pube

Renata Erler

Colunista Conexão Safra.

MAIS CONTEÚDOS
Colunistas

A China volta às compras. O que muda para o pecuarista?

por Renata Erler

em 27/03/2023 às 9h41

3 min de leitura

A China volta às compras. O que muda para o pecuarista?

desenhado por Dionisio Codama Sao Paulo, Brasil http://aimore.net/index.htm http://aimore.org

Com a comprovação de mais um caso atípico de EEB, finalmente o embargo chinês cai e voltamos às exportações, e mais do que isso, teremos mais seis plantas frigoríficas habilitadas, JBS de Vilhena-RO, Frigon de Jaru-RO, Astra de Cruzeiro D’Oeste-PR, Redentor de Guarantã do Norte-MT, BRF de Marau-RS e a capixaba Frisa, de Colatina.

As plantas já abriram as compras, e o ágio China varia de R$ 30,00 a R$ 40,00 a mais por arroba em relação ao preço do mercado interno. Mas o chinês não aceita qualquer animal, e há exigências a serem atendidas.

Para aproveitar essa oportunidade, o pecuarista precisa preparar os animais a fim de atender o protocolo chinês, que tem como exigência principal a idade, que é avaliada a partir da dentição, sendo o limite quatro dentes permanentes- que para raças zebuínas corresponde a idade de 36 meses- e para taurinos 30 meses. Além disso, o peso mínimo para machos é de 16 arrobas, e para fêmeas, 12 arrobas. Não é exigido acabamento de gordura para os machos, mas as fêmeas precisam ter cobertura de gordura.

pube

É preciso também levar em consideração que, caso algum animal do lote teste positivo para tuberculose, todo o lote é desclassificado. O animal positivo é descartado, e o restante do lote segue para o mercado interno. A ocorrência de tuberculose em bovinos é muito baixa, mas é preciso ter conhecimento das consequências e saber que os animais provenientes de fazendas leiteiras são mais propensos à doença.

Outra mudança importante é que, uma vez habilitado, o frigorífico deixa de abater animais mais velhos, como por exemplo vacas de descarte, touros de descarte, animais acima de 36 meses, ou seja, esses devem ser absorvidos por outras plantas, que terão oportunidade de crescer com o atendimento do mercado interno.

Contudo, para atender esse protocolo é necessário um processo produtivo eficiente capaz de entregar animais jovens e pesados, ou seja, é necessário o investimento em atendimento técnico, genética, nutrição, sanidade, manejo e consequente gestão para organizar tudo isso.

Por exemplo, nos machos, o ganho de peso diário não pode ser menor que 420 gramas para entregar o peso mínimo necessário no limite de idade, que é 36 meses. Ou seja, para reduzir o risco, esse GMD deve ser maior, então será necessário comprar um bom bezerro, trabalhar bem o manejo de pasto e suplementação, o que possivelmente exigirá treinamento de mão de obra e maior desembolso. Então mire nos indicadores corretos e trabalhe os protocolos de medida para ajuste do processo em curso e garantir maiores margens atendendo o protocolo China.

Mais do que nunca a gestão dos recursos com foco nos indicadores que afetam diretamente o lucro será fundamental. E o pecuarista precisa tomar cuidado para não se perder em meio aos mais de 50 indicadores existentes na pecuária e focar nos que mais afetam o negócio, como por exemplo GMD e taxa de lotação e custo da arroba produzida.

Nesse momento, a assistência técnica será fundamental para reduzir os erros, ajustar os processos e juntamente com o pecuarista trilhar o caminho do sucesso.

*A autora é CEO da Go On Agro Consultoria

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!