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Pecuária leiteira

Produção de leite no Brasil está caminhando para redução no segundo trimestre

por Sociedade Nacional de Agricultura

em 18/05/2020 às 13h11

3 min de leitura

Produção de leite no Brasil está caminhando para redução no segundo trimestre

(Foto: *Pixabay)

Relatório publicado esta semana pelo Rabobank, destacando os impactos do Coronavírus sobre a produção global de leite, revelou que o aumento significativo nos custos de alimentação, devido ao real mais fraco, colocou pressão adicional nas margens do produtor de leite no segundo trimestre de 2020.

Como o real se desvalorizou em cerca de 30% desde o início do ano, os custos de milho e farelo de soja em moeda local cresceram de forma considerável, pois os preços domésticos de grãos estão fortemente correlacionados aos preços de exportação em dólar. Isso resultou no aumento do preço do milho e da farinha de soja em 60% e 30%, respectivamente, nos últimos 12 meses.

Ao mesmo tempo, os preços do leite estão diminuindo. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os valores líquidos do leite para fazenda foram de R$ 1,45/litro em março de 2020, comparados a R$ 1,48/litro em março de 2019. A preços atuais, muitos agricultores estão lutando para obter margens positivas nas principais regiões, o que resulta em menor uso de alimentos e redução de rebanho.

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Após um declínio estimado de 1% no quarto trimestre de 2019 em relação ao ano anterior, é provável que a produção tenha diminuído em pelo menos 1% em relação a 2019 no primeiro trimestre de 2020 e está a caminho de novos declínios no segundo trimestre. As margens mais baixas continuam a ser um problema para os agricultores, e alguns processadores estão incentivando uma produção menor em algumas regiões.

A falta de chuva no sul do Brasil causou atrasos no crescimento da forragem, o que afetará a produção no meio do ano. Tradicionalmente, a região sul do Brasil aumenta a produção de leite de maio a julho, no entanto, este ano, o aumento da produção será adiado e menor, pois o tempo seco pressionou o crescimento da forragem

O impacto da pandemia no consumo de alimentos e bebidas será muito significativo no primeiro e segundo trimestre, com medidas de distanciamento social em todo o Brasil e efeitos duradouros nos níveis de consumo, dependendo do aumento do desemprego e da gravidade da recessão futura.

O Sebrae informou que até 600.000 pequenas empresas fecharam de forma permanente ou temporária no início de abril, o que pode significar um risco de nove milhões de empregos.

As empresas de laticínios registraram aumento nas vendas de alguns produtos como mussarela, queijo prato e leite UHT, já que os consumidores aumentaram de forma significativa suas compras de produtos básicos em antecipação ao período de quarentena. As linhas de produtos mais caros, como iogurtes, sobremesas e queijo importado, caíram nas últimas semanas.

As vendas de produtos para redes de food service caíram entre 70% e 90%, de acordo com as empresas entrevistadas pelo Rabobank, já que os restaurantes limitam a maior parte de seus negócios a entregas e reduziram seus estoques a um mínimo. As importações de laticínios caíram 30% até agora em 2020, enquanto as exportações aumentaram 16%, em parte como consequência de um dólar mais forte.

Analistas afirmam que é necessário um decréscimo anual de 2% na produção de leite em 2020 para equilibrar a oferta e a demanda, dada a contração esperada na demanda doméstica e as importações mais baixas.

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