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Inhame: cultura sólida, constante e que gera inovação

por Fernanda Zandonadi

em 10/02/2022 às 10h31

3 min de leitura

Inhame: cultura sólida, constante e que gera inovação

Foto: Pixabay

Tradicional nos pratos dos brasileiros, o inhame vai além do ensopado, do purê e das sopas. É tecnologia de ponta em prol da sustentabilidade. Um exemplo é um projeto desenvolvido por uma aluna da Escola Estadual Culto à Ciência, de Campinas (SP) que projetou um canudo biodegradável à base de inhame e gelatina. O composto se degrada após 20 minutos imerso em líquidos e é uma ótima notícia para o meio ambiente. Afinal, quem nunca viu a foto da tartaruga com um canudo plástico encravado no nariz? 

Seja para usos diversos, seja como alimento, o inhame capixaba mostra sinais de que, cada vez mais, se consolida como cultura importante no Espírito Santo. Em 2020, mais de 95,4 mil toneladas saíram dos campos capixabas. A área colhida permanece constante, um pouco acima dos 3,4 mil hectares. O rendimento médio também se mostrou reto, com 27,9 mil quilos por hectare. A área ocupada e a quantidade produzida colocam o inhame entre as quatro principais culturas hortícolas produzidas nas terras capixabas.

“O mercado está muito bom. Na pandemia, várias atividades agrícolas tiveram dificuldade com transporte e comercialização. Mas os que tinham contratos, venderam com mais facilidade. Os que dependeram de atravessadores, viveram momentos mais difíceis. O inhame teve uma pequena queda de produção no início de 2021, mas voltou a aquecer agora. A produção deste ano deve seguir os números de 2020”, explica João Medeiros, extensionista do Incaper de Alfredo Chaves, município maior produtor do Espírito Santo.

“O mercado agrícola está abrindo novamente agora. Então, não dá para investir sem a certeza do que vai acontecer. Por isso a produção deve ficar igual a do ano passado”, avalia. 

E isso é algo a se comemorar. O Espírito Santo é o maior produtor do tubérculo do Brasil e tem como municípios mais representativos Alfredo Chaves, Laranja da Terra, Marechal Floriano, Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina.

Os preços, segundo Medeiros, têm acompanhado a alta dos insumos. O que parece caro ao consumidor final, destaca, é equivalente aos custos do homem no campo. “Muitos acham que está caro, mas o preço está equivalente. Tivemos alta nos defensivos e adubos químicos. Claro, isso também limitou a produção. Já sentimos também a crise mundial dos fertilizantes”, ressalta. 

Desafios na produção

Um novo fungo que acomete o inhame e a samambaia preta foi encontrado pela primeira vez no Brasil por pesquisadores do Incaper. O fungo, classificado como Dematophora bunodes, causa podridão mole da raiz, além de uma rápida murcha e morte da planta. A descoberta inédita foi realizada pelos pesquisadores do Incaper, Hélcio Costa e Inorbert de Melo, em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e divulgada no primeiro semestre de 2021.

“O produtor deve ficar atento a mais esses sintomas. Caso ele suspeite que a lavoura pode ter sido infectada pelo fungo, pode levar o tubérculo ou a planta afetada para os escritórios do Incaper ou para o Centro de Pesquisa Serrano, para que possamos fazer a avaliação”, orientou Inorbert de Melo, na ocasião.

A detecção de Dematophora bunodes no Estado foi feita no município de Venda Nova do Imigrante e, desde julho de 2015, trabalhos taxonômicos clássicos e moleculares foram desenvolvidos para a confirmação do patógeno. 

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