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Avicultura

ENTREVISTA | ES reforça medidas de prevenção contra gripe aviária

por Fernanda Zandonadi

em 23/02/2023 às 7h00

5 min de leitura

ENTREVISTA | ES reforça medidas de prevenção contra gripe aviária

Foto: Pixabay

A gripe aviária preocupa muito e há muito tempo os avicultores de todo o mundo. Para dar uma ideia de como o problema é crônico, o Espírito Santo adota medidas de prevenção contra a doença desde 1994, por meio do Programa Nacional de Sanidade Avícola e a legislação de registro de granjas.

Recentemente, após o aumento no número de casos da influenza aviária na América do Sul, o Brasil e o Estado estão reforçando as medidas de biosseguridade por meio da restrição de visitas e o vazio sanitário de 14 dias para pessoas que viajaram para o exterior.

O setor acompanha a situação com preocupação e mantém os produtores atualizados, explica a coordenadora técnica da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves), Carolina Covre. Em caso de suspeita e confirmação, afirma, há todo um protocolo já estabelecido. “Esse plano de contingência considera aspectos como interdição da granja, criação de zonas de proteção e de vigilância ao redor do foco e todas as ações a serem estabelecidas para o controle e erradicação da doença”, explica.

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Embora a doença seja uma ameaça global, o Brasil trabalha ativamente para se manter livre dela. Existem protocolos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por associações, órgãos estaduais e pelos próprios avicultores para lidar com a infecção, caso ocorra. A situação é de alerta e preocupação, mas a maioria dos casos identificados na América do Sul ocorreu em aves silvestres.   Confira os detalhes na entrevista com Carolina Covre:

Carolina, quais medidas estão sendo adotadas para evitar a entrada da gripe aviária no Espírito Santo?

É importante destacar que a prevenção da Influenza Aviária não começou agora. O Programa Nacional de Sanidade Avícola foi criado em 1994 e, a partir daquele ano, já foram estabelecidas diversas legislações para prevenção, vigilância e controle de doenças no país, principalmente a Influenza Aviária. Por exemplo, em 2007, foi publicada a legislação sobre registro de granjas, que estabelece medidas de biosseguridade. Com isso, as granjas vêm adotando cercas, telas anti-pássaros, fazendo a desinfecção de veículos e realizando o controle de pessoas, para impedir a entrada da doença nos locais. Recentemente, o Plano de Vigilância da doença foi atualizado. Aqui no Espírito Santo, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) vem fazendo a coleta de amostras nas granjas e criações de subsistência para verificar se há circulação do vírus. Foram 585 amostras coletadas em 2022. Temos toda uma parte de notificação dos sinais clínicos em aves domésticas, aves de criação comercial e de subsistência e aves silvestres, ou seja, a preparação vem de muito tempo.

Agora, com o atual cenário de casos mais próximos da América do Sul, esses cuidados já listados têm sido intensificados com ações de comunicação com os produtores e a população em geral, para divulgar os sintomas e a importância das notificações. As medidas de biosseguridade que já existiam foram reforçadas, por exemplo, a restrição de visitas de pessoas que não são funcionários das granjas. Além disso, existe a indicação para a realização de vazio sanitário de 14 dias para os casos de pessoas que fizeram viagens internacionais e desinfecção de todos os objetos utilizados durante as viagens, como bolsas e calçados. O setor tem se articulado com os órgãos oficiais e instituições (Idaf, Seag, Mapa, Coesa-ES, ABPA) para sempre estar atualizado e programado com ações de reforço, além das campanhas de comunicação e os alertas sobre a importância das notificações.  Junto ao setor nacional, a Aves participa do Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária (Gepia), coordenado pela ABPA.

Como o setor acompanha a escalada da doença?

O setor tem acompanhado a escala da doença com preocupação e atento aos avanços nas aves silvestres, devido ao período de migração das mesmas. Temos mantido todos os produtores atualizados com notícias e informativos.

É uma questão de tempo a doença chegar aqui?

Há muitos anos que a Influenza Aviária é uma ameaça para a avicultura comercial em todo o mundo, mas o Brasil tem se mantido livre dessa doença e trabalha ativamente para permanecer com esse status sanitário. Infelizmente não temos ações para impedir que a doença avance pelas aves silvestres, mas os esforços são para impedir que chegue nas granjas comerciais, o que estamos fazendo muito bem,  devido à nossa biosseguridade e vigilância constante.

 Se a doença chegar ao Espírito Santo, há protocolos para lidar com a infecção?

Sim, existem protocolos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para lidar com essa infecção e todas as granjas também possuem seus próprios planos de contingência, que se baseiam no modelo estabelecido pela legislação, que será seguido pelo Idaf, caso haja uma notificação que se enquadre em suspeita e, posteriormente, em confirmação. Esse plano de contingência considera aspectos como interdição da granja, criação de zonas de proteção e de vigilância ao redor do foco e todas as ações a serem estabelecidas para o controle e erradicação da doença.

Hoje, qual é a gravidade da situação?

A situação é de alerta e preocupação, por isso estamos fazendo todos esses reforços para permanecermos livres dessa doença. A palavra é prevenir e reforçar todas as medidas. Existem diversas legislações e estamos preparados para o caso de identificação de algum caso. O que temos observado nos casos ocorridos em países da América do Sul, é que a grande maioria foram em aves silvestres, algo que é difícil impedir, devido à migração e aspecto de vida livre dessas aves. É importante ressaltar que o Brasil só terá seu status de livre da doença modificação se algum caso for identificado em granjas comerciais.

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