Agricultura estuda mudar financiamento do agronegócio e seguro rural
Ministra Tereza Cristina busca assento no Conselho Monetário Nacional
por Agência Brasil
em 31/01/2019 às 21h15
4 min de leitura
O governo federal estuda medidas para modificar o financiamento das atividades no campo. Estão em discussão alterar o crédito para produção, rever os mecanismos de seguro para garantia de renda para quem planta. Há também demanda para viabilizar a participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Conselho Monetário Nacional (CMN).A titular da pasta, ministra Tereza Cristina, já sinalizou que quer essas mudanças.
Ao participar de evento no Paraná no último dia 24, a ministra Tereza Cristina defendeu que o seguro rural seja ampliado, mais barato e tenhajuros baixos.“Quando estão com a produção segurada, os produtores não perdem o sono e nem precisam pedir renegociação de dívida com o pires não ”, disse a ministra, acrescentando que debateo assuntocom o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn e com Roberto Campos Neto, que irá sucedê-lo, e ovice presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Ivandré Montiel da Silva, segundo informações publicadas no site do ministério.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defende assento para o ministério no Conselho Monetário Nacional. (*Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Sobre a participação no CMN, a ministra já disse em entrevistas que teve a“ousadia de pedir a ele [Paulo Guedes, ministro da Economia]que colocasse o Mapa num assento do Conselho Monetário ”. Junto ao CMN funciona uma comissão consultiva de crédito rural.
A intenção da ministra foi bem recebida pelaAssociação Brasileira de Agronegócio (Abag). “Tamanho para jogar nós temos, mas se vamos ser escalados eu não sei ”, ponderou o diretor da entidade, Luiz Carlos Corrêa Carvalho. “O agronegócio é um setor que tem uma relevância muito grande na economia e só por isso justificaria estar próximo de um conselho como esse. Medidas por lá decididas podem alavancar ou botar travas desnecessárias. ”
A ideia de ter um lugarno CMN também agradou a Luís Carlos Guedes Pinto, ex-ministro da Agricultura (2006-2007) e professor titular do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo com ele, o ministério já teve assento no CMN nos primeiros anos de funcionamento.
O órgão, criadonasegundametade dos anos 1960, era composto pelo ministro da Fazenda, presidente do Banco do Brasil, presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social e por “sete membros nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal, escolhidos entre brasileiros de ilibada reputação e notória capacidade em assuntos econômico-financeiros ” (Lei nº 5.362, de 30.11.1967).
Mais Conexão Safra
Até dezembro passado, antes da reforma administrativa proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (MP 870/2019), o Conselho Monetário era formado pelo ministro da Fazenda, ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e presidente do Banco Central do Brasil.
Seguro, crédito e renda
Em estudo encaminhado àAgência Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto apontou a necessidade de que o seguro rural seja “mecanismo de mitigação de risco ” e atenda recomendações já feitas pelo Tribunal de Contas da União como“promover a universalização do acesso ao seguro rural, assegurar o papel do seguro rural como instrumento para a estabilidade da renda agropecuária, e induzir o uso de tecnologias adequadas e modernizar a gestão do empreendimento agropecuário ”.
Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, da Abag, mudanças no seguro rural repercutiriam na oferta de crédito e condições de financiamento. “Se tiver uma modalidade de seguro mais atualizada, vai melhorar o nível de risco menor, e vai refletir nos prêmios que têm que ser pagoshoje. Assim os bancos vãotermais apetite para operar no setor, não só em volume de crédito, mas em taxas &ndash, taxas de administração, taxas de risco, juros básicos, prazos ”.
O diretor da entidade também destaca a desatualização das sistemáticas de financiamento. “A modernização do crédito não andou na mesma velocidade das outras coisas ”.Segundo ele, as operações ainda são baseadas no Manual de Crédito Agrícola, editado na década de 1970.
Governo federal estuda alteração no crédito para produção e seguro rural. (*Foto:Elza Fiúza/Agência Brasil)
Já para o ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto, o crédito atende pequena parte dos produtores rurais: cerca de 500 mil produtores, que mobilizam 86,5% da renda no campo. No estrato seguinte, estão 995 mil pequenos produtores com acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e que aferem 10% da renda no campo. Segundo ele, o sistema de financiamento deixa descoberto 2,9 milhões de produtores rurais que vivem de atividades de subsistência e acessam a 3,5% da renda no campo. (*Foto capa: Reprodução Folha UOL)
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