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Agroecologia

Nova Venécia lidera promoção de uma alimentação orgânica e consciente

por Leandro Fidelis

em 10/06/2024 às 5h00

4 min de leitura

Nova Venécia lidera promoção de uma alimentação orgânica e consciente

Primo Dalmásio (foto) e Edmundo Pereira exemplificam a força da agricultura familiar sustentável em Nova Venécia, impulsionando a saúde e a economia local. (*Fotos: Divulgação)

Em Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo, a agricultura familiar floresce em meio a um cenário de compromisso com a sustentabilidade e a qualidade dos alimentos. Essa abordagem vem ganhando cada vez mais adeptos, impulsionando iniciativas como a Cooavaf, a Cooperativa Veneciana de Agricultores Familiares, que busca não apenas fornecer alimentos de qualidade, mas também promover a autonomia e a prosperidade dos produtores rurais do município.

Com o objetivo de se tornar a primeira cooperativa orgânica do Espírito Santo a partir de 2026, a Cooavaf conta com 60 associados e opera dentro do eixo da agroecologia, fornecendo alimentos tanto convencionais quanto orgânicos. A cooperativa é ligada à União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) e, devido à recente implantação, ainda faltam alguns ajustes burocráticos para serem acertados.

Primo Dalmásio, vice-presidente da Associação Veneciana de Agroecologia Universo Orgânico e coordenador da cooperativa, destaca que a cooperação já estabeleceu parcerias com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), proporcionando alimentos saudáveis e sustentáveis para as escolas locais. Ele ressalta a importância dessa transição para uma agricultura mais limpa e saudável, afirmando que alimentos orgânicos são uma necessidade da sociedade moderna. Ele enfatiza os benefícios não apenas para a saúde, mas também para o meio ambiente e a economia local. “A agroecologia é um enfrentamento, uma necessidade. Alimento orgânico é um projeto de vida”, disse a liderança.

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Apesar dos desafios burocráticos e logísticos, a Cooavaf avança com determinação, realizando entregas regulares de produtos agrícolas com a perspectiva de expandir a oferta para incluir exclusivamente alimentos orgânicos. O envolvimento ativo da comunidade educacional e o crescente interesse por alimentos sustentáveis estão impulsionando esse movimento, que promete não apenas melhorar a saúde e o bem-estar dos consumidores, mas também fortalecer a autonomia e a qualidade de vida dos agricultores locais.

“O município vai gastar menos com tratamento de saúde, crianças vão se desenvolver mais no aprendizado. Tenho certeza de que se trata de um projeto muito bom. Pessoal da educação está muito entusiasmado e vai ajudar nas formações e palestras”, diz Dalmásio, acrescentando que o cardápio das escolas conta com mais de 30 alimentos naturais, dentre frutíferas e folhosas.

As entregas aos clientes são feitas a cada 15 dias, média de 20 toneladas por entrega, o que varia conforme a sazonalidade dos produtos. “A gente é aquilo que come. O espaço da agricultura orgânica vem crescendo mais de 30% ao ano, gerando muitas oportunidades. Quem quer qualidade de vida no futuro, tem que partir para a boa alimentação. Quando você entra na produção limpa, se torna autônomo, porque tudo o que é produzido está dentro da propriedade. Ao contrário da produção química, onde você é dependente”.

No mesmo município, o agricultor Edmundo Gonçalves Pereira se destaca como exemplo de práticas agrícolas responsáveis. Ganhador do 6º Prêmio Prêmio Banco do Nordeste de Agricultura Familiar, na categoria Sustentabilidade, sua jornada é marcada pela adoção de técnicas agroecológicas e orgânicas desde 2005. Edmundo desenvolve a pecuária de leite, juntamente com a fruticultura e a horticultura. “Desde que adquiri o sítio trabalho com essa perspectiva agroecológica, decidindo não usar agrotóxico e adubo químico”, conta.

Para o agricultor, a agroecologia e a produção orgânica não refletem apenas um estilo de vida, mas também uma filosofia que valoriza a saúde do solo, a biodiversidade e o bem-estar das comunidades locais. Ao longo dos anos, Edmundo e outros agricultores locais têm trabalhado em estreita colaboração com a Associação de Pesquisa e Tecnologia Agropecuária do Estado do Espírito Santo (APTA), adotando práticas sustentáveis e recusando o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos. Com o apoio da APTA, eles formaram um grupo de 11 famílias, compartilhando conhecimentos e experiências para fortalecer suas atividades agrícolas.

Atualmente, o foco principal de Edmundo está na produção de frutas como goiaba, acerola, manga e pitaya, além da criação de duas vacas leiteiras para obter esterco orgânico e promover a autossuficiência na propriedade, de 10 hectares.

O agricultor Edmundo Gonçalves Pereira se destaca como exemplo de práticas agrícolas responsáveis.

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