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Produtor aumenta renda com o cultivo de camarão da malásia

por Redação Conexão Safra

em 10/02/2015 às 0h00

8 min de leitura

Produtor aumenta renda com o cultivo de camarão da malásia

Além disso, ele oferece a chance também de outros produtores do estado de terem um aumento na renda, já que ele mesmo compra o crustáceo depois de um tempo.


Alissandra Mendes
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O cultivo do camarão da malásia ou gigante da malásia se transformou em uma das principais fontes de renda do empresário e produtor rural Pedro Camargo Turini, na Fazenda Águas Claras, na localidade de Gruta, zona rural de Cachoeiro de Itapemirim. Ele encontrou na atividade uma forma de também aumentar a renda de outros produtores rurais do estado.

Pedro contou que ao descobrir o camarão da malásia não hesitou em mudar de atividade. “Trabalhei durante 18 anos na fábrica de cimento como projetista e desenhista. Depois que saí, montei uma empresa de construção civil e cheguei a ser a 8ª economia do estado. A economia do país não estava bem e algumas empresas que eu prestava serviços tiveram que parar. Tive que mandar 800 funcionários embora. Logo depois comprei minha casa na roça e pensei em tirar leite ”, comentou.

O empresário não se mudou para a fazenda logo no início, mas isso não demorou muito para acontecer. “Quando aposentei me mudei para a roça. Pensei em sossegar, mas queria o contato com as pessoas, até que fiz um clube e passei a receber aos sábados e domingos o público por aqui. Comecei a criar tilápia, mas o custo era muito alto e não dava lucro nenhum ”, explicou Turini.

Um dia, conversando com um técnico do Incaper, Pedro foi aconselhado a criar camarão. “Comecei devagar com o camarão e continuei com a tilápia, e depois de nove meses no cultivo, tive um lucro de R$ 10 mil. Vi que o camarão me deu um retorno mais rápido e parei com a produção de tilápia. Conheci um técnico do Paraná, que estava no Ifes, e resolvi montar o laboratório ”, contou.

Segundo o produtor, até então, a maioria dos cultivos de camarões era extensivo e, geralmente, consorciado com algumas espécies de peixe. “O marco para a criação de camarões foi o processo de larvinicultura em laboratórios, sistema intensivo de produção. Essa evolução das tecnologias de reprodução foi essencial para o aumento do cultivo em grande escala. Atualmente, grande percentual de camarão comercializado no mundo é oriundo de cultivo ”, ressaltou.

Camarão da Malásia
O camarão da malásia (Macrobrachium rosenbergii) é um camarão de água-doce da família dos palemonídeos. Também chamado de ‘lagostim de água doce’ e ‘gigante da Malásia’, é uma das espécies mais procurada para cultivo.

A proliferação do camarão da malásia ocorre naturalmente em rios, lagos e reservatórios que se comunicam com águas salobras, onde o desenvolvimento larval se completa. Pode atingir 32 cm de comprimento e 500 gramas de peso (comercialmente entre 15 e 50 gramas). Na natureza sua dieta é bem diversificada, consumindo vermes, moluscos, larvas e insetos aquáticos e vegetais, como algas, plantas aquáticas, folhas tenras, sementes e frutas.
(Fonte: Wikipédia)

Legenda: Alissandra Mendes
Pedro Camargo Turini descobriu no cultivo do camarão da malásia uma fonte de renda


Produção e cultivo do camarão da malásia

Pedro explicou que a carcinicultura, nome dado a criação de camarões, se divide em duas fases: larvinicultura e engorda. A primeira etapa é desenvolvida no laboratório, onde as larvas passam pela metamorfose. Isso tudo observando o controle de temperatura, a salinidade e o oxigênio dissolvido. No sistema de engorda, as pós-larvas são alocadas em tanques e alimentadas com ração especial.

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De acordo com o empresário, ele chega a tirar em torno de 200kg/mês de camarão dos lagos. “Esvaziamos os poços, pegamos as matrizes e levamos para o laboratório. Elas são desinfetadas na anti-sala, que é onde tiramos todas as bactérias e depois ela vai para o laboratório. Tiramos da água doce e colocamos gradativamente na água salgada, que é onde nascem os filhotes. Com 15 dias de vida, eles são alimentados com artemias, que são mini-crustáceos e produzimos aqui mesmo ”, explicou.

Após os 15 dias, a alimentação é, como o produtor chama, PF (prato feito), que é uma mistura de pescadinha, lula, leite em pó, emulsão de Scot, ovos e farinha de soja. “Fazemos um bolo com esses ingredientes e colocamos para gelar. Toda a alimentação é congelada. Depois, entre 28 e 30 dias, eles são levados para os lagos, onde vão engordar com a ração própria para camarão ou então com a ração de frango, que é bem barata. Com seis meses já colhemos os maiores para serem vendidos. Com 30 dias já são vendidos para outros produtores ”, comentou Pedro.

