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Projeto de Melhoramento Genético desenvolve cultivares resistentes às raças do Fusarium oxysporum

por Redação Conexão Safra

em 27/04/2016 às 0h00

4 min de leitura

Projeto de Melhoramento Genético desenvolve cultivares resistentes às raças do Fusarium oxysporum

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Para o desenvolvimento de uma nova cultivar de hortaliça, um dos fatores mais importantes, e que deve ser levado em conta, é a incorporação de resistência a diversos patógenos. Na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) essa sempre foi uma premissa básica nos projetos de Melhoramento Genético. Com o fungo de solo Fusarium oxysporum não foi diferente – desenvolver cultivares de tomate com resistência às raças 1 e 2 de F. oxysporum f. sp. lycopersici sempre esteve nas linhas gerais dos projetos de melhoramento de tomate. Essa era a situação até 2005, quando a raça 3, uma nova variante do patógeno capaz de atacar as cultivares resistentes às raças 1 e 2, foi registrada no Brasil.

A partir desse registro, foram realizadas buscas por fontes de resistência e o consequente desenvolvimento de linhagens resistentes à nova raça, e que já contabiliza uma vitória: o desenvolvimento do BRS Imigrante, híbrido tipo salada, que combina alto rendimento com a resistência às três raças do fungo, além do begomovírus, e que foi lançado pela Embrapa Hortaliças em 2014.

De acordo com o pesquisador Ailton Reis, coordenador dos trabalhos, o fungo F. oxysporum ataca várias culturas, a partir de sua característica de assumir diversas formas (formae speciales), apontadas como varientes do patógeno capazes de atacar diferentes grupos de plantas, a exemplo do F. oxysporum f. sp. lycopersici, que ataca o tomate. Segundo ele, apesar do sucesso obtido com o desenvolvimento da cultivar BRS Imigrante, “”com boa aceitação, principalmente no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, onde os tomaticultores sofrem grandes perdas devido ao ataque desse fungo, os problemas com o patógeno continuam na ordem do dia””.

A raça 3, por exemplo, tem se espalhado pela Rigião Sudeste, chegou à Região Nordeste (Bahia) e, recentemente, foi detectada em tomate de mesa nas regiões do Cerrado de Goiás e de Minas Gerais. “”É um cenário preocupante, pois o patógeno agora passa a ser uma ameaça a mais para os plantios de tomate indústria, que se localizam principalmente nos cerrados paulista, mineiro e goiano””, assinala o pesquisador, para quem a situação demanda um esforço ainda maior no desenvolvimento de novas cultivares resistentes.

Alface

Os trabalhos de pesquisa com o fungo não têm como único foco o desenvolvimento de tomates resistentes ao F. oxysporum f. sp. lycopersici. Esforços também têm sido despendidos contra a presença de outra variante do patógeno, a raça 1 do F. oxysporum f. sp. lactucae, que vem provocando severos danos à cultura da alface nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, o que demonstra a sua versatilidade. “”O fungo que ataca o tomate é diferente daquele que afeta a alface (formae speciales diferentes)””, sublinha Reis.

O F. oxysporum f. sp. lactucae foi detectado inicialmente no Brasil, em 2007, pelos pesquisadores do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa) o que motivou a formação de uma parceria envolvendo a instituição do Espírito Santo e a Sakata Seeds Sudamérica. Com os parceiros, a Embrapa Hortaliças realizou um levantamento da ocorrência de raças do patóeno no Brasil, quando foi identificada apenas a raça 1, “”apesar de no Japão já ter sido detectada as três raças do patógeno””. Na esteira dessa identificação foram buscadas, então, novas fontes de resistência à raça 1 de F. oxysporum f. sp. lactucae no banco de germoplasma de alface.

“”Os resultados foram bastante promissores, sendo identificadas fontes de resistência nos principais tipos de alface (crespa, americana e lisa). Desenvolvemos materiais resistentes de alface, dos quais três devem ser lançados este ano e um deles, especificamente, apresentou resistência a essa espécie de Fusarium””, assinala Reis.

Marcadores moleculares

Os trabalhos prosseguem, agora incorporando outras ferramentas. O grupo de pesquisa vem se debruçando sobre o desenvolvimento de marcadores moleculares ligado à virulência do patógeno e à resistência genética das plantas. De acordo com o pesquisador, com esses novos componentes a identificação das raças do fungo contam com uma boa perspectiva de aceleração, facilitada pelos marcadores específicos para as três raças de F. oxysporum f. sp. lycopersici e para a raça 1 de F. oxysporum f. sp. lactucae. “”Com o marcador, o processo de identificação de raças leva no máximo duas semanas, contra dois meses sem o seu uso””, sintetiza o pesquisador.

Fonte: Incaper

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