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Impactos da seca causam prejuízos à cafeicultura capixaba

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou...

por Redação Conexão Safra

em 22/01/2016 às 0h00

4 min de leitura

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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta quarta-feira (20) a primeira estimativa para a safra de café em 2016. A previsão é de que, por causa da seca, haja uma quebra de 35% na produção esperada do café conilon capixaba, considerando o crescimento médio dos últimos anos na produção dessa espécie e os impactos de dois anos consecutivos de severa estiagem. Já para o arábica a estimativa é que haja um crescimento de 17,93% na produção em relação à 2015. Os dados foram coletados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Para amenizar os sucessivos impactos da escassez hídrica na agropecuária capixaba, o Governo do Estado está fazendo o maior investimento da história do Espírito Santo em reservação de água e pesquisa aplicada. Nos próximos três anos, serão investidos R$ 60 milhões na construção de barragens no interior do Estado. Além disso, recentemente, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), lançou o edital “+ Pesquisa AgroCapixaba ”, que prevê um investimento de R$ 14 milhões em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que contribuam para o desenvolvimento sustentável do agronegócio capixaba.

Estimativa da safra

Devem ser colhidas no Espírito Santo em torno de 11,1 milhões de sacas de café, sendo entre 3,36 milhões e 3,57 milhões de sacas de arábica, e entre 7,47 milhões e 7,93 milhões de sacas de conilon. Fazendo um paralelo entre a produção de 2015 e 2016, verifica-se o acréscimo de 4,33% na produção geral do Espírito Santo, com acréscimo de 17,93% para o café arábica e decréscimo de 0,82% para o café conilon. Porém, em análise feita pelo Incaper, se o Estado não tivesse sofrido com os problemas climáticos, como seca, má distribuição de chuva, altas temperaturas e grande insolação, a expectativa para 2016 era de colher cerca de 11,5 milhões de sacas, somente de café conilon.

A produção prevista nesta primeira estimativa está 4,33% maior do que o que foi colhido em 2015 (10,7 milhões de sacas), mas isso graças ao arábica. “Foi registrado um crescimento na produção de arábica e uma redução do conilon. Isso porque, no geral, na região onde se planta arábica houve uma melhor distribuição da chuva. A seca interferiu menos no arábica, que já vinha há dois anos com safra baixa ” explicou Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do programa estadual de cafeicultura.

No cenário nacional, de acordo com a primeira estimativa de 2016, a safra brasileira de café deve ser em média 20% maior. O Brasil deve colher em torno de 50 milhões de sacas. A produção do Espírito Santo, que correspondia a 27% do total produzido no país, deve cair para 22%. “O Espírito Santo deve crescer apenas 4,33%, puxado pelo arábica. Esses números comprovam o grave problema que o conilon capixaba tem enfrentado devido à seca e reforça a importância de nossas ações de construção de barragens, reflorestamento e de investimentos em pesquisa ”, destaca o secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto.

No caso específico do conilon, o Espírito Santo experimentava um franco crescimento. Em duas décadas, a produção do robusta no Estado cresceu em média 15% ao ano. O crescimento dos últimos dez anos ficou entre 8% e 9% ao ano. Mas diante deste cenário de estiagem, que se arrastou pelos últimos dois anos, houve uma ruptura dessa produção crescente.

O caso técnico do Conilon

As questões climáticas afetam as lavoura de conilon em vários aspectos técnicos, principalmente se faltar água nas épocas de formação e enchimento dos grãos. A seca dos dois últimos anos, a falta d’água para a irrigação e as altas temperaturas levaram à diminuição do crescimento da planta, tanto vertical como horizontal (crescimento dos ramos produtivos).

O vigor da planta diminuiu, assim como a área foliar. Além de folhas menores, houve queda de folhas. A planta faz menos fotossíntese e tem menos reserva de energia para o grão. A indução floral também foi comprometida pela estiagem. Além da menor quantidade de flores, houve abortamento, o que afeta a fertilização e a fecundação (transformação da flor em fruto). Quanto aos frutos, eles são menos numerosos, menores e podem cair. O desequilíbrio pode levar ainda ao maior ataque de pragas como a cochonilha da roseta, lagarta da haste e ácaro vermelho. E mais: a falta d’água pode retardar as adubações, e a escassez de alimento para a planta interfere no seu desenvolvimento e no do fruto. De maneira geral, o déficit hídrico afeta não apenas a produtividade, mas também a qualidade final do produto.
,Fonte: SEAG ,

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