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Por José Braz Matiello e Iran B. Ferreira, engenheiros agrônomos da Fundação Procafé e C. Landi engenheiro agrônomo FSH
As lavouras de café conilon são, normalmente, cultivadas em regiões de baixa altitude, de clima quente e seco, como ocorre nas áreas do Norte do Espirito Santo, Sul da Bahia , Vale do Rio Doce em Minas Gerais e em Rondônia. Mas, ultimamente, o interesse no plantio do conilon vem se expandindo para outras regiões, como alternativa para condições de zonas mais frias, porém secas e para as áreas de arábica onde tem sido difícil produzir cafés de boa bebida.
Tanto nas regiões quentes como nas frias, nas duas condições, têm sido observadas dificuldades para o pegamento e desenvolvimento inicial das mudas de conilon no campo, especialmente aquelas de origem de estacas, as mudas clonais. As pesquisas e a prática mostram que, para o sucesso inicial da lavoura, é quase imprescindível fazer uma proteção com sombra no pós-plantio. Pode-se ver os resultados, sobre o efeito da proteção, em trabalho de pesquisa cujos dados constam do quadro 1. Verifica-se que o melhor desempenho no plantio, seja na percentagem de pegamento, seja no crescimento das mudas, esteve relacionado ao tratamento com o sistema de proteção pelo sistema de sombra mais efetivo, no caso através de lascas de bambu. Várias outras pesquisas, em diferentes regiões, confirmam isso.
A proteção é necessária tendo em vista que as mudas novas de conilon parecem ser mais susceptíveis à insolação, indicando que elas não conseguem um bom nível de fotossíntese com luz solar direta. Em consequência, transferem menos reservas às raízes e estas, enfraquecidas, não suprem adequadamente a parte aérea e, assim, se fecha o ciclo problemático. Também no frio, as plantas de conilon são mais sensíveis e muito prejudicadas pelo vento.
Para a proteção das mudas são mais utilizados pedaços de folhas de palmeiras, fincados de um ou dois lados da muda plantada, observando o caminhamento do sol, para melhor proteção. Ultimamente foi adaptado o uso de colmos de bambu gigante rachado e até, diante da dificuldade de obter estes materiais vegetais, vem sendo usados em alguns plantios pequenos pedaços de TNT. No caso das folhas de palmeiras, além do elevado custo do corte e transporte na maioria dos casos a longas distâncias, existe o problema ambiental, pois o material, mais comumente, é oriundo de palmeiras nativas.
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Na proteção de sombra em plantios de mudas de café conilon são utilizados materiais como colmos de bambu partidos e fincados no solo,
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Também podem ser usados pedaços de folhas de palmeira
Um novo tipo de proteção, a custo mais baixo e que parece bem adequado, foi idealizado e testado, recentemente, em duas áreas piloto de café conilon, no Sul de Minas, na Fazenda Experimental de Varginha e na Fazenda Santa Helena, em Areado. Trata-se do uso de folhas de bananeira como material de sombra. Para isso, pequenas estacas de bambu comum são fincadas ao longo da linha de plantas, ficando distantes a cada 5-6 m e com altura de cerca de 30cm.
Sobre essas estacas coloca-se na horizontal, varas de bambu rachado ao meio, sendo fixadas nas estacas. Em seguida, apenas sobre as mudas, são colocados um- dois pedaços de folhas de bananeira, de forma que eles fiquem apoiados na vara de bambu e passe pro outro lado, sendo que nas pontas da folha de bananeira, junto ao chão, coloca-se um pouco de terra para fixação, evitando sua retirada pelo vento. Essa proteção fica no campo, por cerca de 3-4 meses e na medida em que as folhas de bananeira vão secando e diminuindo sua sombra, elas vão proporcionando uma ambientação natural das mudas de café no campo, agora já adaptadas, pelo melhor equilíbrio folhas/raízes.
Indica-se, ainda, acoplar este tipo de proteção ao plantio profundo, deixando o local de colocação da muda na cova ou sulco, com uns 10 cm de fundura abaixo do nível do solo, a muda tendo sua posição do colo mantida na superfície.
Quatro 1- Pegamento de mudas e altura das plantas do ensaio de tipos de proteção no pós-plantio de conilon, Varginha (MG), 2010.
Fonte &ndash, Matiello, Almeida, Ferreira I e Ferreiria R. In Anais do 36º CBPC, Fundação Procafé, 2010, p. 51.
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Vista do jardim clonal da cultivar Colatina de conilon, com plantio protegido no sistema de folhas de bananeira, na Fazenda Experimental de Varginha.
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Na Fazenda Santa Helena (Areado-MG), detalhe da proteção. Já com dois meses de idade, a primeira planta protegida e já desenvolvida, enquanto a segunda, sem sombra de folhas bananeira, com fraco desenvolvimento, apesar da irrigação.
Fonte: Café Point
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