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Cultivo de pimenta-do-reino no Espírito Santo: crescimento e desafios

Produção de pimenta-do-reino cresce no Espírito Santo e alcança maior produtividade no Brasil, mas preços caem e desafiam lucro dos agricultores. Tecnologia de manejo de solo é destaque na cultura

por Fernanda Zandonadi

em 07/03/2023 às 15h03

3 min de leitura

Cultivo de pimenta-do-reino no Espírito Santo: crescimento e desafios

FOTO WENDERSON ARAUJO/TRILUX

A produção de pimenta-do-reino continua pujante no Espírito Santo. Os municípios mais representativos na produção mantêm seus lugares no ranking: São Mateus (34,96%), Jaguaré (13,08%), Vila Valério (8,96%), Rio Bananal (7,44%) e Nova Venécia (5,90%).

A produção passou das 67 mil toneladas em 2020 para mais de 72 mil toneladas em 2021. A área colhida também aumentou de 17,1 mil hectares para 17,9 mil hectares no período. E a produção subiu em quase mil quilos por hectare, passando de 3.953 para 4.022. 

“É a maior produtividade entre os Estados que detém produção significativa da cultura, ou seja, entre Espírito Santo, Pará e Bahia. O crescimento do rendimento médio ao longo dos anos nos indica que os agricultores vêm se aprimorando no cultivo. E esse aumento deve se manter nesse patamar na próxima safra, em 2022”, ressaltou Lúcio Arantes, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

O valor total da produção nos anos de 2021 e 2022, conta Arantes, vai superar a marca dos R$ 3 bilhões. “O que é especialmente significativo tendo em vista a pandemia de Covid-19, especialmente em 2021. Aproximadamente 80% da produção capixaba é exportada.

O pesquisador destacou, ainda, que houve perda de preço entre os dois anos citados. “Em 2021, o preço médio mensal foi de R$ 15,99, e até o final do mês de outubro de 2022, de R$ 13,91, sendo que em outubro de 2022 fechou com média mensal de R$ 9,94, menor valor médio mensal no período. E isso, obviamente, representa perdas diretas no lucro da atividade”.

Em 2021, foram exportadas aproximadamente 91.896 toneladas de pimenta-do-reino, o que gerou mais de US$ 306 milhões. Até o final do mês de outubro de 2022, já foram exportadas mais de 69 mil toneladas, gerando um valor superior a US$ 261,44 milhões. Ou seja, ainda há potencial para que as exportações de 2022 superem as de 2021. 

Tecnologia apimentada

Em campo, o grande destaque deve ser dado ao manejo da fertilidade do solo, inclusive por meio de fertirrigação, o que tem possibilitado o fornecimento de água e nutrientes às plantas. Isso é feito de forma mais adequada durante os diferentes estágios de desenvolvimento da cultura ao longo do ano. O manejo adequado permite economia de água e nutrientes, recursos caros e que, quando bem trabalhados, podem contribuir significativamente para elevar o lucro na atividade.

“A cultivar mais plantada no Espírito Santo continua sendo a Bragantina (ecotipo de Panniyur-1, híbrido indiano lançado em 1966). Contudo, houve aumento na área de um clone chamado de Kotanadam do Broto Branco, que eu suponho que seja uma seleção clonal de Bragantina. Ele foi identificado pelo agricultor Rafael Zordan, de Girau, Jaguaré, em 2005. Hoje é possível que haja em torno de 1 milhão de plantas em campo”, explica o pesquisador.

Atualmente, o Incaper está instalando experimentos para avaliar uma nova cultivar da Embrapa, que ainda não foi registrada, mas que provavelmente terá o nome de Clonada, em conjunto com outros clones, inclusive sob diferentes tutores, a fim de se realizar a ampliação da recomendação da cultivar para o Espírito Santo. “Nos experimentos, será testado inclusive o clone Kotanadam Broto Branco”, explica.

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