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Opinião

Artigo: cafeicultores e cadeia produtiva precisam se unir

por Redação Conexão Safra

em 26/07/2021 às 10h15

4 min de leitura

Artigo: cafeicultores e cadeia produtiva precisam se unir

Na madrugada do último dia 20 de julho deste ano 2021, tivemos em nossa região uma das noites mais frias do ano, o que acabou se refletindo em uma geada, o que afetou alguns de nossos companheiros produtores de café.

O impacto gerado pela geada não pode ser visto apenas como a perda dos cafeicultores da uma região. Temos que ver o impacto como um todo, afinal de contas, o café não é um grão, mas um cadeia produtiva. Quando ocorre um problema, todos desse grupo sofrem.

Os cafeicultores, atores primários dessa cadeia produtiva, podem ser conhecidos pelas marcas deixadas pelo tempo dedicado a essa cultura melindrosa que é o café. Já se apresentam de forma organizada, mas ainda assim falta muito.

Nós, cafeicultores, sofremos com custo de produção elevado, com programas de financiamento que beneficiam apenas um lado, que não é o cafeicultor. Há personagens que aparecem nessa cadeia produtiva não como agentes agregadores, mas como parasitas que minam, e sugam a energia daqueles que a sustentam, os produtores de café.

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Quando os benefícios são apresentados aos cafeicultores, por programas governamentais estes são blindados por uma burocracia que mais inviabiliza os que mais precisam destes auxílios, chegamos muitas vezes a nos questionar: a quem realmente se destina esses “auxílios”?

Os impactos dessa geada são significativos para a safra de 2022, tanto que existem produtores que já analisam o processo de reforma de suas lavouras e alguns até um possível pedido de intervenção por parte dos recursos do fundo com o objetivo de mitigar as perdas.

Em vários municípios, cerca de 48% das áreas de café foram afetadas. São 300 cidades que serão afetadas diretamente, além daquelas onde não foi realizado levantamento e não foram citados aqui, segundo a Conab. Vários  produtores de café, logo pela manhã do dia 20 de julho, publicaram vídeos e fotos de lavouras sendo atingida no cinturão no parque cafeeiro Sul e Sudoeste de Minas Gerais, Cerrado Mineiro, Paraná e Sul de Goiás.

Também houve relatos das regiões do cerrado mineiro em que o produtor disse que perdeu quase toda sua lavoura de café, como Serra do Salitre, entre outras.  Recebemos vídeos e mensagem de áudio relatando. Vários produtores estão pedindo ajuda e nos preocupa muito com a safra de 2022, 2023. Peço apoio nesse momento,  porque sou cafeicultor também e não temos muita força nesse meio da política cafeeira.

Em 23 de julho de 2021, foi realizado uma reunião em Alfenas, Minas, para mostrar à ministra da agricultura Teresa Cristina com a real impacto da geada na região.

Este texto, mais do que uma forma de se solidarizar, é um chamado a cadeia produtiva do café, um chamado ao nome e a história do café, não apenas do cafeicultor, mas de toda a cadeia produtiva do café.

Um chamado aos cafeicultores, para que nos organizemos e que as negociações e relações com os órgãos credores e bancos  possam ser realizadas em blocos, coletivos e não por um cafeicultor de forma isolada.

Temos que valer da força de nosso suor! Unidos, como em outros momentos da história, já o fizemos e fomos vitoriosos.

Um chamado aos outros atores da cadeia produtiva do café. Porque sem o cafeicultor não haverá grão para ser negociado, exportado e torrado. Sem o cafeicultor não haverá cadeia produtiva do café, ou seja, o ciclo vai se romper.

Onde tem café, tem renda e emprego direto e indireto. Apoie o cafeicultor e a palavra de ordem “União”.

Um autor escreveu certo dia “assim como ouro é provado pelo fogo, homens fortes são provados pela miséria”. E eu, na minha humildade de cafeicultor, tomo a liberdade, e a fé que tenho em Deus, e afirmo que nós cafeicultores, podemos ser provados pelo mercado, mas a natureza, na Graça de Deus e em nossa união, nos fará vitoriosos, mais uma vez!

Fernando Barbosa
Cafeicultor de São Pedro da União – MG

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