Viabilizar a qualificação profissional para alavancar o agronegócio

O crescimento e a impressionante resiliência do setor agropecuário no Brasil têm chamado a atenção nos últimos anos, sobretudo diante de índices tão marcantes na economia do país. Crescimento este que não existiria sem uma atuação profissional impecável. Para falar um pouco sobre o assunto, entrevistamos o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), o engenheiro agrônomo Jorge Silva. 

Conexão Safra:  Como o Crea-ES enxerga o atual cenário do agronegócio?

Jorge Silva: O agronegócio é indispensável para o desenvolvimento econômico do Brasil. Recentemente vimos que, em números, representa quase 30% do PIB do país e as estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é que tenhamos uma alta de até 2,5% para o PIB do agronegócio em 2023.

Estamos falando de um setor que sempre teve relevância, que só cresce e que provou ser resiliente diante das maiores adversidades, como pudemos notar durante a pandemia que enfrentamos. Sabemos também que a agronomia investe constantemente em tecnologia para o campo para que tenhamos um avanço ainda maior e melhor. À medida que isso se desenvolve, os processos se tornam mais ágeis e mais produtivos, o que também vem exigindo profissionais cada vez mais capacitados. Os benefícios de tudo isso para a sociedade são inestimáveis. 

A importância do agronegócio é ainda maior se observarmos apenas o Espírito Santo. Em nosso Estado, o setor é responsável por aproximadamente 33% dos empregos gerados e é a principal fonte de renda de mais de 80% dos municípios. Então, estamos falando de um segmento protagonista na economia estadual e que, portanto, necessita da atenção e dos investimentos adequados. 

CS: Sendo assim, nos últimos anos, como o Crea-ES tem trabalhado para fortalecer o setor? 

JS: Atualmente, enfrentamos a questão de que o Crea é muito lembrado devido a atuação frente às engenharias. Entretanto, é essencial lembrar que nós também estamos atuantes com a agronomia e temos papel fundamental no desenvolvimento do setor. Os nossos profissionais além de fazerem parte da produção do segmento, também estão envolvidos em ensino, pesquisa e extensão. Por isso, a meta é cada vez mais reafirmar a nossa presença ativa no agronegócio por meio da valorização profissional. 

Para isso, — e entendendo, principalmente, a importância de pessoas devidamente habilitadas para o serviço —, investimos constantemente em capacitações voltadas para área. Nos últimos anos foram mais de 400 cursos e treinamentos gratuitos oferecidos pelo Conselho, visando esse aprimoramento da mão de obra utilizada no campo. Além disso, intensificamos as fiscalizações no interior do Estado, onde está a maior presença da agronomia, para garantir que tenhamos profissionais e empresas devidamente aptos a prestarem esses serviços. Nos últimos anos, todas as cidades do Espírito Santo, sem exceção, foram vistoriadas pelo Conselho. Essa é a garantia de que chegará alimentos de qualidade na mesa das famílias brasileiras. Estamos falando de qualidade de vida! 

Nós também buscamos levar celeridade para os produtores rurais investindo na área tecnológica, como por exemplo na criação do Acervo Técnico Digital. Com ele, o profissional pode realizar todos os trâmites, desde a abertura do protocolo até o envio da documentação, de forma on-line, sem precisar se locomover até o Crea para fazer isso. É praticidade e economia de tempo, tal qual o novo cenário do campo pede.

Conexão Safra: Quais são as perspectivas em relação às futuras ações voltadas para os profissionais da área? 

JS: A meta é dar continuidade às capacitações promovidas e patrocinadas pelo Conselho, de forma que todos os profissionais que tenham interesse possam ter acesso a um curso de ótima qualidade de forma rápida, prática e, de preferência, gratuita. E nós já começamos 2023 com o pé direito! A prova disso são os Cursos de Verão e a capacitação para utilização de drones, que já são sucesso entre profissionais e estudantes da área tecnológica.

Vamos também continuar investindo na presença do Crea no campo, otimizando os processos e levando cada vez mais inovações tecnológica para a área. E, é claro, continuaremos com a fiscalização presente, resguardando os profissionais da agronomia e a sociedade das consequências negativas que a atuação de pessoas leigas gera. Tudo isso para impactar positivamente o profissional, sem o qual o setor não cresce, e, consequentemente, a economia do país.