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Floricultura

Primavera do empreendedorismo nas floriculturas das montanhas capixabas

por Leandro Fidelis

em 26/10/2022 às 7h00

4 min de leitura

Primavera do empreendedorismo nas floriculturas das montanhas capixabas

A floricultora Danieli Beccalli Covre, de Itarana, comprou uma Kombi, ano 1976, para um projeto bem criativo: a “Floricultura Móvel”. (*Fotos: Fernanda Uhlig/Divulgação)

A floricultura foi a atividade do agro mais impactada pela pandemia. Em 2020, o cancelamento dos eventos sociais, principal mercado das flores ornamentais, levou os produtores de flores de corte ao desespero. Teve gente que trocou de profissão, migrou para cultivo de plantas em vaso ou até mesmo foi além na arte de empreender.

A floricultora Danieli Beccalli Covre, de Itarana, é uma dessas. No auge da crise sanitária, foi obrigada a parar com a produção de flores de corte. Apostou nos vasos, mas ainda assim as coisas continuavam mal. Foi aí que teve a ideia de comprar uma Kombi, ano 1976, para um projeto bem criativo: a “Floricultura Móvel”.

Danieli estaciona o carro em algum ponto da região, que fica aberto com suculentas, petúnias, rosa do deserto, gazanias, samambaias, vincas e dracenas. Do lado de fora da Kombi, ela deixa uma plaquinha com o a chave do Pix e se ausenta para estimular o interesse dos clientes e, claro, a honestidade. A repercussão nas redes sociais é o termômetro do negócio. “Meu objetivo era empreender com novidades. O mercado sempre busca novidades, daí investi nessa inovação”, conta.

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A floricultora também deixa na Kombi um caderno explicando quem é e com espaço para mensagens dos clientes. Ela diz ter recebido vários recadinhos que a emocionaram e “não a deixaram desistir do projeto. Para mim é uma experiência ímpar. Rendeu popularidade e visibilidade maior ao meu trabalho. No primeiro momento, as pessoas me chamavam de doida, mas preferi arriscar. A Floricultura Móvel foi e ainda vai ser sucesso”.

Danieli estaciona o carro em algum ponto da região, que fica aberto com suculentas, petúnias, rosa do deserto, gazanias, samambaias, vincas e dracenas.

Segundo Danieli, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES) sugeriu a ela divulgar o projeto em outras cidades. Além de Itarana, Danieli já levou a Kombi para a Rua de Lazer em Santa Teresa e na Feira Sabores, em Vitória. Recentemente, surgiram convites para levar a “Floricultura Móvel” para Itaguaçu e Santa Maria de Jetibá.

A floricultura disse acreditar no seu potencial de vender as flores que cultiva para onde quer que vá e já pensa até em alugar o carro e as plantas como possibilidade de mercado no futuro. “Melhor do que ficar em casa, né? A Kombi cabe em qualquer lugar, estou pensando em formas de ganhar dinheiro. Se não vendo, alugo”, diz.

Outra empreendedora de destaque é Cláudia Neimog, da “Cláudia Flores” (Laranja da Terra), com comércio de begônias e petúnias em vaso. A produtora conta que começou do zero na atividade, mas a capacitação do Sebrae/ES iniciada em janeiro e participação nos cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-ES) deram o “gás” necessário para fazê-la enxergar novos horizontes.

“A assistência técnica nas estufas me fizeram acordar para a realidade, me indicar o que deveria fazer para melhorar e em coisas pequenas, como fazer um vaso cheio, bonito. Eu não tinha muita noção antes”, relata Cláudia.

*Foto: Leandro Fidelis/Conexão Safra

Além das capacitações, a floricultora afirma que participar da 27ª edição da Hortitec- Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, em junho, em Holambra (SP) foi um divisor de águas na sua vida. Ela foi ao evento juntamente com outros 45 floricultores capixabas em uma missão do Sebrae em parceria com o Senar.

“Vi todos os problemas que os paulistas passam lá comuns a nós aqui no Espírito Santo, nas devidas proporções. Isso só veio a acrescentar para a visão do meu negócio, porque a vontade era derrubar tudo em casa e começar do zero. Participar do evento me impulsionou a ter coragem e não desistir de investir”, diz Cláudia Neimog.

Em setembro, a floricultora marcou presença no Espaço Flores (Sebrae), organizado pelo Sebrae na RuralturES, onde ampliou a rede de contatos. “Foi minha experiência de saber o que as pessoas mais gostam. Importante eu ter participado, conhecer diversas pessoas, não somente o cliente que estou acostumada a atender”.

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