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Betina Marques

Colunista Conexão Safra.

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A força da mulher transforma a agricultura orgânica

por Betina Marques

em 20/05/2021 às 16h00

4 min de leitura

A força da mulher transforma a agricultura orgânica

*Fotos: Leandro Fidelis/Arquivo Conexão Safra

Não é à toa que mulher tem nome de mãe. Mulher mãe da terra!” Essa frase pertence a Selene Hammer Tesch, agricultora orgânica há 30 anos, fundadora e presidenta da Amparo Familiar (Associação de Agricultores e Agricultoras de Produção Orgânica Familiar de Santa Maria de Jetibá), revelando a força que tem a mulher agricultora.

Com muita determinação e com o lema “plantar sem matar, comer sem morrer” Selene muda toda a perspectiva local da agricultura de Alto Santo Maria, comunidade tradicional de Santa Maria de Jetibá, e inspira mulheres a seguirem o mesmo caminho, buscando através da agricultura orgânica se tornar mulheres de negócios.

Mãe da terra

Em 1992, a agricultora orgânica não possuía publicidade de benefícios em comparação a contemporaneidade, ainda sendo considerada alternativa no Espírito Santo. Apesar do cenário de incertezas, a agricultora teve força para ir contra os ditames da época e inovar, construindo mudança para sua família e comunidade.

Na época, existia uma epidemia de alergias sem causa e sem cura dos filhos dos agricultores que laboravam com agricultura convencional, ou seja, com utilização de agrotóxicos. Selene, sendo mãe também, preocupada com seus filhos, implementou em sua propriedade a agricultura sem agrotóxicos. Vendo os benefícios que essa ação trouxe a sua família, Selene decidiu que usaria todas as ferramentas para ajudar famílias a ingressarem na agricultura orgânica. Atualmente, já são mais de 145 famílias com certificado de agricultores orgânicos. 

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Nesse aspecto, é válido frisar o papel essencial da mulher na construção da agricultura familiar e do agronegócio: mulher observa de forma atenta ao que dá certo e errado nas plantações, tem o papel de líder, dividindo as tarefas no campo e na colheita. Mulher é gênese da agricultura, um trabalho ímpar. 

“A primeira agricultura surgiu através das mulheres para alimentar seus filhos quando ainda sequer alguém conhecia agricultura. Não é à toa que a mulher tem nome de mãe. Mulher mãe da terra! A mulher pode ser o que ela quiser, ela pode estar onde ela quiser”.

Através disso, Selene é inspiração para outras mulheres que buscam autonomia através da agricultura orgânica, sendo donas do seu próprio negócio.

Falta de reconhecimento

Infelizmente, ainda há falta de reconhecimento no papel desempenhado pela mulher na agricultura orgânica e na sociedade, sendo responsável pela família, educação dos filhos, sendo base de afeto e amor. Por isso, Selene afirma: 

“A valorização das mulheres acontece quando tem o respeito da sua família e dos próximos, mas especialmente quando olhamos no espelho e enxergamos a força que temos e o que podemos fazer”. 

Uma vida dedicada a agricultura orgânica

Na Associação Mães da Terra, fundada por Selene Hammer Tesch, as mulheres têm oportunidade de buscar capacitações e reuniões de trocas de experiências no contexto do agronegócio numa perspectiva feminina. 

Por esse trabalho humanitário, em 2014, a agricultora recebeu o prêmio “Sebrae: Mulher de Negócio” e, em 2015, fez jus ao prêmio “Empreendedora em Destaque: Você Não Esperou o Desafio, Você Construiu a Mudança”.

Com grande orgulho, em 2017 foi nomeada em Brasília com título de Embaixadora da ONU, para a campanha “Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos”, representando toda Região Sudeste. 

Essa é a lição que Selene Hammer Tesch proporciona à sociedade: trabalho dedicado em favor de uma vida digna. 

E para as mulheres: “Siga em frente, você pode, você deve! Viva nós mulheres que somos guerreiras.”

*As autoras são Betina Marques, sócia no BEM ADVOCACIA, escritório especializado em agronegócios; e Jullia Schwanz, graduanda em direito.
 

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