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Renata Erler

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Mulheres no Agronegócio

por Renata Erler

em 08/03/2022 às 9h15

4 min de leitura

No dia 08 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, oficializado pela ONU em 1975, a fim de celebrar as conquistas e avanços políticos e sociais das mulheres.

As mulheres têm conquistado cada vez mais lugares de destaque em diversos setores da sociedade, e no agronegócio não seria diferente. Segundo estudos da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), as mulheres administram cerca de 30 milhões de hectares, o que representa 8,5% do espaço agrícola existente no Brasil, um crescimento de 6% nos últimos 11 anos.

Mesmo assim, ainda temos um caminho longo a percorrer em busca de equidade de gênero no setor. Por outro lado, também temos muito que comemorar. Temos hoje lideranças femininas em destaque nacional, tal como a Ministra Tereza Cristina, comandando a política do agronegócio brasileiro à frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Dra  Tereza Vendramini, Presidente da Sociedade Rural Brasileira, uma das instituições mais respeitadas do agronegócio. De uma forma ou de outra, esses exemplos trazem um efeito cascata de respeito e representatividade à todas as mulheres que trabalham no mercado rural.

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Quando ingressei no mercado de trabalho, em uma empresa de nutrição animal, por muitas vezes fui a única mulher presente nas reuniões e treinamentos, e hoje somos várias mulheres competentes e inspiradoras atuando na área. Mas, segundo o IBGE, a cada 10 cargos de liderança no agronegócio nacional, apenas dois são ocupados por mulheres, o que indica que, apesar do forte esforço dos ambientes corporativos em valorizar a presença feminina, há muito a ser feito.

Ainda persiste a crença que a fragilidade física da mulher seja um obstáculo para a atividade no agronegócio, o que nem de longe retrata a realidade, mormente quando as tecnologias trazem às operações uma menor dependência da força e gradativamente equilibra as aptidões entre competências e conhecimentos. Ou seja, fatores que independem de gênero para melhor apuração dos resultados perseguidos.

Comprovadamente a diversidade e pluralidade de pensamentos trazem soluções diferentes, principalmente em um mercado como o agronegócio, que historicamente tem a predominância do pensamento masculino. As transformações estão sendo impulsionadas pelas novas práticas e tendências de mercado que são alteradas quase que diariamente.

Afinal, em um ambiente que reúna por muito tempo pessoas que pensam igual, por terem visões de mundo semelhantes, além de não haver novos aprendizados, também tendem a chegar no mesmo ponto final, enquanto que em um time diverso, haverá diferentes visões de mundo, experiências e sensibilidades, trazendo novas soluções e resultados para os mesmos problemas.

E aí nós, mulheres, fazemos a diferença. E que não pensem que as mulheres precisam de ambientes diferentes ou prioridades no agronegócio. Já provamos que conseguiremos nossos espaços da mesma forma que qualquer outro profissional conquista, qual seja, estudando, se capacitando e levando resultado na produção ao seu grau máximo.

Mas, por experiência própria, precisamos entender que o preconceito existe e é praticado, normalmente por homens que efetivamente não se acostumam com mulheres mais competentes ao lado, principalmente em uma atividade onde mulheres nunca competiam pelos mesmos cargos. Mas, chegou a hora e cabe às instituições e corporações manterem a vigilância para impedir tais empecilhos, para o seu próprio benefício.

Vale destacar que além dos ambientes corporativos, também estamos presentes e com participação fundamental dentro das porteiras, na construção do PIB brasileiro. Sujamos as nossas botinas, acordamos de madrugada para chegar ao curral na primeira ordenha, rodamos as propriedades para a contagem dos animais e nas colheitas das lavouras, ou seja, por falta de força e esforço não ficamos para trás.

Por fim, rogo que esta data seja sempre um revigoramento de pautas inclusivas, de igualdade e protetivas das mulheres, frente às adversidades que enfrentamos. E ainda, que a sociedade não se perca no simbolismo da data comemorativa e que cada cidadão, aqui especialmente os homens, que estão ao nosso lado na lida do campo e da produção, respeitem os desafios femininos e respeitem as mulheres que também movem a máquina do agronegócio brasileiro.

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