Tecnologia e inclusão: a Engenharia como ponte para a autonomia humana
Durante a 80ª SOEA, em Vitória (ES), especialistas destacaram como a Engenharia impulsiona a acessibilidade e transforma a vida de milhões de pessoas com deficiência
por Redação Conexão Safra
em 08/10/2025 às 11h01
4 min de leitura

Foto: divulgação
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Em um país com 14,4 milhões de pessoas com deficiência, a Engenharia se consolida como aliada essencial na promoção da acessibilidade, do bem-estar e da autonomia. Foi com esse propósito que o painel “Inclusão na prática: como a Engenharia influencia na vida das pessoas com deficiência” reuniu profissionais da tecnologia, do ensino e do setor público, na tarde desta terça-feira (7), durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), em Vitória (ES).
Logo na abertura, o engenheiro civil Daniel Faganello, representante do Confea no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), destacou o compromisso do Sistema Confea/Crea com a Agenda 2030 da ONU e com políticas de equidade e inclusão. “Estivemos no Fórum da Sociedade Civil da 18ª Sessão da Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (COSP18), na sede das Nações Unidas, e reafirmamos o compromisso com a acessibilidade”, afirmou.
Faganello alertou ainda para os desafios de adaptação das edificações já existentes, especialmente em países em desenvolvimento, onde limitações econômicas dificultam reformas. Segundo ele, é urgente que governos criem políticas de incentivo, com linhas de financiamento acessíveis, juros reduzidos e suporte técnico, garantindo às pessoas com deficiência o direito pleno à participação social, cultural e profissional.
A ativista e criadora de conteúdo Suzana Lima, que tem deficiência física, lembrou que a Engenharia vai muito além da construção civil: é um campo comprometido com o desenvolvimento humano. “Trata-se de uma área que desenvolve tecnologias assistivas capazes de promover acessibilidade, como previsto na Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146). É, de certa forma, a medicina das construções, que melhora a vida humana de forma prática e garante autonomia”, definiu.
Suzana também destacou a importância da Engenharia política e social, que fomenta projetos, planos e investimentos voltados à redução das barreiras na sociedade. “Diversidade são as diferenças que somam. Inclusão é a participação que avança”, concluiu, sob aplausos.
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Entre os projetos apresentados, destacou-se a eletroestimulação funcional aplicada ao ciclismo, conduzida pelo engenheiro eletrônico Roberto Baptista, coordenador do Projeto Empoderando Mobilidade e Autonomia (EMA) da Universidade de Brasília (UnB). “A iniciativa utiliza eletrodos e equipamentos que aplicam pulsos elétricos para estimular a contração muscular”, explicou.
O paratleta Estevão Lopes, integrante do projeto, compartilhou sua experiência: “Ganhei massa muscular, melhora na circulação e autoconfiança. Essa tecnologia me devolveu qualidade de vida”. Vítima de uma bala perdida em Brasília há dez anos, Estevão ficou paraplégico e hoje é atleta de alto rendimento, com participação em duas Paralimpíadas. “Você que é engenheiro, muito obrigado por fazer parte dessa corrente do bem e transformar vidas”, declarou, emocionando o público.
A professora Márcia Pletsch, vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial (ABPEE), apresentou um estudo sobre o uso de tecnologia assistiva na comunicação de crianças com deficiência múltipla não oralizadas, em decorrência da Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV). Os resultados mostraram que os recursos tecnológicos contribuem para o desenvolvimento da comunicação, da interação social e da escolarização, desde que acompanhados de apoio adequado no ambiente escolar e familiar.
O engenheiro de produção Yves Carbinatti, secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Rio Claro (SP), encerrou o painel incentivando os colegas a aplicarem o conhecimento técnico em soluções práticas para a sociedade. Vítima de um acidente automobilístico em 2008, que o deixou em cadeira de rodas, Yves decidiu dedicar sua carreira à inclusão. “Em 1930, as cadeiras de rodas tinham design tubular; em 1950, passaram a ser motorizadas; hoje, são anatômicas, seguras e com autonomia. As próteses também evoluíram — de madeira para fibra de carbono, mais leves e resistentes. A Engenharia é a solução para todos”, concluiu.
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