pube
Anuário do Agro Capixaba

Desafios e avanços na produção de aves e ovos no Espírito Santo

por Fernanda Zandonadi

em 03/03/2023 às 9h20

6 min de leitura

Desafios e avanços na produção de aves e ovos no Espírito Santo

Fotos: Wenderson Araujo/Trilux

A produção de carnes de frango e porco, além da produção de ovos, encontrou grandes desafios nos últimos anos. Seja a alta dos insumos, como milho e soja para ração, sejam doenças como Influenza aviária e peste suína. Alertas e entre altos e baixos, produtores e associações buscam na tecnologia de ponta e nas ações preventivas sanitárias formas de fomentar o setor, que permanece sendo um importante gerador de emprego e renda no Espírito Santo.

O frango de corte capixaba, por exemplo, ficou com a produção estabilizada, com um pequeno crescimento entre janeiro e dezembro de 2022, em torno de 1,5%. Na postura comercial, o cenário foi diferente, com uma significativa redução. Um comparativo entre dezembro de 2020 e dezembro de 2022, no Estado, mostra uma queda nos alojamentos de 17,5%. O volume de produção, no entanto, se manteve estabilizado em 2022 na comparação entre os anos. A grande questão foi no decorrer de 2022. No período, ocorreu um pico no decréscimo na produção de postura comercial. Comparando o mês de junho de 2022 com janeiro de 2021, por exemplo, houve queda de 27%.

“O ano de 2022 foi melhor que 2021, mas, no contexto geral do frango de corte e da postura comercial, ainda tivemos que conviver com a questão do custo alto de produção, ocasionado principalmente por insumos como o milho e soja, que estão com preços exorbitantes em função do histórico que inclui o mercado global muito aquecido, a crise com a guerra entre Ucrânia e Rússia e fatores da pandemia. Foi um ano de recuperação, mas não de forma total. No caso das carnes, tivemos um impacto menos prejudicial para o setor, mas a postura comercial reflete exatamente essa queda na produção, que chegou aos 27% de redução entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Outro reflexo sentido foi no número de produtores que, em alguns casos, deixaram a atividade e granjas sendo fechadas. Em resumo, foi um ano de recuperação para aqueles que conseguiram se manter no mercado”, avalia Nélio Hand, diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) e Associação de Suinocultores do Espírito Santo (Ases).

Ele acrescenta que os desafios continuam em 2023, especialmente a preocupação com o abastecimento de insumos e a missão de o mercado brasileiro tornar-se menos vulnerável. “Aqui no Estado, há especulações e continuamos ‘brigando’ no contexto do Governo Federal para que surjam mecanismos que deixem o mercado mais tranquilo. Isso porque o mercado de grãos está batendo recordes de produção e, pelas nossas informações, vão ocorrer grandes volumes de exportação. Também existe toda aquela atenção em relação ao que a China vai importar, principalmente no volume de milho, mas nós sabemos que, em função desses recordes de produção, o país tem condição de atender”.

A atenção do setor, segundo Hand, está direcionada para a parte sanitária, especialmente nas ações preventivas tomadas por entidades nacionais e estaduais em relação à Influenza Aviária. “Esse é um ponto de atenção extrema que vamos continuar trabalhando preventivamente ao longo deste 2023, para que o país possa permanecer livre da doença”.

 Há ainda preocupação em relação ao aumento da produção, pontua. Os altos volumes produzidos já prejudicaram muito a avicultura de postura comercial. Nos últimos anos, ocorreu a queda na produção, mas há recuperação no mercado. “Os alojamentos de frango de corte também vêm crescendo. Em novembro ultrapassaram os 600 milhões de pintinhos. Esse número preocupa o segmento. No caso da postura comercial, o alojamento nacional está atingindo níveis semelhantes aos do final de 2020. Vale ressaltar que o Espírito Santo não conseguiu ter esse acompanhamento, com a produção entre o início de 2021 e o final de 2022 sendo menor e chegando aos 17,5%”.  

Para enfrentar os percalços, a produção é mecanizada desde a produção de ovos até o frango, com uso de tecnologias de ponta. “Nós temos o uso constante de tecnologias na produção para podermos competir com produtividade e qualidade. A tecnologia está na vanguarda da avicultura e tem uma tendência de continuar e aumentar. Temos estruturas totalmente automatizadas e climatizadas, que vão na linha de produtividade, ambiência e condição sanitária. Vale destacar que existe escassez de mão de obra qualificada dentro do setor”.

Suinocultura

Para a suinocultura, 2022 foi um ano de recuperação e a produção continuou crescendo no país. Isso preocupa a produção local, que é independente. “A remuneração não é suficiente para que o produtor possa pagar suas contas e ele ainda está enfrentando os resquícios dos altos prejuízos que foram tomados anteriormente. Nós continuamos na expectativa de que o mercado possa se equilibrar, mas existem perspectivas que apontam algumas baixas com relação a esses altos custos que permeiam o setor”, avalia Hand. 

 A boa notícia é que a produção capixaba se manteve e o consumo nacional aumentou nos últimos tempos. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o consumo per capita nacional ultrapassou a casa dos 19 quilos. Essa é uma ótima informação, avalia Hand, que mostra que a carne suína vem tendo uma adesão muito grande, assim como o ovo e o frango. “Isso ajuda para que essa produção crescente possa ter uma vazão e para que o mercado continue firme. Falando do nosso Estado, nós não temos números mais precisos, mas acreditamos que o consumidor capixaba tenha optado mais pela carne suína em relação a 2021. A produção permanece a mesma”.

 Entre os desafios, Hand cita novamente a questão sanitária. “Ela é um dos pontos que concentramos nossas atenções e cuidados por meio das ações preventivas com foco na peste suína, que já teve casos identificados em outras regiões do país. Os custos de produção e a própria produção também são outros desafios para 2023”, finaliza. 

PAD DF 18 de junho de 2020. Granja de suínos. Suinocultura. Foto: Wenderson Araujo/Trilux

CLIQUE AQUI E ACESSE O ANUÁRIO DO AGRONEGÓCIO CAPIXABA

DA MESMA SÉRIE

- Ácaros e substrato: pesquisas vão alavancar a produção de morango- Desafios na produção de gengibre no ES: perspectivas e soluções- Piscicultura capixaba cresce com projetos inovadores- Criação de camarão da Malásia no ES: desafios e potencialidades- Aracruz se consolida como maior produtor de mel do Espírito Santo- Baunilha: uma fonte alternativa de renda para agricultura familiar- Cultivo de pimenta-do-reino no Espírito Santo: crescimento e desafios- Produção de tomate em estufas aumenta e traz benefícios no ES

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!