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A nova geração da qualidade de café

por Redação Conexão Safra

em 07/07/2015 às 0h00

5 min de leitura

A nova geração da qualidade de café

Priscila e Dério Brioschi optaram em permanecer no campo para dar continuidade aos negócios iniciados por seus pais.

A perseguição por grãos especiais é uma herança entre os cafeicultores das montanhas capixabas, a boa notícia é que os jovens estão fazendo a diferença nas propriedades


Além da cafeicultura, Priscila se dedica à produção do socol, embutido de porco, e outros defumados e em breve iniciará um setor de queijos curados no sítio da família

O sobrenome Brioschi etiqueta cafés preparados dentro dos mais rigorosos conceitos de qualidade em Venda Nova do Imigrante, na região serrana do Espírito Santo. Há décadas, cafeicultores da família de ascendência italiana transmitem os seus conhecimentos às novas gerações.

No município, dois jovens vêm fazendo a diferença na produção que sai das lavouras para o mercado internacional. A estudante de administração Priscila Filete Brioschi, de 22 anos, e o aluno do primeiro período de ciência e tecnologia de alimentos Dério Brioschi Júnior (18) são primos distantes, mas têm em comum o amor pela roça e a vocação para os negócios gerados pelas pequenas propriedades de suas famílias.

A dupla conquistou os dois últimos principais títulos dos concursos de qualidade de café do município, realizados anualmente pela Secretaria de Agricultura da Prefeitura. Pautados pela cartilha que prega técnicas especiais no pós-colheita aliadas a boas práticas sustentáveis, Priscila e Dério alcançaram notas altíssimas ao paladar do júri.

“O sabor do café se torna especial porque geralmente na cidade o que vai para a xícara está impregnado de impurezas. Aqui, o nosso grão tem sabor mais adocicado, e o consumidor sente a diferença ”, afirma Priscila, que ajuda o pai Gilberto Brioschi (48) na administração do sítio.
Em 2013, a jovem venceu o Concurso Municipal com 93 pontos. Só para se ter uma ideia, o café com nota 81 é considerado bebida fina. Acima de 90 pontos, o produto é consagrado como top de linha.

familiares a investirem mais em qualidade para disputar concursos em níveis estadual e nacional. No ano passado, em parceria com a avó paterna, Ana Joana Marchiori (72), ficou com a 2ª colocação no Prêmio Estadual de Café de Qualidade. Segundo a cafeicultora, o lote de sacas foi adquirido ao custo de R$ 2.140,00 cada. “Nosso foco não está em prêmios, mas não custa tentar ”, disse.

Teoria e prática favorecem atividade


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Dério Brioschi aproveita os estudos no Instituto Federal do Espírito Santo- Ifes, com campus na cidade, para aprimorar a cafeicultura na propriedade da família, em Tapera, zona rural de Venda Nova. Ele faz parte da primeira turma da faculdade de ciência e tecnologia de alimentos, oitavo curso do Brasil.

O jovem integra um projeto de iniciação científica, com orientação de um professor especialista em cafeicultura, que visa melhorar a realidade do produtor das montanhas capixabas. Ele não deu detalhes do projeto, mas declarou seu interesse por pesquisas contínuas na área

A dedicação aos estudos diminuiu o seu contato direto com a lavoura. “Auxilio minha família desde os 13 anos. Saía da escola e ajudava meus pais. Hoje, estudo em tempo integral, por isso participo mais do pós-colheita ”, disse Dério.

O estudante demonstra entender bem do assunto e pontua alguns detalhes para alcançar grãos superiores: colher seletivamente os grãos maduros, tratar bem a lavoura e também contar com o clima. “A
nossa altitude influencia muito.

Quanto mais maduro o café no pé, mais absorve açúcares. Esse aspecto é muito valorizado pelo mercado. ”

Dério venceu a última edição do Concurso Municipal de Qualidade de Café e se prepara para novos desafios. Para melhorar a qualidade, investiu em três terreiros suspensos este ano. “Produzir com qualidade faz a diferença porque coloca o produtor no disputado comércio de café. O potencial das montanhas é comprovado em nível mundial, temos que fortalecer isso ”, enfatiza.


Mais café exportado

O agronegócio capixaba fechou o primeiro trimestre do ano com uma receita cambial de US$ 449,3 milhões em produtos exportados. O valor equivale a 677,5 mil toneladas comercializadas para o exterior. Comparando com o mesmo período do ano anterior, o valor e o volume exportados registraram acréscimos de 4,36% e 11,88%, respectivamente.

O acumulado das exportações de café verde nos primeiros três meses de 2015 ultrapassou a marca de 75,8 mil toneladas, um volume 35,15% maior do que o exportado no mesmo período do ano passado. A receita obtida com a venda do produto registrou um aumento ainda maior, de 47%, com uma receita de US$ 161,4 milhões. (*Fonte: Seag).


‘Não existem em outro lugar do Brasil’

Degustadora, barista e dona de uma das melhores cafeterias do mundo, a “Coffee Lab ”, Isabela Raposeiras participou da prova das amostras finalistas do 2º Concurso de Cafés Especiais Fairtrade da Pronova (Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas Capixabas) em 2014. Ela soube do evento em visita às fazendas da região. “Os cafés daqui são incríveis, pois têm alta qualidade. Dentro dos critérios de degustação técnica, eles alcançam notas altas em vários aspectos. Os cafés das montanhas capixabas são peculiares, não existem em outro lugar do Brasil ”, avaliou Raposeiras.

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