL

A produção de morango no Espírito Santo teve um leve crescimento de área colhida, passando de 287 hectares em 2021 para 293 hectares em 2022. A produção acompanhou o crescimento e passou de 14.346 toneladas para 14.562 toneladas de um ano para outro. O rendimento ficou estável, com leve baixa, passando de 49.986 quilos por hectare em 2021 para 49.700 quilos por hectare em 2022.

Os municípios maiores produtores capixabas estão nas regiões mais altas do Estado: Santa Maria de Jetibá, que responde por 65,93%, seguido de Domingos Martins (11,85%), Castelo (6,18%), Venda Nova do Imigrante (5,49%) e Afonso Cláudio (4,29%).

A importância da produção gera novos estudos e pesquisas. Há três projetos em andamento em Santa Maria de Jetibá, na localidade de Garrafão, para incrementar a produção de morango no Espírito Santo, segundo o coordenador-geral do projeto de Fortalecimento da Agricultura Capixaba (FortAC) e professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Sávio Berilli. Um deles se refere ao controle do ácaro rajado (Tetranychus urticae), uma praga que, quando não controlada de forma correta, pode reduzir a produção de frutos em até 80% e, ainda, abreviar o ciclo produtivo da planta.

“O controle do ácaro-rajado é feito com o ácaro-predador e pode ser difícil e até ineficiente, se feito de forma errada. Isso porque é preciso ter toda a organização de soltura dos predadores. Então, temos um projeto de treinamento junto aos produtores para avaliar o melhor momento de liberação. Um segundo trabalho é relacionado com o primeiro e trata-se da contagem de ácaros-predadores. Ao invés de fazer o monitoramento por meio de uma lupa, pessoalmente, estamos desenvolvendo um aplicativo que, com auxílio da Inteligência Artificial (IA), gera um diagnóstico e as recomendações sobre o momento certo de liberação dos ácaros-predadores”, explica.

Um terceiro projeto fecha com chave de ouro a trilogia plantar, cuidar e colher. Atualmente, mais de 50% da produção de morango capixaba vem de uma modalidade chamada hidropônica. São cultivos suspensos, com substratos e enriquecidos com fertirrigação. A maior parte dos custos do produtor é justamente o substrato, que é comprado do Rio de Janeiro ou Minas Gerais e responde por cerca de 50% das despesas.

“Estamos trabalhando em um substrato com materiais fartos no Espírito Santo, alguns até residuais. É um projeto que está com ensaio no campo e já estamos conseguindo ajustar os parâmetros para estar bem próximo dos oferecidos comercialmente. Depois, essa tecnologia poderá ser transferida para o consumidor ou para uma indústria que, por logística, oferecerá o material a um preço menor, gerando mais uma cadeia de emprego e renda”, conta Berilli.

A composição do substrato ainda não pode ser revelada, mas são usadas partes de cama de frango (que inclui esterco, restos de ração, entre outros componentes) e vegetais compostados ou pré-compostados. “Em breve teremos o resultado da pesquisa, já que é um trabalho muito cuidadoso e com muito cuidado com a parte sanitária. Tem que ser feito por meio de compostagem, que limpa o material por elevação de temperatura e elimina quaisquer riscos biológicos”, revela.

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