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Anuário 2021

Os anos dourados dos cafés capixabas

por Fernanda Zandonadi

em 18/03/2022 às 14h07

4 min de leitura

Os anos dourados dos cafés capixabas

Foto: Leandro Fidelis

Os cafés do Espírito Santo experimentam um ciclo de prosperidade com produtividade e produção em alta, além de qualidade acima da média

Premiados e produtivos. Os cafés capixabas experimentam anos dourados. Em 2021, o conilon teve a maior safra de sua série histórica, iniciada em 2001. Saíram das lavouras capixabas 11,2 milhões de sacas de robusta, o dobro do colhido há 20 anos, quando a produção foi de 5,6 milhões de sacas. Os municípios maiores produtores do Estado são Rio Bananal, que responde por 7,07% da produção capixaba, seguido de Linhares (6,12%) e Vila Valério (5,61%).

Já o arábica viu seu ápice em 2020, com 4,765 milhões de sacas colhidas, mais do que o dobro das 1,9 milhão de sacas colhidas em 2001. E, 2021 só não foi de novo recorde por conta da chamada bienalidade que é, resumidamente, o fato de a planta ter a produtividade alta em um ano e, no seguinte, apresentar queda por conta da necessidade da recomposição do vegetal. Iúna encabeça a lista dos maiores produtores do Estado, respondendo por 13,57% da produção em 2020.

Os bons números não são para menos. No Espírito Santo, se encontra a maior área destinada ao café conilon do país, com 273,7 mil hectares, seguido por Rondônia, com 69,2 mil hectares e Bahia, com 41,9 mil hectares. O Estado é o maior produtor de conilon do Brasil e produziu, em 2021, 68,9% do volume total de grãos do país. 

De acordo com o superintendente Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)no Espírito Santo, Kerley Mesquita de Souza, esse grande aumento na produção de conilon é por conta da variação das lavouras novas. “Além disso, os produtores estão usando materiais genéticos melhores e o clima ajudou muito. O Norte do Espírito Santo permanece como o maior produtor e a região vem se recuperando de forma eficiente da seca de 2015 e 2016”, avalia. 

Mesmo com muito café no mercado – o que, teoricamente baixaria valor de venda, por conta da lei de oferta e demanda – a boa notícia é que os preços estão ajudando, e muito, o cafeicultor. O conilon saiu de R$ 412 a saca em outubro de 2020 e foi para cerca de R$ 800 em dezembro de 2021, um aumento de 100% em pouco mais de um ano. No entanto, nem tudo é positivo. Os insumos também tiveram alta, o que minou um pouco os ganhos. 

“Alguns adubos até dobraram de preço ou até mais, devido à crise energética na China. Como houve queda na produção da China do glifosato, derivado do fósforo amarelo, o insumo subiu de preço. Além disso, houve a volta da demanda do mundo por esses produtos. A demanda aumentou e a produção não conseguiu equilibrar”, avalia o superintendente. 

Mas o bom trabalho feito nos campos valeu a pena. Para dar uma ideia da produtividade dos cafés capixabas, em 2008 cada hectare rendia 25 sacas de conilon. Em 2021, esse número passou para 45 sacas. “Isso mostra a eficiência do produtor, que faz mais em uma área menor. É sustentabilidade e tecnologia. É o trabalho dos órgãos de pesquisa e apoio, além de universidades, e claro, do produtor. É uma equação em que todos ganham. Produzindo mais em uma área menor, o cafeicultor pode aumentar sua área de reserva legal ou buscar outras culturas para sua propriedade”. 

O arábica, mesmo em ano de produção menor, também é um vencedor. Em 2021, foram 2,9 milhões de sacas, queda de 38,2% em relação ao ano passado (o melhor ano da série histórica). “De certa forma, o preço da saca compensou essa queda. O arábica tipo 6 passou de R$ 491 em outubro de 2020 para cerca de R$ 1,3 mil em dezembro de 2021. Foi uma alta grande. Os insumos também subiram para essa cultura, uma alta considerável e quase dobrou de preço”.

 

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