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Mercado

Abate de frangos e suínos bate recorde e o de bovinos volta a cair em 2021

por Agência IBGE Notícias

em 16/03/2022 às 10h36

6 min de leitura

Abate de frangos e suínos bate recorde e o de bovinos volta a cair em 2021

Foto: reprodução

O Brasil registrou o abate de 6,18 bilhões de cabeças de frango em 2021, o que representa um aumento de 2,8% – ou 169,87 milhões de cabeças a mais – em relação ao ano de 2020. Com o resultado, o país alcança o recorde da série histórica da Pesquisa Trimestral do Abate divulgada hoje (15) pelo IBGE, iniciada em 1997. Já o abate de bovinos registrou 27,54 milhões de cabeças no ano passado, queda de 7,8% em relação a 2020, quando o índice já havia caído (-7,9 %) frente a 2019. O IBGE também traz nessa divulgação um novo indicador – Preço do leite cru pago ao produtor, como estatística experimental.

Em relação aos suínos, o ano de 2021 marcou o abate recorde  de 52,97 milhões de cabeças, um aumento de 7,3% (ou mais 3,61 milhões de cabeças) em relação a 2020.

De acordo com Bernardo Viscardi, analista da pesquisa, o resultado de 2021 segue o cenário observado desde o início de 2020.  “No caso dos bovinos, permanece a retenção de animais, principalmente das fêmeas, para fins de procriação. A arroba está valorizada, em um ciclo de alta, fazendo com que o produtor evite o abate” explica. O total de fêmeas abatidas ao longo de 2021 comprova: foram apenas 9,31 milhões de cabeças, o menor resultado desde 2004.

A restrição imposta pelo mercado chinês também influenciou o resultado. A China é o principal importador da carne bovina brasileira, e vinha respondendo por mais de 50% da exportação nacional. Porém, em setembro, ao se constatar dois casos atípicos da “doença da vaca louca”, o país asiático embargou a carne proveniente do Brasil. O impedimento durou até dezembro. “Isso impactou a cadeia da carne bovina, já que a exportação vem, ao longo dos últimos meses, em altos patamares” relata Viscardi. Ainda assim, as exportações de carne bovina in natura tiveram o terceiro melhor resultado da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, com 1,56 milhão de toneladas enviadas ao exterior. A crise com a China também refletiu no preço da  arroba bovina, que desvalorizou no mercado, o que fez com que o produtor segurasse o abate para tentar vender mais caro posteriormente.

Com alta no consumo interno e na exportação, frangos e suínos batem recordes

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O recorde de frangos abatidos em 2021 veio com o resultado mais alto para exportações da carne de frango in natura. Porém, não só o mercado externo influenciou no resultado: o consumo interno segue crescendo, afinal, com a alta da carne bovina, o brasileiro passou a procurar substitutos. “Tanto o frango quanto o suíno se tornaram opção de proteínas mais em conta”, diz o analista da pesquisa, lembrando os impactos da pandemia da Covid-19 na economia do país. “O desempenho na exportação auxiliou a cadeia da carne suína, que enfrentou um cenário desafiador com o aumento dos custos de produção”, ressalta Viscardi. A exportação de carne suína também bateu recorde em 2021.

Ovos voltam a bater recorde e aquisição de leite cai pela primeira vez após quatro anos

A produção de ovos de galinha em 2021 bateu recorde e registrou 3,98 bilhões de dúzias, uma variação de apenas 0,2% em relação a 2020, mas o suficiente para representar novo recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 1987. “Desde 2020, verifica-se um aumento do consumo do produto, após o início da pandemia da COVID-19, relacionado à queda no poder aquisitivo da população”, afirma Viscardi, lembrando do consumo do ovo como fonte de proteína acessível em tempos de economia desacelerada.

Já o leite captado em 2021 bateu 25,08 bilhões de litros, uma queda de 2,2% sobre a quantidade registrada em 2020. É a primeira queda após um período de quatro anos de aumentos consecutivos, 2017 a 2020 . Apesar da retração, o resultado foi o segundo melhor computado para um ano, levando em consideração a série histórica pesquisa, iniciada em 1997.  “O ano de 2021 foi marcado pela ocorrência de geadas e por um período seco mais intenso, que contribuíram para prejudicar as pastagens em algumas das principais regiões produtoras”, explica Viscardi. Além disso, houve alta dos custos com aumento dos preços dos insumos como a suplementação para o gado, o custo da energia e dos combustíveis, o que afetou a cadeia produtiva do leite. “É um setor que tem dificuldade em passar essa alta para o consumidor”, finaliza.

Já a Pesquisa Trimestral do Couro, que investiga curtumes que curtem pelo menos 5 mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano, registrou em 2021 um total de 29,34 milhões de peças inteiras, que representa queda de 4,8% em comparação com 2020, influenciada diretamente pela queda no abate bovino ao longo do período.

IBGE divulga o “Preço do leite cru pago ao produtor” como estatística experimental

O IBGE também divulgou hoje o preço do leite cru pago ao produtor no escopo da Pesquisa Trimestral do Leite. Em 2019, o preço médio por litro, em nível nacional, foi de R$1,36. Em 2020, chegou a R$1,70, e fechou 2021 em R$2,08.

Desde 2019, o questionário da pesquisa passou a ter uma consulta às empresas sobre o preço médio pago, mensalmente, pela matéria-prima adquirida (leite cru in natura, resfriado ou não).  Desde então, a variável investigada foi utilizada apenas internamente para subsidiar a coleta e a crítica dos dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM).

Para saber mais sobre as estatísticas experimentais do IBGE, acesse aqui. Acesse as demais tabelas clicando aqui.

Mais sobre a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais

A pesquisa fornece informações sobre o total de cabeças abatidas e o peso total das carcaças para as espécies de bovinos (bois, vacas, novilhos e novilhas), suínos e frangos, tendo como unidade de coleta o estabelecimento que efetua o abate sob fiscalização sanitária federal, estadual ou municipal. A periodicidade da pesquisa é trimestral, sendo que, para cada trimestre do ano civil, os dados são discriminados mês a mês.

A partir do primeiro trimestre de 2018, atendendo solicitações de usuários para acesso mais rápido às informações da conjuntura da pecuária, passaram a ser divulgados os “Primeiros Resultados” da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais para o nível Brasil, em caráter provisório. Eles estão disponíveis cerca de um mês antes da divulgação dos “Resultados Completos”. Os dados completos podem ser consultados no Sidra.

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