Suco detox: funciona se não for preparado com produtos não orgânicos?

Cada vez mais as pessoas possuem uma rotina intensa e, às vezes, acabam optando por uma alimentação mais rápida. Mas esta opção pode acarretar em riscos para a saúde, como o aumento do nível de toxinas (substâncias que provocam danos) no corpo. Para fazer a desintoxicação dessas más substâncias, muitos acreditam que o suco detox – uma mistura de várias frutas, legumes e verduras &ndash, é a solução.

Segundo a nutróloga Mariana Comério, o suco detox ajuda no funcionamento do fígado, na regulação do intestino e facilita a absorção de alguns nutrientes. A especialista afirma que a bebida só é eficaz quando é ingerida logo após o preparo, sem ter sido coada, e com a utilização de produtos frescos e orgânicos (livres de agrotóxicos e produzidos em solo trabalhado). “Quando são aplicados, os produtos não orgânicos no preparo do suco, ao invés de causar benefícios ao organismo, na verdade ele vai sobrecarregar o fígado por conta da presença de agrotóxicos e produtos químicos ”, explicou Mariana.

A médica destacou que o principal problema da ingestão a longo prazo de produtos com agrotóxicos é o desenvolvimento do câncer e, para quem tem doenças crônicas, a incidência de infecções aumenta, além de acelerar o envelhecimento e causar o acúmulo de metais pesados e toxinas que podem causar uma série de problemas ao organismo.

Orgânicos e Agroecológicos

Segundo o gerente de Agroecologia e Produção Vegetal da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Aureliano Nogueira Costa, para uma produção ser considerada orgânica é necessário não ter sido usado nada externo do sistema orgânico durante o processo de criação.

Esse tipo de sistema adota técnicas específicas que ultrapassam os cuidados com o uso ou não uso dos agrotóxicos. “É preciso entender a cultura da região, agregar valor a ela. Temos que olhar os aspectos econômicos, mas também a integridade cultural, sustentabilidade econômica e ecológica, privilegiar o uso de energias renováveis. São muitos aspectos a serem levados em conta ”, frizou Aureliano.

Para identificar se um produto é mesmo orgânico basta visualizar se ele possui o Selo de Certificação de Produtos Orgânicos, pois significa que uma auditoria autorizada pelo Ministério da Agricultura e Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) foi até a propriedade do agricultor responsável e realizou uma auditoria. De acordo com a gestora de projetos orgânicos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), este serviço é pago, mas o Sebrae arca com os custos para o produtor, porque quer incentivar todos os agricultores a se certificarem.

Em uma feira orgânica todos os produtores já passaram pelo processo de certificação. Na agroecológica, os produtores ainda estão em processo de certificação (confira no fim da matéria a lista de feiras orgânicas e agroecológicas no estado). No Espírito Santo, já são mais de 300 produtores certificados, que atuam em vários municípios, como Santa Maria de Jetibá, Iconha, Fundão, Muqui, Cachoeiro do Itapemirim, Nova Venécia, Pedro Canário e Laranja da Terra.

Produção

Atualmente, são produzidas em média três mil toneladas de orgânicos por mês no Espírito Santo. A produção de outras 10 mil toneladas está em fase de transição para o modelo orgânico. Entre os produtos que se destacam estão hortaliças em geral, frutas, produtos da agroindústria caseira, como pães, biscoitos, bolos, doces e geleias. Flores, plantas medicinais e temperos também são comercializados nos mais de 50 pontos de venda do Estado, entre supermercados, feiras livres e feiras especializadas. Pelo menos 40 municípios no Estado produzem orgânicos atualmente, 21 deles com produtores certificados.

Para impulsionar e desenvolver tecnologias voltadas à modalidade orgânica, o Incaper mantém uma Unidade de Referência em Agroecologia em Domingos Martins. Denominado “Desenvolvimento Integrado de Tecnologias e Indicadores Agroambientais para a Produção de Alimentos Orgânicos ”, o projeto treinou mais de 500 produtores e recebeu a visita de mais de 4 mil pessoas ao longo de 25 anos de história. Em 2014, venceu o Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional, concedido pelo Ministério da Integração Nacional.