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Sustentabilidade

Bioinsumos podem ser aliados da produtividade em culturas orgânicas e convencionais

"Programa lançado pelo Mapa promove o acesso, o desenvolvimento e o uso sustentável da rica diversidade biológica brasileira"

por Coordenação geral de Comunicação Social Mapa

em 20/08/2020 às 12h28

6 min de leitura

Bioinsumos podem ser aliados da produtividade em culturas orgânicas e convencionais

Produção de biofertilizante na Fazenda Malunga
Foto: Mapa

O aumento da produtividade, aliado à redução de custos e ao desenvolvimento de sistemas de plantio baseados em recursos mais sustentáveis são alguns dos principais atrativos para o uso de bioinsumos, que vem crescendo a cada ano no Brasil. Tanto na agricultura orgânica como na convencional, produtores buscam cada vez mais esse recurso
para a nutrição de fertilizantes no solo ou no controle de pragas que atacam a lavoura.

Há 30 anos, o produtor Joe Valle cultiva insumos biológicos em sua fazenda especializada em produção agropecuária de produtos orgânicos. Localizada no núcleo rural Lamarão, em Brasília, a fazenda tem 50 hectares de hortaliças e também produz frutas, leite, ovos e até carne orgânica.

Para ele, os bioinsumos facilitam a produção de orgânicos e proporcionam alimentos
mais saudáveis para a sociedade. Ele destaca que os bioinsumos feitos na Fazenda são
resultado de metodologias já consagradas. “Hoje, a maioria dos produtos usados nas
lavouras são produzidos na própria fazenda. A cama dos animais da propriedade, por
exemplo, é feita a partir de uma mistura de resíduos orgânicos com rochas
remineralizadas ”, esclarece.

Esta mistura passa por um processo de compostagem, com duas “reviragens ” por dia, usando rochas sedimentares, com a adição de serragem, carvão e esterco. A mistura é processada e transferida para o processo de compostagem. Quando o composto está maduro, é utilizado como nutriente para as plantas.

A Fazenda também produz um chá composto feito por um pool de microrganismos
para garantir o equilíbrio do ambiente e, assim, deixar as plantas mais fortes.
“Trabalhamos com extrato de alga, extrato de peixe, melaço e uma fonte de
carboidrato que é o polvilho. Assim, criamos essa quantidade de microrganismo
composto benéfico, com bastante oxigênio, multiplicador, que serve de insumo no
campo ”, explicou.

Para Joe Valle, o
Programa Nacional de Bioinsumos
lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento há três meses, é o caminho do futuro. “É uma
ferramenta fundamental para aumentar a escala de orgânicos no Brasil ”, explica.

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Cultivo de tomates orgânicos na Fazenda Malunga

Agricultura convencional

Mas não é só na produção de orgânicos que o uso de bioinsumos traz benefícios. Na Fazenda Nova Aliança, em Planaltina (DF), há oito anos os bioinsumos são usados no plantio de feijão, soja e milho. “Hoje quase não utilizamos mais produtos químicos. Nós preparamos o solo com o plantio direto e com o uso de adubos equilibrados ”, conta o engenheiro agrônomo e produtor rural Hélio Dal Bello.

Para ele, é crescente no Brasil a adesão de produtores rurais às práticas de agricultura sustentável e econômica, que utilizam mais bioinsumos e organismos biológicos. “Investimos na agricultura sustentável, precisamos ser responsáveis, cuidar dos córregos e manter a mata auxiliar nas lavouras. O Programa Nacional de Bioinsumos incentiva a utilização de recursos biológicos na agropecuária brasileira. Os produtores estão obtendo resultados e buscando mais informações sobre os bioinsumos ”, comenta.

O número de defensivos biológicos registrados no Ministério da Agricultura tem
avançado. São 275 produtos, entre bioacaricidas, bioinsecitidas, biofungicidas e
bioformicidas, e 321 inoculantes, um insumo biológico que contém micro-organismos
com ação benéfica para o crescimento das plantas.

Plantação de milho na fazenda Nova Aliança

Mercado

Em 2019, o mercado de biodefensivos nacional movimentou R$ 675 milhões,
crescimento da ordem de 15% em relação a 2018, e acima da média estimada de
crescimento internacional. Os dados são da Croplife Brasil, associação que representa
as indústrias de desenvolvimento e inovação nas áreas de biotecnologia,
germoplasma, defensivo químico e biodefensivo. A média global de novos produtos
biológicos registrados, por ano, aumentou de três para 11 na última década.

Ainda, de acordo com a associação, em 2018, o setor realizou uma pesquisa,
envolvendo usuários de insumos biológicos em 15 estados e em 11 culturas
diferentes. O estudo concluiu que 96% dos pesquisados acreditam que o uso (taxa de
adoção) de biodefensivos irá crescer nos próximos cinco anos.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Mapa, conta
com um extenso trabalho de pesquisa dedicado ao controle biológico. São 632
pesquisadores trabalhando em 73 projetos relacionados ao tema e distribuídos em 40
unidades.

Programa Bioinsumos

O objetivo do
Programa Nacional de Bioinsumos
é aproveitar o potencial da biodiversidade brasileira para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados e ampliar oferta de matéria-prima para setor.

O diretor de Inovação do Mapa, Cleber Oliveira Soares, ressalta que o programa é um dos pilares da visão de bioeconomia que a pasta está desenvolvendo para promover o acesso, o desenvolvimento e o uso sustentável da rica diversidade biológica brasileira. “O Brasil é responsável por abrigar a maior biodiversidade do mundo. Os bioinsumos contribuem para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, como também geram renda, riqueza e qualidade de vida para os produtores, inseridos nos diferentes elos das cadeias produtivas da agricultura ”, avalia.

Pesquisas

A produção de insumos biológicos demanda conhecimentos técnicos e controle de qualidade durante as etapas de produção e do produto final para que possa promover os benefícios ambientais e econômicos.

Para o diretor do IMAmt (Instituto Mato-Grossense de Algodão), &Aacute,lvaro Salles, a demanda por insumos biológicos para uso na agropecuária é cada vez maior na produção convencional. “Percorremos o Mato Grosso, Pará, Amazonas, Rondônia e Tocantins. Investimos em pesquisa contra fungos, vírus e bactérias para encontrar alternativas e usar bioinsumos que façam o controle biológico de fungos e praga ”, explica.

O IMAmt investe no controle do bicudo, controle de lepidópteros, principalmente Spodoptera (que gradativamente vem aumentando a resistência), controle dos nematoides e controle da mosca branca, entre outras pragas.

“É necessário reduzir custos de produção, diminuir o impacto ao meio ambiente e buscar uma agricultura mais sustentável. Todos os trabalhos do IMAmt são voltados para a pesquisa e inovação, buscando a longevidade do sistema de cultivo Mato-Grossense ”, conclui Salles.

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