pube
Anuário do Agro Capixaba

Produção de citros no Espírito Santo em meio a obstáculos e desafios

por Fernanda Zandonadi

em 27/02/2023 às 13h44

4 min de leitura

Produção de citros no Espírito Santo em meio a obstáculos e desafios

*Foto: Wenderson Araújo/Trilux

Resilientes, os citros capixabas esbarraram em muitos obstáculos nos últimos anos. A produção, se não aumentou, ao menos tentou manter-se constante. A laranja passou de 18 mil toneladas em 2020 para 20 mil toneladas em 2021. Os principais produtores do fruto foram Jerônimo Monteiro (13,38%), Pinheiros (10,11%) e Linhares (8,92%). O rendimento médio se mantém em 13 mil quilos por hectare e a área colhida pouco cresceu, passando dos 1,4 mil hectares para 1,5 mil hectares. 

A tangerina teve um movimento decrescente na produção, que passou das 37,9 mil toneladas em 2020 para pouco mais de 30 mil toneladas em 2021, isso com leve aumento de área colhida, que passou de 1.365 para 1.377 hectares. O rendimento médio, portanto, foi menor no último ano, passando de 27,7 mil quilos por hectare para 22 mil quilos por hectare. Domingos Martins se mantém na dianteira da produção, respondendo por 48,15% do que sai dos pomares capixabas. Em seguida, Conceição do Castelo (9,53%), Santa Leopoldina (8,97%), Marechal Floriano (5,83%) e Venda Nova do Imigrante (4,54%).

Já a produção do limão cresceu um pouco de um ano para o outro, passando de 17,2 mil toneladas em 2020 para 19,7 mil toneladas em 2021. A alta se deve à maior área colhida, que passou de 757 hectares para 867 hectares. O rendimento médio, melhor termômetro para avaliar o crescente da cultura, no entanto, ficou praticamente estável, passando de 22,83 mil quilos por hectare para 22,80 mil quilos por hectare. Os maiores produtores do fruto no Espírito Santo são São Mateus, com 22,15% da produção, Linhares (15,85%), Itarana (13,09%), Pinheiros (12,55%) e Jaguaré (2,53%).

Segundo Flávio de Lima Alves, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a área de produção de citros no Espírito Santo, considerando as culturas de laranja, tangerina e limão, soma menos de 5.000 hectares, o que se assemelha à área de produção do início dos anos 1970, quando a população capixaba tinha pouco mais de 1,5 milhão de habitantes. Hoje, já são mais de 4 milhões de habitantes e a área plantada pouco – ou nada – cresceu. 

“Importamos 60% das laranjas que são comercializadas nos supermercados. As laranjas de suco são provenientes de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Sergipe. E o preço do frete, muitas vezes inviabiliza as laranjas nas gôndolas. Se a opção for por laranjas para consumo in natura, como a bahia, lima ou seleta, elas vêm até mesmo do Uruguai, Espanha ou, mais perto, do Rio Grande do Sul. O resultado é o preço para o consumidor final que, neste ano, superou os R$ 10 o quilo”, explica o pesquisador.

 

A guerra lá impacta aqui

 

No Litoral Norte, onde o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) mantém alguns experimentos, os produtores deixaram de adubar, por fertirrigação, os pomares de laranjas de suco, das cultivares pêra, natal e valência, e os pomares de limão Tahiti, explica Flávio de Lima Alves.

“O motivo foi o preço dos adubos especiais para fertirrigação. Eles encareceram muito com a crise internacional causada pela guerra envolvendo Rússia e Ucrânia. Assim, alguns produtores optaram por adubos convencionais simples, outros, por adubos concentrados de liberação lenta, que necessitam de uma quantidade mínima de umidade no solo para serem absorvidos pelas plantas”, diz Alves, acrescentando que, com a seca que ultrapassou 2021 e se estendeu por quase todo o ano de 2022, ocorreram perdas de 30% a 40% dos pomares adultos, que são as plantas mais vigorosas.

O manejo de pragas e doenças também se complicou em 2022, por conta do preço dos defensivos. “Observamos desequilíbrio em uma das principais pragas do citros, que é o ácaro da falsa ferrugem, aquele que deixa as frutas cítricas com manchas escuras na casca pela oxidação do óleo essencial que se rompe das glândulas da casca dos frutos, por conta da ação do ácaro”. 

CLIQUE AQUI E ACESSE O ANUÁRIO DO AGRONEGÓCIO CAPIXABA

DA MESMA SÉRIE

- Ácaros e substrato: pesquisas vão alavancar a produção de morango- Desafios na produção de gengibre no ES: perspectivas e soluções- Piscicultura capixaba cresce com projetos inovadores- Criação de camarão da Malásia no ES: desafios e potencialidades- Aracruz se consolida como maior produtor de mel do Espírito Santo- Baunilha: uma fonte alternativa de renda para agricultura familiar- Cultivo de pimenta-do-reino no Espírito Santo: crescimento e desafios- Produção de tomate em estufas aumenta e traz benefícios no ES

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!