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Avicultura e Suinocultura

Com aumento de preço de insumos, ovos, porco e frango podem ter forte alta, alertam associações capixabas

Em uma nota emitida nesta segunda-feira (24), entidades reforçam a necessidade de medidas para mitigar as altas e alertam para as consequências dos aumentos

por Fernanda Zandonadi

em 25/05/2021 às 11h27

8 min de leitura

Com aumento de preço de insumos, ovos, porco e frango podem ter forte alta, alertam associações capixabas

O aumento no preço dos insumos básicos para a produção de carne de porco e frango, além do ovo, têm preocupado o setor produtivo e pode elevar os preços dos produtos nos supermercados. Para dar ideia da alta nos valores dos alimentos para os animais, no Espírito Santo, o farelo de soja, que em janeiro de 2020 custava ao avicultor e suinocultor capixaba R$ 1.440, chegou a ultrapassar R$ 3 mil. O milho, outro importante item da alimentação animal, que em 2020 custou em momentos R$ 49,50 a saca, acumulou altas que ultrapassam R$ 110 a saca.

Em uma nota emitida nesta segunda-feira (24), a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) e pela Associação de Suinocultores do Espírito Santo (Ases) reforçam a necessidade de medidas que reduzam os impactos que o setor vem absorvendo e alertam para a alta de preços das proteínas animais no mercado, caso nada seja feito. 

“O consequente e inevitável repasse ao consumidor já está nas gôndolas, mas em patamares que ainda não alcançam os níveis de custos.  E há outro agravante: a carne de aves, de suínos e ovos que hoje estão com preços mais elevados foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020 – quando os valores por tonelada eram menores. Por isto, novas elevações de preços deverão alcançar a população brasileira nos próximos meses, em um momento crítico para a renda e para a segurança alimentar de nosso país”.

A fim de reduzir os impactos, as associações solicitam algumas medidas:

> Vibilização emergencial das importações de milho e de soja estritamente para uso em ração animal. Hoje há desoneração de tarifa para esta importação, mas não há viabilização técnica;

> Suspensão do imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação destes insumos de países não-integrantes do Mercosul;

> Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS para importações provenientes de países extra-Mercosul, para empresas que não conseguem realizar Drawback;

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> Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS sobre os fretes realizados no mercado interno;

> Criação de sistema oficial de informação antecipada sobre exportações futuras de grãos, assim como ocorre em outros países, para dar mais transparência ao mercado de insumos, evitando situações especulativas como a atual.

> Financiamento para construção de armazéns e realização de armazenagem para os produtos, dando mais estabilidade ao mercado;

> Políticas de incentivo de plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil;

Veja a nota, na íntegra:

POSICIONAMENTO INSTITUCIONAL AVES E ASES: QUADRO SETORIAL e IMPACTOS INFLACIONÁRIOS

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES), entidade afiliada à Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), e a Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES) vem à público destacar o grave quadro setorial enfrentado pelos setores produtivos responsáveis por três das proteínas animais estratégicas para a segurança alimentar da população: a carne de frango, a carne suína e o ovo.

Em 2020, logo no início da pandemia, estes produtores foram convocados a garantir o abastecimento destes alimentos básicos, e assim ocorreu.  Foram investidos bilhões em todo o setor produtivo, com o compromisso de não apenas produzir, como também ampliar a oferta de alimentos para a nossa população – e aumentamos em todas as proteínas, seja em aves (6,5% de alta), suínos (5,5%) ou ovos (9,1%).  O Estado do Espírito Santo foi um importante colaborador neste contexto, ofertando ovos, carnes de frango e suína a vários mercados. Somente relacionado ao ovo, a produção capixaba representa 11% da nacional.

Entretanto, em meio ao quadro pandêmico, um quadro de forte especulação atingiu estes setores. O milho e a soja, insumos básicos que compõem 70% dos custos de produção, acumulam altas nunca registradas no País. No caso do milho, houve registros superiores a 100% em diversas praças consumidoras do país.  No caso da soja, as elevações acumularam mais de 60% em relação ao mesmo período de 2020.

No Espírito Santo, o farelo de soja, que em janeiro de 2020 custava ao avicultor e suinocultor capixaba R$ 1.440,00, chegou a ultrapassar R$ 3.000,00 e o milho, que também em 2020 custou em momentos R$ 49,50 a saca, acumulou altas que ultrapassam R$ 110,00 a saca.

Estas altas se adicionam a outras, como o diesel (+ – 30%), a embalagem de papelão (+60%) e as embalagens rígidas e flexíveis (+ 80%).

Em 12 meses, conforme o monitoramento feito pelo Índice de Custos de Produção (ICP) da EMBRAPA Suínos e Aves mais recente (abril 2021), produzir frango está 39,79% mais caro em relação a abril de 2020 – que já era um momento de forte alta de custos.  O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%.   

Os efeitos nocivos desta forte especulação sobre os insumos já alcançam o consumidor, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (ICPA) do IBGE. O consequente e inevitável repasse ao consumidor já está nas gôndolas, mas em patamares que ainda não alcançam os níveis de custos.  E há outro agravante: a carne de aves, de suínos e ovos que hoje estão com preços mais elevados foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020 – quando os valores por tonelada eram menores. Por isto, novas elevações de preços deverão alcançar a população brasileira nos próximos meses, em um momento crítico para a renda e para a segurança alimentar de nosso país.

Para evitar que o quadro se agrave ainda mais, as representações setoriais solicitaram ao governo medidas para que o setor de proteína animal do Brasil tenha igualdade de competição pelos insumos em relação ao mercado internacional, evitando a desindustrialização e a perda de postos de trabalhos, especialmente em cidades no interior do País.  Ao mesmo tempo, as representações buscam a redução da desigualdade de condições que existem entre importar e exportar os grãos.  Hoje é muito mais fácil embarcar grãos para o exterior do que importar.

Assim, são solicitadas as seguintes medidas:

> Viabilização emergencial das importações de milho e de soja estritamente para uso em ração animal. Hoje há desoneração de tarifa para esta importação, mas não há viabilização técnica;

> Suspensão do imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação destes insumos de países não-integrantes do Mercosul;

> Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS para importações provenientes de países extra-Mercosul, para empresas que não conseguem realizar Drawback;

> Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS sobre os fretes realizados no mercado interno;

> Criação de sistema oficial de informação antecipada sobre exportações futuras de grãos, assim como ocorre em outros países, para dar mais transparência ao mercado de insumos, evitando situações especulativas como a atual.

> Financiamento para construção de armazéns e realização de armazenagem para os produtos, dando mais estabilidade ao mercado;

> Políticas de incentivo de plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil;

Diante disso, a Avicultura e a Suinocultura do Estado do Espírito Santo, junto com os setores nacionais pedem apoio. São 4 milhões de empregos diretos e indiretos em jogo em todo o país, juntamente com a segurança alimentar de nossa população. Medidas rápidas são emergenciais para evitar que o quadro de perda de renda seja impactado pela redução de acesso à alimentos básicos, agravando a fome em nosso país.

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