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Café de Qualidade em meio à cordilheira

Produtores de comunidade rural no alto das montanhas do Caparaó, na divida com minas gerais, se destacam na produção de Cafés superiores. Um deles venceu vários concursos, inclusive o concurso nacional da Abic

por Redação Conexão Safra

em 04/10/2013 às 0h00

7 min de leitura

Café de Qualidade em meio à cordilheira

Uma saca de café vendida por R$ 3 mil. Este deve ser o sonho de, pelo menos, 99% dos produtores de café do Brasil. E foi o que conseguiu um cafeicultor da comunidade de Forquilha do Rio, no distrito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, na região do Caparaó, sul do Espírito Santo, na divisa com Minas Gerais. O produtor José Alexandre de Abreu Lacerda tem se destacado pelo recebimento de premiações em concursos de cafés de qualidades, inclusive, em nível nacional.


Recentemente, ele foi o vencedor do 9º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), na categoria Microlote, justamente, quando a saca de seu café arábica foi negociada por R$ 3 mil. O preço é uma exceção, só conseguida em concursos deste nível, mas que é resultado de muito trabalho, repetido por um grupo de agricultores da região, localizados nesta região de divisa capixaba-mineira.


Além da união entre os produtores rurais, José Alexandre e outros agricultores têm recebido o apoio técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). E o apoio também tem chegado em forma de equipamentos, por meio da Associação de Produtores Rurais de Pedra Menina (Aprupem), como a instalação de um descascador de café, entregue pela Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), o que ajudou a alavancar a qualidade na produção.


Contudo, apesar de reconhecer o apoio do Governo do Estado, o presidente da Aprupem, Raimundo Magalhães, coloca que é preciso mais, para que os produtores da região possam manter a produção de qualidade, como a demonstrada por José Alexandre, no concurso da Abic. “Hoje, temos o melhor café da Abic, mas precisamos garantir mercado para esse café de alta qualidade, que pretendemos continuar produzindo, para que possamos sair dos atravessadores ”, afi rma. Por isso, os produtores se reuniram, recentemente, com o Secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, com a prefeita de Dores do Rio Preto, Cláudia Bastos, e vereadores.


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Raimundo explica que o descascador existente fi ca próximo à Forquilha, bem acima dos mil metros de altitude e longe de outros cafeicultores de Pedra Menina, que também trabalham na produção de cafés de qualidade, uma característica da própria região, toda localizada em altitudes acima dos 800 metros, o que é importante para a produção de cafés desse tipo. Ele revela que a comunidade possui outro descascador que precisa ser montado &ndash, o que não é barato, para atender os produtores próximos à sede de Pedra Menina. “Por isso, estamos pedindo mais dois descascadores, para atendermos outras comunidades, o que vai permitir termos maior quantidade de cafés de qualidade superior, podendo buscar o comércio exterior, sem precisarmos passar pelos atravessadores ”, enfatiza.


O presidente da Associação destaca que o clima e a altitude, na região de Pedra Menina, são ideais para a produção de cafés de qualidade, bebida mole, mas afi rma que os produtores são prejudicados pelos comerciantes do produto (atravessadores) que só classifi cam o café da região, no máximo, como bebida dura, o que dá uma grande diferença no preço. “Então, precisamos de maior infraestrutura, para que possamos garantir maior produção de café de qualidade para buscarmos outros meios de comercializar o nosso produto, com preço justo ”, afirma Raimundo, que também classifi ca como fundamental o apoio que os cafeicultores de Pedra Menina têm recebido do Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Seag e do Incaper, e também da Prefeitura de Dores do Rio Preto. Busca pela qualidade O vencedor do concurso da Abic, o cafeicultor José Alexandre Abreu de Lacerda também destaca o apoio da orientação técnica e equipamentos fornecidos pelo Governo do Estado do Espírito Santo, o que ajudou a alavancar a qualidade do produto, segundo ele. O produtor também reconhece o apoio da Emater de Minas Gerais e as visitas feitas a cidades vizinhas, para conhecer novas técnicas de manejo do café arábica, para atingir qualidade cada vez melhor.


