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Orgânicos

Morango sem agrotóxico está entre projetos da Ufes no sul

por Redação Conexão Safra

em 20/09/2017 às 0h00

4 min de leitura

Morango sem agrotóxico está entre projetos da Ufes no sul

Agricultura de qualidade e sustentável. Esse é o objetivo dos cursos do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), de acordo com o diretor, Dirceu Pratissoli. O professor participou da reunião ordinária da Comissão de Agricultura, realizada nesta terça-feira (19), e apresentou os projetos desenvolvidos pelo centro, que faz parte do campus Sul Capixaba da Ufes.


O Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da Ufes tem sede em Alegre, no sul do Estado, e conta com sete cursos de graduação, cinco cursos de mestrado e três de doutorado em áreas como Agronomia, Medicina Veterinária e Engenharia Florestal.


Entre os objetivos dos cursos estão a melhoria da qualidade da agricultura, dos rebanhos (principalmente bovinos, ovinos e suínos), o incentivo à agricultura familiar e o manejo de pragas e doenças, visando à redução do uso de agrotóxicos. “Já estamos conseguindo produzir morango sem nenhum grama de agrotóxico ”, contou o professor.


Além do ensino e pesquisa, o centro também se dedica à transferência de tecnologias para a população, por meio de cursos, dias de campo e unidades demonstrativas para os produtores. “Nosso alvo é o filho do produtor. Ele é a geração futura do campo ”, disse.


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Novos projetos


Um dos principais projetos do centro é a instalação de um polo de fruticultura na região do Caparaó. “É uma região carente, que vive de leite e café. E o produtor está desistindo do campo ”, relatou o professor. “O polo de fruticultura, quando o produtor for se inscrever, ele vai ter de passar por duas sessões: estudar a degradação do solo e o manejo da água. Depois ele vai receber a muda dele. Por que de que adianta dar a muda se ele não sabe onde vai irrigar e onde vai plantar? ”, explicou o diretor.


Outro projeto é uma parceria com a Prefeitura de Guaçuí, que cederá um terreno para a universidade, onde jovens em tratamento de dependência química trabalharão com floricultura e com a produção de mudas, como de hortelã, pimenta, entre outros.


Por fim, há o projeto de instalação de uma estação de aviso para o controle de pragas e doenças nas plantas. A estação avisará os produtores em que período e onde há probabilidade da ocorrência de pragas. “Vamos poder informar ao produtor quando é possível a praga ocorrer, para ele não ficar jogando agrotóxico toda hora ”, explicou.


Participação


O vice-presidente da Comissão de Agricultura, deputado Padre Honório (PT), que é defensor dos produtos orgânicos, elogiou a iniciativa: “Fiquei satisfeito pela preocupação que vocês estão tendo em produzir um alimento mais limpo. Nosso Estado é um dos que mais usam veneno no país e no mundo. Hoje nós temos muitas universidades que preparam os agrônomos para serem vendedores de adubos químicos e venenos ”, comentou o parlamentar.


Já a presidente do colegiado, Janete de Sá (PMN), questionou sobre a devastação na região de Alegre: “Uma das áreas mais devastadas do Estado é a região de Alegre. E lá tem o centro da Ufes que trata exatamente dessa questão do solo, da agronomia. No entanto, parece não haver uma conexão de um centro de ensino e pesquisa com a sociedade local. Até que ponto a população se apropria desse conhecimento para impedir que esse tipo de situação aconteça? ”, questionou a deputada.


O professor respondeu que a região é, historicamente, voltada para a pecuária. “A terra íngreme, desmatada, com o boi pisando, o que aconteceu? Aqueles minidesertos ”, explicou. Segundo o professor, a universidade está se aproximando mais da população. “Estamos, hoje, numa nova era, que é sair da redoma e ir buscar o produtor ”, disse.


Além dos deputados, outras pessoas que participavam da reunião também puderam dirigir perguntas ao convidado. A ex-moradora de Alegre Juceia Magalhães da Rocha também falou sobre a falta de interlocução entre a academia e a comunidade. Ela destacou ainda o alto índice de depressão na região devido ao uso intensivo de agrotóxicos.


O assessor parlamentar Adriano da Silva Meireles também questionou sobre a relação entre o uso de defensivos químicos e a saúde. O professor respondeu que a relação dos agrotóxicos com a depressão tem fundamento científico. “Além dos distúrbios mentais, o agrotóxico está mudando até o nosso código genético. Iúna, Ibatiba, Muniz Freire, são municípios que têm alto índice de suicídios por uso desses produtos no café ”, explicou Pratissoli.


O campus


O campus Sul Capixaba da Ufes tem sede em Alegre e possui dois centros: o Centro de Ciências Agrárias e Engenharias e o Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde. No total, são 17 cursos de graduação, sete cursos de mestrado e três de doutorado nas cidades de Alegre, Guaçuí, Jerônimo Monteiro e São José do Calçado.

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