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Olivicultura

Região de Pedra Azul (ES) terá 20 marcas de azeite até 2025

Previsão leva em conta otimismo com primeira safra comercial em 16 olivais que adotaram manejo diferenciado para colheita precoce

por Leandro Fidelis

em 02/12/2021 às 10h43

5 min de leitura

Região de Pedra Azul (ES) terá 20 marcas de azeite até 2025

Fotos: Leandro Fidelis (*Reprodução não autorizada)

Os investimentos em olivicultura nas Montanhas do Espírito Santo vão de vento em popa. Um especialista na área prevê o lançamento de 20 marcas de azeite até 2025 na região do entorno da Pedra Azul, em Domingos Martins. O produto artesanal tem alto valor agregado no mercado gastronômico, com 1 litro do óleo extraído da azeitona valendo até R$ 280,00.

A expectativa do engenheiro agrônomo Fabrício Rezende (Nova Oliva), de Itajubá (MG), leva em conta o otimismo de pelo menos 20 olivicultores com a primeira safra comercial, prevista para fevereiro de 2022. Ele presta consultoria em 16 olivais que adotaram um tipo de manejo diferenciado que garante colheita de azeitona já a partir do quarto ano do cultivo, com média de 2-3 kg/planta. Dentre as variedades mais precoces e que exigem menos horas de frio, os destaques são Arbequina (Espanha), Grappolo (Itália) e Koroneiki (Grécia).

Segundo o consultor, a “poda em globo” é aplicada no olival para acelerar o crescimento da planta, dentro do espaçamento mínimo 7 x 7, com 204 plantas por hectare. A poda prioriza o desenvolvimento lateral da oliveira e com controle da sua parte aérea, garantindo produção em 360º.

O consultor atenta para os períodos produtivos da oliveira. Embora desenvolva bem, a planta conta com anos de baixa, média e alta produtividade, e o clima e altitude são fatores determinantes nos resultados. Com o manejo proposto, a expectativa é de média de 8 kg/planta a partir do quinto ano, o que rende 1 litro de azeite. No ápice produtivo, já a partir do sexto ano, estima-se 12 kg/planta.

“O Espírito Santo ainda sofre com a baixa produção em cultivos com mais seis anos, de manejo agressivo e de crescimento errado e em regiões mais baixas que a da Pedra Azul. Nas minhas pesquisas, o terreno ideal para colheita boa e precoce é acima de 1.000 metros de altitude. Oliveiras abaixo disso em Minas Gerais não produzem nem flor. Somente em microclimas especiais que terrenos mais baixos produzem azeitona”, avalia Fabrício Rezende.

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De acordo com o consultor, a região de Pedra Azul se beneficia do clima tropical de altitude, com média de 18 graus por ano. A exposição ideal do olival é de 300 h/frio na variedade Arbequina, 400h/frio (Coroneiki Grega) e 500h/frio (Grappolo) em temperaturas abaixo de 12 graus, condições condizentes com o entorno da Pedra Azul, especialmente no inverno.

A expectativa do consultor Fabrício Rezende leva em conta o otimismo de pelo menos 20 olivicultores com a primeira safra comercial, prevista para fevereiro de 2022.

Primeiros azeites ano que vem

Dos 20 rótulos de azeite artesanal a serem lançados nos próximos dois anos, pelo menos seis estarão no mercado a partir de 2022. É o caso do Gustavo Vervloet, da Cave Rara, em São José do Alto Viçosa (Venda Nova do Imigrante), na divisa com Pedra Azul. Ele conta com 2,5 ha cultivados com 530 plantas das variedades Arbequina (mais frutada), Grappolo e Coroneiki Grega, essa imprimindo ligeiro amargor e mais longevidade ao azeite.

Vervloet conta que a ideia do primeiro azeite é um blend com as três variedades de azeitona. “Noites frias e dias ensolarados estão permitindo um terroir seco que estou testando no sabor do azeite e também do vinho”, diz o produtor.

Outro produtor é Paulo Sardemberg, do Vale das Oliveiras, do Distrito de Aracê (Domingos Martins), que deve colher 1 tonelada de azeitona das variedades Arbequina, Ascolano, Grappolo e Koroneiki Grega na safra de estreia.

Ele, que se diz pioneiro na região no plantio de oliveiras com visão comercial, mantém 12 hectares ocupados com oliveiras e deve colher 1 tonelada em fevereiro.

*Foto: Divulgação

“Tudo começou sem muito planejamento e apostando na produção. Estamos completando quatro anos de plantio e fomos surpreendidos por essa safra. Nos pegou de calça curta!”.

Por não existir um histórico de produção na região do Aracê, Sardemberg afirma não saber a capacidade produtiva da propriedade. Porém, já sabe qual será a rotina a partir de 20221. A colheita será realizada às 5 horas e, às 18h, o fruto sairá da Fazenda do Estado em caminhão frigorífico para Poços de Caldas (MG), onde serão realizados a extração e o envase. “Tudo ainda por fazer, inclusive o lagar”, diz o olivicultor.

Em Minas, a porcentagem no serviço de extração será de 15% sobre o azeite e 2% do envase, mas os olivicultores poderão pagar o serviço com o próprio produto. “A torcida é grande pelo sucesso do plantio, que certamente irá contribuir com um novo segmento de renda para os agricultores de nossa região”.

Dia de Campo em janeiro

E os interessados nesse universo já podem anotar na agenda os dias 22 e 23 de janeiro. No dia 22, no Vale das Oliveiras, será realizada a segunda edição do Dia de Campo sobre olivicultura, com expectativa de reunir 50 produtores (*Confira programação nos destaques do nosso Instagram!)

No dia seguinte (23), será ministrado um curso de degustação de azeite com Sandro Marques, autor do “Guia de Azeites do Brasil” e primeiro brasileiro a participar como jurado do Concurso Mundial de Azeite (NYIOOC World), mais prestigiado evento de qualidade de azeite.

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