Mais lidas 🔥

Tragédia de Mariana
Bananas cultivadas em área com rejeitos do Rio Doce podem oferecer risco a crianças, diz estudo

Periquito-da-praia
A vovó tinha razão! Estudo confirma potencial anti-inflamatório de planta da medicina popular

Modelos climáticos
La Niña deve perder força nos próximos meses e terminar no fim do verão

Modelos climáticos
Próximo El Niño deve ser formar em 2026

Mercado
Mesmo com menor demanda, baixa oferta garante estabilidade nos preços do mamão

Pesquisas desenvolvidas no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Vila Velha, estão transformando resíduos agrícolas de inhame e gengibre em novos materiais sustentáveis, como bioplástico e papel, com potencial de aplicação no meio rural e na indústria.
Um dos projetos trabalha com a produção de papel a partir do resíduo do gengibre. Depois da extração de óleos essenciais e de extratos vegetais, o bagaço da raiz passa a ser utilizado para a preparação das fibras que dão origem ao papel. O material já foi produzido em laboratório, mas ainda está em fase de melhoria, principalmente para aumentar sua resistência.
A ideia é chegar a um papel feito 100% de gengibre ou com adição de celulose. Conversas, nesse sentido, já estão acontecendo com uma fabricante de papel capixaba. A proposta futura é desenvolver caixas de papelão para exportação da especiaria, criando um ciclo em que o resíduo retorna ao produtor em forma de embalagem.
Outro destaque é o desenvolvimento de um bioplástico feito a partir do amido do inhame, cultura amplamente produzida no Espírito Santo. O projeto aproveita o descarte do tubérculo para extrair o amido e transformá-lo em um material biodegradável. A proposta é utilizar o bioplástico principalmente em embalagens de frutas, com o objetivo de aumentar o tempo de prateleira dos produtos.
A equipe estuda ainda a incorporação de óleos essenciais de gengibre ao bioplástico, buscando conferir atividade antimicrobiana ao material. Atualmente, o bioplástico está em fase de aprimoramento, pois a película ainda não atingiu a espessura e a resistência ideais.
As iniciativas são coordenadas pelo professor Hildegardo Seibert França, que orienta os trabalhos. As duas pesquisas surgiram a partir da demanda de alunos do ensino médio integrado, aproveitando o fato de que o gengibre já vinha sendo utilizado em outros estudos, o que gerava resíduo disponível para reaproveitamento.
O principal objetivo dos estudos, segundo o professor, é “reaproveitar refugos e resíduos de produtos agrícolas, que normalmente seriam descartados, para transformá-los em novos produtos com valor agregado, promovendo a economia circular”. Após o aperfeiçoamento dos processos e os ajustes técnicos necessários, a equipe pretende entrar com pedido de patente das tecnologias desenvolvidas.
Ainda de acordo com Hildegardo, “a expectativa é que, com o avanço dos estudos, as tecnologias possam ser transferidas para o mercado, fortalecendo a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento rural capixaba”. Hildegardo conta que além do impacto ambiental positivo, os projetos têm forte caráter educacional, ao integrar alunos do ensino médio em pesquisas aplicadas e alinhadas às demandas do setor produtivo.
O projeto teve início no começo deste ano e conta com parceiros do meio rural: um produtor e exportador de gengibre de Santa Maria de Jetibá fornece as sobras de gengibre. Já o inhame é disponibilizado por um produtor de São Bento de Urânia, interior de Alfredo Chaves.





