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A pecuária capixaba conquista arrobas de tecnologia e sustentabilidade

O uso da tecnologia e dos novos conhecimentos têm motivos financeiros. Primeiro, o custo da terra, que está aumentando no Espírito Santo. Na prática, com áreas mais caras, é preciso usar o espaço da forma o mais eficiente possível

por Fernanda Zandonadi

em 21/01/2022 às 17h38

4 min de leitura

A pecuária capixaba conquista arrobas de tecnologia e sustentabilidade

Foto: Leandro Fidelis

A tecnologia tem andado lado a lado com a pecuária capixaba nos últimos anos.  Se a seca de 2016 e 2017 causou uma debandada da atividade, os que apostaram no segmento viram nas boas práticas agrícolas a saída para manter a boa produtividade sem aumentar o rebanho.

Em 2020 e 2021, ocorreu uma espécie de migração, conta a consultora em pecuária e diretora da Associação Brasileira de Zootecnia, Renata Erler. “Antes, tínhamos uma pecuária de leite extensiva, ou seja, quando não há manejo adequado da pastagem. E, desde 2020, há uma pecuária mais intensiva, com tecnologia, piquete rotacionado, adubação de pastagem e suplementação do gado. Além disso, as vacas têm uma genética melhor e produzem mais. Hoje, o produtor, ao invés de ter 100 vacas produzindo oito litros de leite cada, prefere ter 30 ou 40 produzindo mais leite. É a redução do rebanho, mas com melhoria do animal”, explica.

“Na prática, o caminho mais rentável para a pecuária é o da sustentabilidade”, avalia Renata Erler (Foto: arquivo pessoal)

O uso da tecnologia e dos novos conhecimentos têm motivos financeiros. Primeiro, o custo da terra, que está aumentando no Espírito Santo. Na prática, com áreas mais caras, é preciso usar o espaço da forma o mais eficiente possível.

“E se a pecuária não remunerar, ela pode perder espaço para a agricultura. Temos terras férteis, mas o Estado é pequeno. Então, o uso da tecnologia é o único caminho para a pecuária no Espírito Santo hoje”, avalia Renata. 

Mesmo a queda na produção de leite em 2020 não significa que o processo estagnou. Em 2019, foram produzidos mais de 415,5 milhões de litros e, em 2020, cerca de 392,4 milhões de litros de leite. Isso, segundo a consultora, é reflexo de um processo de bom manejo que ainda está sendo implantado nas terras capixabas. “Temos de observar que atualmente praticamente metade do rebanho entrega quase a mesma quantidade de leite”, diz, comparando numa planilha mais ampla, os 483 milhões de litros entregues por 420 mil vacas ordenhadas em 2014, com os 392 milhões de litros retirados de 244 mil vacas em 2020.

Pecuária de corte

A pecuária de corte segue o mesmo rumo. Se comparado o número de cabeças abatidas e o peso dos animais, explica, é possível ver a diferença que o manejo planejado causou. “Hoje, entregamos o mesmo número de cabeças, mas com peso maior. A qualidade da carcaça também é superior. Antes, entregávamos animais de 16 arrobas, sem acabamento de gordura, em cinco anos. Atualmente, entregamos animais de 20 a 22 arrobas, com acabamento de gordura, entre 18 meses e dois anos de idade”.

Cuidar do meio ambiente é rentável

A sustentabilidade é um ponto importante nessa equação. Na indústria, quando é cobrado esse compromisso com o meio ambiente e com boas práticas, é preciso “gastar” dinheiro na implantação. Vira um custo sem um retorno direto ou imediato. Quando se fala em pecuária, no entanto, a história muda: quanto mais sustentável, mais dinheiro no bolso do pecuarista.

Foto: Leandro Fidelis

“A pecuária cuida do meio ambiente. O melhor manejo do pasto, o sequestro de carbono, cuidado com mananciais e nascentes, tudo se converte em mais receita para o produtor, já que o gado terá água e alimento de qualidade. Na prática, o caminho mais rentável para a pecuária é o da sustentabilidade”. Renata Erler dá um exemplo: “uma vaca consome 150 litros de água por dia. Então, para manter os animais hidratados e saudáveis, tem de cuidar das águas da propriedade”.

E a consultora vai além e considera o momento atual um divisor de águas. “Há dois modelos mentais. Há o produtor que busca custo mínimo, aquele que não quer investir em nada. A tendência é que esse saia da atividade. O outro modelo mental é o lucro máximo. Esse pecuarista sabe que precisa investir para o negócio acontecer, e ele investe em tecnologia, estudo, manejo e mão de obra. Esse sim vai ficar na atividade”, finaliza.

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