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Riqueza que vem das matas

A silvicultura capixaba, dominada pelo eucalipto, pode encontrar, na Mata Atlântica, seu ouro verde

por Fernanda Zandonadi

em 18/01/2022 às 10h35

3 min de leitura

Riqueza que vem das matas

FOTO FELIX MITTERMEIER / PEXELS

A silvicultura capixaba é dominada pelo eucalipto, em termos de área plantada. A madeira em tora tem em Conceição da Barra e Aracruz seus principais produtores, que respondem por mais de 35% da produção capixaba. Outras culturas, como seringueira e pinus, ainda têm uma entrada tímida no Espírito Santo, segundo Pedro Carvalho, coordenador de Silvicultura e Produção Vegetal da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag). 

“As empresas de celulose, principais compradoras do eucalipto capixaba, continuam a todo vapor. Não vimos redução de produção, mas também a área não teve muito aumento, ou seja, está constante”, avalia Carvalho. 

Em relação ao carvão vegetal, outro produto advindo das florestas, há uma pequena queda se a comparação for mais longa. Em 2014, por exemplo, a produção chegou a mais de 40 mil toneladas. Em 2020, por outro lado, não ultrapassou as 27 mil toneladas. 

“As siderúrgicas, principalmente as de Minas Gerais, buscavam muito carvão vegetal no Espírito Santo. Isso acabou, porque eles começaram a usar madeira produzida no próprio Estado. E esse carvão vegetal produzido no Espírito Santo é para um mercado doméstico, ou seja, é usado para o churrasco e é vendido no comércio varejista. Não temos nenhuma empresa que compre em grande quantidade hoje em dia”, explica Carvalho.

Por fim, há o látex, cuja produção aumentou em 2020 e chegou às 13,7 mil toneladas, pouco acima do ano anterior, quando saíram das seringueiras capixabas pouco mais de 12,3 mil toneladas. “O preço está muito bom. A borracha está numa fase boa. Mas é uma cultura cíclica. Aumenta o preço, os produtores plantam ou cuidam da plantação. Mas, para quem plantou hoje, o lucro só virá em dez anos, quando a árvore começa a produzir. Então há o risco de o seringal ficar abandonado, se o preço baixar muito. O ideal é que não ocorressem tantos picos de preço, que desafiam o produtor”, avalia. 

Mas há muitos projetos para as florestas capixabas. Um deles, conta Carvalho, é o Plano Estadual de Silvicultura de Espécies Nativas (Pesen-ES). O projeto conta com um grupo de trabalho batizado de Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. São mais de 300 representantes dos setores privado, financeiro, acadêmico e sociedade civil. A ideia é incentivar a expansão de plantio de floresta nativa. 

A proposta é mostrar ao agricultor formas de ampliar a área de Mata Atlântica, mas dando segurança jurídica para que as terras, com plantas nativas, gerem lucro e, ao mesmo tempo, benesses ao meio ambiente. “Teremos um marco regulatório justamente para dar segurança jurídica ao produtor rural”, explica Carvalho, quando questionado sobre se uma área com plantas nativas não poderá ser reaproveitada para outras culturas, posteriormente. 

“Vamos fazer algo bem apurado. Conhecemos as dificuldades, as dúvidas e a pouca informação sobre a Mata Atlântica. E esse projeto será um processo longo. Com esse plano, teremos, no futuro, um uso maior do nosso produto, que é a Mata Atlântica”, explica.

 

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