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Reportagem Especial

A semente da solidariedade está plantada (parte 3)

A missão de perpetuar a herança do bem em Venda Nova do Imigrante encontra caminho promissor na educação; parceria com cooperativa de ensino estimula voluntariado mirim

por Leandro Fidelis

em 24/11/2022 às 14h14

4 min de leitura

A semente da solidariedade está plantada (parte 3)

(*Foto: Leandro Fidelis- Imagens com direito autoral. Proibida reprodução sem autorização)

Um dos desafios na Capital Estadual do Voluntariado é a manutenção do trabalho solidário nas atuais e próximas gerações. Uma missão que encontra caminho promissor na educação. Ações junto a estudantes de Venda Nova do Imigrante (ES) e cursos de bordados estão entre as iniciativas para renovar e perpetuar a tradição de se doar em benefício do próximo.

A Avapae, por exemplo, participa do projeto “Venda Nova: Toda Cidade Tem História”, desenvolvido pela Escola Coopeducar- Centro de Educação e Cultura Saber (cooperativa de ensino com 21 anos de criação) com alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental 1. Dentro da proposta de estudar o município, os estudantes aprendem como a solidariedade é uma das marcas fortes de Venda Nova.

Segundo a coordenadora, Lúcia Helena Larrieu, o tema é abordado em sala de aula durante todo o ano. Os alunos pesquisam as pessoas e associações e, geralmente, algumas voluntárias vão à escola para falar do seu trabalho. “É um momento de muita troca”, diz.

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Um dos pontos chave do projeto é transformar os desenhos infantis em panos de prato bordados. Ao final do ano, a escola realiza uma exposição para os pais, que compram o artesanato da Avapae. “Depois da mostra, as famílias acabam voltando à sede das voluntárias para encomendar outros exemplares”.

Os alunos Danielle Côrrea Falqueto e César Pinto Falqueto (na foto que abre esta reportagem), ambos com nove anos, já estão despertos da importância do voluntariado. Ele conta que a avó Maria Zandonadi trabalhava na Avapae e nas Voluntárias Pró-HPM e a mãe, Rosania, atua na equipe de limpeza da Festa da Polenta.

Soube que os voluntários ajudam sem receber”, diz Danielle, interrompida pelo colega. “Mas eles recebem muito amor e carinho”.

A menina, que sonha em ser ginasta, pensa em bordar futuramente em alguma entidade. A expectativa é com a próxima aula de artes, quando a escola ensinará a técnica às crianças. César tem duas tias costureiras e gostaria de aprender a lidar com a máquina de costura também.

A voluntária Penha Faé e a presidente da Avapae, Maria Teresa Falchetto mostram bordados feitos a partir de desenhos de estudantes.

E parece que o “vírus bom” da solidariedade contaminou os pequenos. “Se não existissem as voluntárias da Pastoral da Saúde, por exemplo, a gente teria que comprar remédios não naturais”, diz César. “E se não fossem os voluntários da Apae, não haveria pessoas para cuidar de quem tem necessidades especiais”, conclui Danielle.

A presidente da Avapae, Maria Teresa Falchetto, disse acreditar que o futuro do voluntariado está na educação das crianças. “Temos que investir nos pequenos para eles se tornarem os grandes voluntários do futuro”.

Para Marlene Piazzarollo (IJBS), envolver as escolas pode ser a solução para a continuidade do voluntariado. “Este ano levei um dever de casa para as crianças da Coopeducar. Mostrei uma ecobag feita por nós e expliquei que, depois de pronta, custava X. E que se todo mundo fizesse aquele mesmo trabalhinho sozinho ou com ajuda dos pais em casa ia entrar X dinheiro que daria para comprar X cobertores para o hospital. Demos pedaços de jeans velho e panos para cada um fazer as ecobags e foi um sucesso. Todos foram levar os trabalhos para o Instituto e passaram a se envolver com a causa”.

A voluntária multitarefas Enedina Caliman reforça o coro, mas se preocupa com o uso excessivo da tecnologia. “Só conquistamos os mais jovens quando eles compreendem o exemplo que a gente vai deixar. Infelizmente essa coisa de celular… Antes, estávamos todos juntos, e hoje os mais novos só ficam ligados no aparelho”, finaliza.

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