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Olivicultura

Minas Gerais impulsiona a cadeia produtiva do azeite com investimentos

Estudos sobre o cultivo de oliveiras e o trabalho pioneiro da Epamig na extração de azeite extravirgem dão suporte aos produtores que investem na atividade

por Epamig

em 19/02/2024 às 11h50

6 min de leitura

Minas Gerais impulsiona a cadeia produtiva do azeite com investimentos

Extração de azeite no lagar da EPAMIG – (*Fotos: Erasmo Reis ASCOM EPAMIG)

Minas Gerais vem se destacando no cultivo de oliveiras e na produção de azeite extravirgem de qualidade. Concentrada no Sul de Minas, na região do entorno da Serra da Mantiqueira, a atividade se firma como fonte geradora de novos negócios e conquista o interesse do mercado gastronômico. Negócios como o Azeite Zet, da Olivais de Quelemém, empreendimento do olivicultor Samir Rahme, que contou com o pioneirismo das pesquisas e a experiência acumulada em anos de estudos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) para produzir o primeiro azeite biodinâmico do Brasil, característica da produção que respeita os ritmos da natureza, e utiliza práticas da agricultura orgânica, sem o uso de agrotóxicos, por exemplo.

Para o início do seu negócio até chegar à produção do premiado Azeite Zet, o olivicultor Samir Rahme contou com o apoio da Epamig com indicações para a escolha das variedades mais apropriadas para a região, a condução dos olivais e nas primeiras extrações do azeite, que foram feitas usando a estrutura e equipamentos do Campo Experimental da empresa de pesquisa, em Maria da Fé.

“A olivicultura entrou em minha vida por uma questão de destino, no começo dos anos 2000. Eu era presidente de uma Associação Médica em São Paulo e decidi organizar uma feira orgânica, que teve a participação de pessoas da Associação de Produtores de Agricultura Natural de Maria da Fé. Eles fizeram a ponte para a visita ao município, onde acabei comprando, em 2005, o terreno de 7,5 hectares, a 1,6 mil metros de altitude. O plantio de oliveiras começou como um hobby. Não planejamos virar olivicultores, mas o mundo planejou isso para nós, por isso chamo de destino”, detalha.

Braço das pesquisas do setor agropecuário mineiro e vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a Epamig realiza, desde a década de 1970, pesquisas para o desenvolvimento e a adaptação da cultura de oliveiras em Minas. Também foi a instituição responsável pela primeira extração de azeite extravirgem no Brasil, realizada em fevereiro de 2008. O investimento do Governo de Minas em pesquisas nesta cadeia produtiva foi de R$ 2,3 milhões, no período de 2019 a 2024.

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“Alcançamos importantes avanços em termos de tecnologia em todas as etapas da cadeia produtiva, da produção de mudas, à análise da azeitona e do azeite. Ainda há muito a se evoluir, seja no estudo do comportamento das plantas, seja no conhecimento do potencial produtivo da oliveira ou em ações para amenizar os impactos das condições climáticas”, afirma o engenheiro agrônomo e coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira.

Qualidade

O sistema de cultivo escolhido por Samir foi o orgânico baseado nos conceitos da agricultura biodinâmica. Nas palavras do próprio produtor, um alimento biodinâmico “é aquele cuja árvore é tratada de maneira a oferecer o que tem de melhor. Seguimos e respeitamos o ritmo da natureza. Não forçamos nada, não damos nada a mais do que a planta necessita. As aplicações são próprias da biodinâmica e a nutrição básica é pela compostagem, a partir de esterco de vaca”.

O Zet é o primeiro azeite biodinâmico do Brasil, produzido a partir de azeitonas orgânicas, certificadas pelo IBD, maior certificadora de orgânicos da América Latina. A qualidade dos azeites da marca já foi reconhecida em premiações internacionais como o Olio Nuovo Days Competition, em Paris (França). “A gente sabe que o azeite é um alimento fantástico e queremos que essas características benéficas sejam ainda mais exacerbadas no nosso produto”, diz.

Olivicultor Samir Rahme, do Azeite Zet, nos Olivais de Quelemém.

O próximo passo é atestar características dos azeites da marca em análises laboratoriais que poderão ser feitas pela Epamig. “A empresa recebeu um equipamento que vai, justamente, fazer a análise da quantidade de gordura e ácidos graxos, principalmente, de ácidos polifenólicos, que dão qualidade ao azeite. Estou muito curioso para fazer não só a análise química e física, mas essa análise mais detalhada do nosso azeite”.

A diretora-presidente da Epamig, Nilda Ferreira Soares, reforça os serviços oferecidos pela empresa a quem quer investir na atividade. “Temos em Maria da Fé um ponto de apoio a quem quer apostar na olivicultura. Uma agroindústria, equipada com maquinário moderno, disponível para os produtores que ainda não têm seus lagares, serviços de análises laboratoriais e orientações para o início do plantio e manejo de doenças e pragas”.

Boa safra

A produção dos Olivais de Quelemém segue as projeções de boa safra para a região da Serra da Mantiqueira. “Em 2022, colhemos sete toneladas de azeitona. No ano passado, colhemos pouco mais de 300 quilos, em função das questões climáticas. Para 2024, as perspectivas estão boas para todos e prevemos uma colheita entre cinco e seis toneladas”, comenta Samir Rahme.

Certifica Minas

Também está localizada em Maria da Fé a fazenda Santa Helena, primeira propriedade certificada pelo Certifica Minas Azeite, programa de certificação de produtos agropecuários e agroindústrias do Governo de Minas, executado através do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), sob coordenação da Seapa.

A propriedade, com 20,72 hectares de olival, é reconhecida por duas colheitas precoces, pela música clássica que ecoa nos olivais por 12 horas diárias e por ser o local onde é produzido o azeite Monasto, ganhador de oito medalhas internacionais.

Olivicultora Rosana Chiavassa, do Azeite Monasto, primeiro azeite a receber o Certifica Minas Azeite.

A olivicultora Rosana Chiavassa destaca a importância da certificação para a agregação de valor ao seu produto e para a credibilidade junto aos consumidores. “Sabemos que os azeites mineiros são de excelente qualidade e temos no Estado, uma certificação chancelada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que agrega bastante. Sou de São Paulo e posso afirmar que Minas Gerais tem órgãos prontos para atender as demandas dos produtores, assim como a Epamig que foi extremamente importante no meu início e na extração do nosso azeite processado ainda hoje na instituição de pesquisa”, comenta.

Oliviturismo

Associar a atividade agropecuária ao turismo rural é uma fonte de agregação de renda e valor ao negócio, além de ser mais uma oportunidade de criar empregos e fortalecer a cultura regional. Tanto os Olivais de Quelemém quanto a Fazenda Santa Helena realizam visitas guiadas e atividades especiais para os interessados em conhecer a excelência da produção de dois azeites mineiros mundialmente reconhecidos pela qualidade.

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