O fator determinante para o cultivo de camarão é a água, e isso Pedro tem de sobra em sua propriedade. É preciso ter água corrente e de qualidade na propriedade, preferencialmente vinda de uma nascente. A taxa de renovação diária de água é de 5 a 10% do volume total do viveiro. A criação do camarão em água parada ou sem renovação não é possível. Na propriedade de 12 alqueires, 10 hectares são de lâmina d’água.

O produtor contou que já tirou do lago quatro camarões, que juntos, pesaram um quilo. “Esse não é meu ramo, mas está ótimo. Onde crio 10 kg de camarão, não crio uma vaca. Encontrei uma atividade em que vou me virando. Se não tivermos alguma coisa para fazer, acabamos morrendo ”, afirmou.

Sistemas de cultivo:

O sistema de cultivo de camarões pode ser aberto ou fechado. O aberto descarta a água utilizada, havendo uma constante renovação da mesma. O sistema fechado ou de recirculação aproveita a água, fazendo-a circular constantemente, repondo apenas a água evaporada naturalmente.
Existem três tipos de sistemas de produção para o cultivo do camarão:

1- Sistema monofásico (baixa tecnologia): é caracterizado por apenas um tipo de viveiro, de terra, usado na engorda. Os viveiros são povoados com pós-larvas recém metamorfoseadas, na proporção que varia entre 8 a 10 pós-larvas/ m2. O ciclo tem duração média de 6 meses sem qualquer transferência. A sua produtividade estabelece-se entre 1.000 a 1.500 kg/ha/ano.

2- Sistema bifásico (média tecnologia): trata-se da manutenção das pós-larvas recém-metamorfoseadas em viveiros berçário, também de terra. As pós-larvas permanecem nestes berçários durante aproximadamente dois meses, em densidades que variam de 70 a 200 pós-larvas/m2. Em seguida, os juvenis com peso médio de &plusmn, 2,0 g são transferidos para os viveiros de engorda. Ali permanecem por mais quatro meses aproximadamente, em densidades de 8 a 10 juvenis/m2, sendo despescados com peso médio de 25 a 30 g. Tal sistema permite alcançar produtividades próximas de 2.000 kg/ha/ano.

3- Sistema trifásico (alta tecnologia): semelhante ao anterior, diferindo apenas pela consideração de uma fase inicial realizada em berçários primários. Neles, as pós-larvas recém metamorfoseadas são estocadas em altas densidades (4 a 8 pós-larvas/litro) em tanques de concreto, alvenaria ou fibra de vidro. Esta fase tem duração de 15 a 20 dias, seus organismos com peso médio de 0,05 g são transferidos para os berçários secundários, seguindo o manejo descrito no sistema bifásico. As produtividades neste sistema regulam-se entre 2.500 a 3.000 kg/ha/ano. Os camarões adultos podem atingir até 250 g.

(Fonte: Águas Claras)


Legenda: Alissandra Mendes

A alimentação dos filhotes, a artemia, também é produzida no laboratório montado pelo produtor


Legenda:
As matrizes são retiradas do lago e colocadas em tanques de água salgada, onde nascem os filhotes


Renda para outros produtores


Além da produção e venda dos camarões, Pedro oferece a outros produtores rurais a oportunidade de aumentar a renda. “Eu vendo para outros produtores e depois compro toda a produção novamente. Eu garanto a venda de compra o camarão comigo ”, explicou Turini.

“Faço tipo uma cooperativa e vendo e compro para produtores em Ibiraçu, Fundão, Alegre, Rio Novo do Sul, Iconha e Marataízes. Já vendo com o intuito de comprar de novo. O custo para criar camarão é baixo e vale a pena. Repasso aos produtores 1.000 camarões por R$ 105,00 e compra deles de R$ 15,00 a R$ 18,00 o quilo. O que ele gastou nesse período foi além do investimento da compra, R$ 200,00 de ração ”, explicou.

Os primeiros camarões ele contou que comprou no Ifes, em Colatina, e hoje, vende para Belo Horizonte, São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. “Não vendo mais porque não consigo atender mais estados. A produção não é tão grande para atender a quantidade de pedidos ”, ressaltou.

Após a retirada dos camarões para a venda para outros produtores, o camarão adulto é comercializado congelado em embalagens de 500g ou 1kg e tem validade de 12 meses (freezer &ndash, 18&deg,), 15 dias (congelador de geladeira) e 24 horas (conservação em geladeira). “O camarão menor é vendido a R$ 25,00 o quilo, já o maior é vendido a R$ 100,00 o quilo ”, completou Pedro.

Os contatos podem ser feitos pelos telefones: (28) 9 9279-9357 ou (28) 9 9276-7285.


Camarão na alimentação
O camarão possui proteínas com elevado valor biológico e é uma importante fonte de &ocirc,mega-3, os quais estão envolvidos na prevenção de doenças cardiovasculares, hipertensão, arritmias, desordens auto-imunes e câncer. Estudos revelam que o teor de gordura do camarão apresenta uma composição, em média, de 40% de ácidos graxos poliinsaturados e 20% de monoinsaturados.

Essas gorduras têm características benéficas ao organismo.

(Fonte: Águas Claras)


Legenda: Alissandra Mendes

Pedro Turini também oferece a outros produtores rurais a oportunidade de aumentar a renda










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