Café: Com clima irregular, safra 2016/17 do Espírito Santo ainda é dúvida entre entidades do estado
por Redação Conexão Safra
em 17/02/2016 às 0h00
4 min de leitura
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A safra 2016/17 de café do Espírito Santo segue uma incógnita até mesmo para as entidades do estado. Em 2015, as plantações capixabas enfrentaram uma das maiores secas dos últimos 50 anos, o que impactou a produção agrícola de diversos setores, inclusive o de alimentos básicos. Mas no caso do café a situação é mais preocupante, o estado é o principal produtor da variedade robusta no país, com área plantada de quase 300 mil hectares.
Em uma medida preventiva, em meio ao risco de desabastecimento, o Governo do estado priorizou o consumo humano e proibiu a irrigação das lavouras em algumas cidades no ano passado. Cerca de 80% das plantações de café robusta do Espírito Santo utilizam sistemas de irrigação. Mesmo com a melhora nas condições climáticas nas últimas semanas, as restrições seguem em alguns municípios.
“”O cinturão produtivo do estado até recebeu algumas chuvas recentemente, o que acaba empolgando os produtores. No entanto, o cenário ainda é ruim””, afirma o chefe da área de planejamento do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), Luciano Oliveira.
Na região de abrangência da Cooabriel (Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel), em São Gabriel da Palha (ES), noroeste do estado, algumas lavouras de robusta devem ter produção zero nesta safra. “”Registramos anualmente uma média de 1200 a 1400 milímetros de chuva. No entanto, em 2015 foram apenas 500 milímetros. Além disso, também tivemos problemas com pragas e isso pode comprometer bastante a produção, mas ainda não sabemos ao certo as perdas porque temos esperança de que algumas lavouras mais novas possam cobrir a quebra””, diz o engenheiro agrônomo da Cooabriel, Edmilson Calegari.
Lavoura de café prejudicada pela forte seca na cidade de Rio Bananal (ES)
A cafeicultura é um dos setores mais importantes da agropecuária do Espírito Santo e responde por 37,6% do VBPA (Valor Bruto da Produção Agropecuária Capixaba). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção de arábica e robusta em 2015 teve queda de 22,9% no estado e a área colhida teve redução de 0,2%.
A Federação da Agricultura do Espírito Santo contesta esses dados. “”Se fosse 22%, seria menos pior, mas na verdade é maior. O café conilon, que produz em torno de 9 ou 9,5 milhões de sacas, perdeu até 50%. E o arábica perdeu 30% na safra passada. Com o comprometimento da florada recente, já esta comprometida a próxima florada ”, explicou o presidente da Federação da Agricultura no Espírito Santo, Júlio Rocha ao site G1-Espírito Santo.
De acordo com o Incaper, a estimativa para a safra 2016/17 realizada pelo IBGE no estado aponta para uma leve alta de 7,3% na produção de robusta por conta de um aumento na produtividade por área. Já a Conab, estima uma quebra de 1% na safra da variedade em relação a 2015 devido à redução de áreas plantadas. “”Ainda assim, somando as variedades arábica e robusta, o Espírito Santo deve ter um aumento na produção em relação ao ano passado””, afirma Luciano Oliveira.
De acordo com o produtor de café de Vargem Alta (ES), Amarildo José Sartori, as plantações de arábica (pouco mais de 150 mil hectares no estado) também sofrem com a falta de chuvas. Ele destaca que as floradas foram espaçadas e os grãos estão em diferentes estágios de desenvolvimento. “”Uns estão mais adiantados, enquanto que outros são pequenos. A falta de tratos culturais no momento correto prejudica o desenvolvimento e o enchimento dos grãos. Mas ainda é prematuro fazer qualquer perspectiva em relação à colheita””, afirma.
Alguns produtores reduziram o parque cafeeiro e estão, inclusive, introduzindo outras culturas características de montanha como o abacate. “”Essa mudança, consequentemente, diminui o volume de safra que poderia ser colhida caso todas as lavouras estivessem em franca produção. Também é preciso destacar que ano passado tivemos perdas em função do clima adverso. A falta de chuvas e o sol forte comprometeram a qualidade dos grãos””, pondera Sartori.
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas
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