Foi então que José Alexandre passou a perceber que seu produto tinha potencial e características importantes que possibilitavam a produção de café de alta qualidade, contando com o descascador instalado pela Seag, do Espírito Santo, e “caprichando no manejo ”, junto com outros produtores. Contudo, revela que muitos cafeicultores da região desanimaram em continuar com a produção de café bebida mole &ndash, “que não é fácil de ser feito ”. “Este ano, apenas seis produtores descascaram café ”, revela.


Desta forma, está aí a justifi cativa para se buscar a união entre os produtores e maior estruturação, com instalações de mais descascadores na região. De acordo com José Alexandre, o objetivo é trazer mais cafeicultores para a associação, para aumentar a produção de cafés de qualidade e chamar a atenção do mercado. “A ideia é fazer um lote de café que possa ser comercializado diretamente com o mercado externo, focando o trabalho de forma profi ssional ”, afi rma o produtor campeão, que tem como objetivo sempre melhorar. “Temos como fazer melhor e acertar onde estamos fazendo errado ”, pontua


Estado e prefeitura acreditam em potencial da região


O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, comemora a vitória de José Alexandre no concurso da Abic, colocando que o Espírito Santo precisa fazer café de qualidade. “Café com a saca a R$ 3 mil é muito bom ”, afi rma. E destaca como positivo o fato dos equipamentos instalados pelo Governo do Estado, como os descascadores, estarem dando resultado. “E isso também demonstra que precisamos ter um concurso de qualidade de café na região do Caparaó ”, ressalta.


O secretário lembra que o Governo tem muitas ações na área da agricultura e destaca o café e o leite como os carros-chefes do setor no Estado. “Por isso, o produtor precisa ser um empreendedor, porque sua renda depende de seu trabalho, ele não tem contra-cheque ”, afi rma o secretário, enfatizando que o desenvolvimento do Espírito Santo passa pela agricultura, principalmente pelo café e o leite. “Precisamos investir no interior, para não concentrar renda na Grande Vitória e, para isso, temos que nos concentrar em quem mais precisa: o agricultor familiar ”, destaca Bergoli.


Prefeitura


Já a prefeita de Dores do Rio Preto, Cláudia Bastos, destaca a iniciativa dos produtores de Forquilha do Rio, em Pedra Menina, como um “trabalho de formiguinhas ”, trazendo informações para profi ssionalizar a produção de café na região. Segundo ela, com estas ações e investimentos do Estado e da Prefeitura, é possível conseguir a marca como produtores de cafés de alta qualidade. “E o nosso objetivo é que isso se expanda por todo o município de Dores do Rio Preto, para que todos nossos cafeicultores tenham a mesma oportunidade ”, afirma.


Assistência técnica do Incaper foi fundamental para resultado

Os resultados alcançados pelo cafeicultor José Alexandre teve grande colaboração do Incaper, instituto ligado à Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), que forneceu orientação técnica, para a produção de café de qualidade. “Recebemos assistência técnica, o que foi muito importante, porque fomos orientados em como proceder de forma correta nos tratos com a lavoura e na colheita, a fi m de produzir o café de qualidade ”, afi rma José Alexandre.


De acordo com o chefe do escritório local do Incaper de Dores do Rio Preto, Norberto das Neves Frutuoso, o instituto tem acompanhado José Alexandre no manejo da lavoura de café. “Realizamos capacitações, excursões técnicas e prestamos assistência técnica ao produtor. Esse conjunto de ações contribui para a melhoria da qualidade do produto ”, destaca. No município de Dores do Rio Preto, existem 1.300 cafeicultores, em uma área de 3.300 hectares, onde são produzidas, anualmente, 52 mil sacas de café e 60 sacas de cafés superiores.




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