O Cacau em Amêndoas de Linhares, no Norte do Espírito Santo, é pioneiro no Brasil em obtenção de registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência. O processo teve início em 2009, e o registro foi concedido em 2012, tornando-se o primeiro do país a receber o certificado. A Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau) lançou o selo de rastreabilidade da IG em 2019. Essas iniciativas fortaleceram a região, seus produtores e o produto, levando a conquistas de premiações nacionais e internacionais, como o Salão do Chocolate em Paris.

Segundo o secretário executivo da Acau, André Luiz Carvalho Scampini, o diferencial do Cacau de Linhares está relacionado ao terroir da região, que confere características únicas de solo, clima e pluviosidade. “O certificado de IG atesta a origem e a qualidade diferenciada do produto, agregando valor tanto no mercado nacional quanto internacional. Qualquer pequeno, grande ou médio negócio que esteja dentro da área da IG e cumpra os padrões de qualidade determinados pela própria certificação pode obter o selo. Isso abre novas oportunidades de negócio e renda, pois a venda é com preço diferenciado”.

Em termos de sustentabilidade, a produção de cacau em Linhares é destacada por dois sistemas preservacionistas: o cultivo em cabruca, realizado na floresta nativa preservada que sombreia as plantações; e o Sistema Agroflorestal (SAF), que permite o consórcio de cultivos diferentes na mesma área, reduzindo o uso de defensivos, fertilizantes e água. A região de Linhares tem como exemplos os consórcios cacau x seringueira, cacau x coco e até cacau x café.

Paulo Gonçalves, proprietário da marca de chocolates Espírito Cacau, destaca os benefícios da IG para os pequenos negócios, como o maior interesse dos consumidores pelo produto de origem conhecida. Ele ressalta que é importante conhecer a diferença do próprio produto e sua história para atuar com a IG. O empreendedor acredita que a IG pode impulsionar o turismo na região e tornar o produto reconhecido internacionalmente, desde que seja garantida a qualidade, impressa, principalmente, na fermentação controlada e na secagem em estufa solar. “O marketing bem-feito é fundamental para explicar as características únicas do nosso produto ao mercado. Se os pequenos produtores, associações e cooperativas juntos produzirem um cacau fino, os compradores vêm até a região ver isso mais de perto”, diz.

Gonçalves utiliza o selo principalmente no mercado internacional, onde os consumidores valorizam o sabor diferenciado e a qualidade do produto. Ele participa de feiras pelo mundo, como a “Summer Fancy Food”, em Nova York, e o “Sweet and Snake”, em Chicago, ambas nos Estados Unidos, promovendo o Cacau de Linhares.

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos