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Feiras Agroecológicas

Circuito de feiras agroecológicas e orgânicas no interior DO ES

Sucesso na capital, as feiras funcionarão também no interior, em Guarapari, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e Colatina.

por Redação Conexão Safra

em 22/06/2017 às 0h00

6 min de leitura

Circuito de feiras agroecológicas e orgânicas no interior DO ES

Consumir alimentos cultivados e produzidos sem o uso de agroquímicos tem se tornado uma prioridade para muitos brasileiros em busca de mais qualidade de vida. Assim, a demanda por produtos orgânicos cresce na medida em que também cresce a escolha dos agricultores por esse tipo de sistema.


No Espírito Santo, para incentivar ainda mais essa opção, as instituições públicas federais e estaduais ligadas à agricultura têm ampliado os canais de comercialização por meio de feiras, tanto para os produtores já certificados como para os que estão em processo de certificação, ação que pode levar cerca de dois anos.


As chamadas Feiras Agroecológicas acontecem em shoppings da Grande Vitória – formada pelos municípios de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e a capital capixaba – com a participação de agricultores familiares oriundos de todas as partes do Estado e fazem parte do Programa de Fortalecimento da Agricultura Orgânica, coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG).


Entre os alimentos vendidos estão frutas como banana, morango, coco, mamão, jabuticaba, além de hortaliças de todos os tipos, grãos, legumes e até mesmo produtos da agroindústria como pães, bolos, biscoitos, iogurtes e geleias.


O delegado Federal de Desenvolvimento Agrário do Espírito Santo, Aureliano Nogueira da Costa, que representa a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) no estado, explica que os produtos agroecológicos são aqueles cultivados sem o uso de agrotóxico, dentro de um processo de transição do sistema convencional para o orgânico. Costa ainda reforça que o conceito da agroecologia é maior do que a ideia do orgânico e que os produtores das feiras são orientados e acompanhados por técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) quanto às boas práticas de produção e a outras ações sustentáveis.


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“A agroecologia é a ciência. Quem adere a ela trabalha a proteção das nascentes, a conservação dos solos, a produção diversificada, como uma alface que cresce ao lado de uma couve e de outras coisas que dão equilíbrio ao sistema. É todo o processo sustentável, que também engloba a não utilização de agrotóxicos. Assim nós garantimos a qualidade de vida dos produtores e também dos consumidores, que nessas feiras têm a oportunidade de conhecer de perto quem produz mais de 70% dos alimentos que vão para as mesas dos brasileiros: o agricultor familiar ”, explica.


Certificação


A certificação dos produtores orgânicos no Espírito Santo acontece por meio da auditoria de uma certificadora (pública ou privada) ou por meio de uma Organização Controle Social (OCS) submetida a uma comissão composta por instituições ligadas à agricultura, um processo que leva em torno de um a dois anos. Nesse período, é comum agricultores que ainda não conseguiram o selo de orgânico venderem seus alimentos como produtos convencionais.


Segundo dados da SEAG, no Espírito Santo, 300 produtores rurais já possuem a certificação orgânica. Em torno de 1.300 não utilizam produtos químicos nas lavouras, e outros 300 estão em fase de transição (saindo do cultivo tradicional e adotando as práticas de agroecologia). Juntos, estes produtores (certificados e em transição) colhem cerca de 12.800 toneladas por mês. Os produtos mais cultivados são frutas e olerícolas.


Oportunidade


Para participar das feiras agroecológicas, os agricultores em transição precisam ser assistidos por uma instituição de assistência técnica e extensão rural, como cooperativas, associações, além de órgãos públicos como o Incaper, que atestem a condição orgânica dos alimentos produzidos e possam junto à SEAG avaliar a possibilidade da participação. Quando já certificados, os produtores podem procurar as mesmas entidades para expressar o desejo de participar.


Outras quatro feiras agroecológicas serão inauguradas neste ano no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura. Os municípios escolhidos são Guarapari, na Grande Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, no Sul, Linhares, no Norte, e Colatina, no Noroeste.


Atualmente, existem nove feiras orgânicas e agroecológicas no Estado, todas concentradas na região Metropolitana, que abrange a chamada Grande Vitória. Com o novo circuito, grandes polos do interior também passam a ser aproveitados.


“Existe um crescimento mundial no consumo de orgânicos. Com as feiras que estamos implantando o consumidor da Grande Vitória e, a partir deste ano, do interior do Estado, ganha novos espaços para adquirir os produtos, e os nossos agricultores familiares ganham a oportunidade para comercializar o que produzem ”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto.


Segundo o gerente de agroecologia e produção vegetal da SEAG, Marcus Magalhães, os locais onde serão implantadas estas feiras em cada município ainda estão em estudo. Cada uma delas recebe de seis a 15 produtores, variando de acordo com o espaço e a demanda. “O ano de 2016 foi de consolidação das feiras na Grande Vitória. Agora, em 2017, vamos interiorizar o projeto ”, avaliou.


Direto da roça para o estacionamento do Shopping Vitória


No fim de tarde de uma linda segunda-feira, a Revista SAFRA ES visitou a Feira Agroecológica no estacionamento do Shopping Vitória. Lá, ouvimos alguns produtores e também Marcus Magalhães, gerente de agroecologia e produção vegetal da SEAG.


Eu não sabia com o lidar com os produtos orgânicos, aprendi fazendo o curso, há pouco mais de um ano. Se você não estudar não consegue entender a matéria-prima, como fazer os produtos naturais, que podemos passar nas verduras, sem o uso de agrotóxicos. As pessoas aqui na feira ainda tem muitas dúvidas e perguntam “será que é orgânico ou não? ”, por isso eu coloco sempre um certificado. Não pode haver dúvida. O produto orgânico veio para ficar.

Eliana Stange Schram, produtora rural de Santa Leopoldina.


“Trabalho desde criança na roça, e lá você trabalha, trabalha, e vem o atravessador e você não vê o resultado. Desde que eu estou trabalhando aqui, estou vendo o fruto do meu trabalho. E tendo o contato com os clientes, trazendo seu produto, sabendo que você está trazendo uma coisa limpa, saudável, conversando com as pessoas, não tem coisa melhor, é meu sonho realizado. Toda semana você tem o seu ganho. É um trabalho duro, claro. Temos que trabalhar muito. Mas há uma
recompensa de todos os lados. E
temos recebido muito apoio ”, comenta Suely.

Suely e Celestino estão na feira agroecológica do Shopping Vitória desde o início e relataram uma experiência positiva e gratificante.


Celestino confirma que o casal produz atualmente em menor quantidade que o cultivo tradicional, mas com qualidade e ainda com viabilidade financeira. “Fiz muitas feiras convencionais. Você tem que produzir muito e o preço não é viável. Mesmo com um cuidado maior no plantio e no manejo, produzindo menos ainda vale mais a pena ”.

Suely Licht Mnheld Gonoring e Celestino Miller Thomas, produtores rurais de Santa Leopoldina.

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