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Opinião

Eleições Americanas e Cenário do Agronegócio Brasileiro

por Cecafé

em 12/11/2020 às 10h40

6 min de leitura

Eleições Americanas e Cenário do Agronegócio Brasileiro

Foto: Cecafé

Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, como representantes do comércio exportador de café do país, acompanha com atenção o cenário político mundial e as mudanças nas relações internacionais pós eleições norte americanas e seus resultados.

Atualmente o cenário político internacional passa por momentos de bastante decisivos devido a eleição para presidente nos Estados Unidos da América e uma possível análise dos impactos que podem ser causados no agronegócio brasileiro, principalmente no comércio agrícola global e nas questões de políticas ambientais e climáticas se faz necessária e pertinente.

Com a possível confirmação da vitória do candidato democrata nas próximas semanas, uma das significativas mudanças da gestão Biden nas relações internacionais possivelmente será o resgate da liderança que os Estados Unidos sempre exerceram na coordenação multilateral do mundo, baseada em conexões diplomáticas estratégicas como garantia da busca por maior estabilidade política, comercial, financeira, na garantia da paz, desenvolvimento e outros, principalmente na época pós segunda guerra mundial.

Os Estados Unidos desempenharam importante papel na criação de várias organizações internacionais cujo objetivo era promover a paz e os direitos humanos, evitar novas guerras, e as solução de conflitos (Organização das Nações Unidas), finanças e desenvolvimento (Fundo Monetário Internacional), comércio (Organização Mundial de Comércio), saúde pública (Organização Mundial de Saúde) entre outras.

Em relação ao comércio global de café, torna-se possível o retorno dos EUA à OIC &ndash, Organização Internacional do Café, justamente quando o Brasil busca liderar o processo de modernização desta Organização, com base nos rígidos parâmetros ambientais e socais do agronegócio café brasileiro, a ser exemplo para os mais de 50 países produtores do mundo.

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Por políticas, diplomáticas e até econômicas, o posicionamento do Brasil é de que a OIC necessita ser reestruturada, e o setor privado (brasileiro e internacional) precisam passar a fazer parte da organização, que assim se converteria em um centro para troca verdadeira de informações de mercado, para discussão de políticas públicas a nível internacional, que fortaleçam toda a cadeia produtiva, e para a geração de negócios.

Como exemplo, durante a gestão do presidente Trump, mesmo após a saída dos EUA da OIC, em reunião de Conselho realizada em abril de 2018, na cidade do México, os representantes da NCA &ndash, The National Coffee Association que representa a indústria e as trading companies do café dos EUA, ressaltaram que o setor privado seguiria presente e atuante na Organização, independentemente das decisões políticas daquele momento.

Nesse contexto, com as definições após a eleição do país, a pauta ambiental, com os temas centrais como o Acordo de Paris, as estratégias de mitigação das anomalias climáticas, mecanismos de desenvolvimento limpo e o sequestro de carbono, bem como a preocupação com questões sociais como saúde pública e a segurança biológica, englobando a segurança alimentar, como resposta a pandemias, devem ter destaque e ocupar grande espaço nas discussões.

Com certeza os assuntos domésticos americanos e principalmente a recuperação econômica do país serão priorizadas, porém a política externa visando novas formas de diálogo com a China também deverão ser viabilizadas, com regras multilaterais comuns, incrementando parcerias estratégicas.

Conforme citado acima, a questão ambiental ganha destaque e o possível tema que deve causar impacto no Brasil é a retorno do diálogo em relação ao assunto da mudança do clima, já indicado em agenda proposta.

A retomada do Acordo de Paris, colocando o tema da mudança do clima no centro da sua política externa, comercial e de segurança nacional, o que certamente incluirá uma forte pressão para que o Governo Brasileiro demonstre seu compromisso na redução do desmatamento ilegal no país.

Também internamente a agenda democrata já indica a expansão de um programa de apoio à prestação por serviços ambientais, para os produtores rurais que utilizem as boas práticas agrícolas, principalmente as baseadas em sequestro de carbono do solo.

Outro aspecto do plano também enfatizado é o estímulo às exportações americanas, aumentando os investimentos em energias renováveis, fortalecimento das políticas voltadas aos biocombustíveis e compra de produtos locais mais amigáveis ao meio ambiente.

Vale enfatizar que o Brasil pode aproveitar esse momento para ganhar destaque numa agenda mais positiva e protagonista. Em relação ao desmatamento ilegal, o país poderá aprimorar as ferramentas de verificação, de acordo com o Código Florestal Brasileiro, principalmente nas questões de regularização fundiária e ambiental.

O Brasil naturalmente possui vocação de produtor e fornecedor global de produtos agropecuários, devido as suas caraterísticas peculiares climáticas (regime de chuvas, irradiação solar, condições térmicas,), extensão territorial, ambientais (conservação dos recursos naturais, solos férteis, biodiversidade), entre outros. Tais condições propiciam uma matriz de produção de alimentos e combustíveis diversificada e limpa, competitividade em termos de pesquisa e novas tecnologias aplicadas, com uma agricultura considerada de “baixo carbono ” em relação aos nossos concorrentes.

O caminho a ser retomado como estratégia deve ser o do diálogo, identificando com clareza e assertividade os interesses nacionais e desafios a serem vencidos para assim tentar uma maior conectividade com os atores do cenário político internacional, para fortalecer laços e relações diplomáticas evitar confrontos desnecessários, retomando uma comunicação positiva e promovendo o agronegócio brasileiro na sua pujança e vocação agrícola de produtor e fornecedor global de alimentos que é característica do Brasil.

O Cecafé estará sempre atuando proativamente, certo de que a colaboração conjunta resultará em benefícios a todo o agronegócio café brasileiro. Vale destacar que os Estados unidos são um importante destino das exportações de café brasileiro e primeiro consumidor mundial da bebida.

Nesse contexto, o CECAFÉ, representante do setor exportador e parceiro dos demais seguimentos do café brasileiro, como produção e indústria, está de olho nas tendências globais e na necessidade de articulação entre todos os elos da cadeia produtiva.

Nesse sentido, o Código de Ética e Conduta do Conselho demonstra o compromisso do setor exportador em ampliar ainda mais os projetos socioambientais de sucesso e continuar a promover a imagem do agronegócio café brasileiro, atendendo os mais diversos e exigentes mercados de todo o mundo.

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