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Piscicultura

Tilápia: O segundo peixe mais consumido do mundo

por Animal Business Brasil

em 13/02/2019 às 18h42

9 min de leitura

Tilápia: O segundo peixe mais consumido do mundo

*Por Edino Camoleze

Origem

Segundo a historiografia da piscicultura mundial, o peixe tilápia
(Oreochromis niloticus, Linnaeus, 1758),
Fig 01, com cerca de 70 espécies e subespécies distribuídas nos gêneros:
Oreochromis, Sarotherodon, Petrotilapia
e
Tilapia,

tem como pátria o continente africano, sendo o rio Nilo e o lago Vitória, seus principais nichos ecológicos primitivos e originais. Registros históricos também indicam que esse peixe já era cultivado em aquicultura pelos egípcios há 4 000 a.C., pela facilidade de criação, alta prolificidade, alimentação herbívora e onívora, resistência a doenças e sabor da carne, considerada especiaria nos banquetes e festas egípcias e romanas.

Fig 01 &ndash, Tilapia, (Oreochromis sp)

Expansão mundial

Presente nos cinco continentes que formam o planeta: África, Ásia, Europa e América do Norte e do Sul, a tilápia, dentre os peixes de água doce, foi o que mais imigrou e migrou territorialmente entre os continentes constituindo habitats e biótopos diferentes nas mais distantes e diversas partes do mundo, sendo, por isso, considerado um peixe cosmopolita por excelência. Nessa existência milenar e habitando continentes diferentes, modificou seus aspectos físicos, hábitos e costumes pela necessidade de se adaptar e sobreviver ao clima, temperatura, altitude, longitude, alimentação nos diferentes meios fluviais e lacustres, superando muitas vezes, a alta poluição, contaminação e salinidade dos rios, lagos, lagunas e estuários, ambientes aquáticos diversificados, tornando-se um peixe virtuoso, eclético e versátil do ponto de vista biológico.

Biologia

Adaptada e aclimatada aos ambientes lênticos, (rios, lagos, lagoas, lagunas, represas, açudes e reservatórios) a tilápia é um peixe ovíparo de alta prolificidade, podendo reproduzir até 6 vezes ao ano. A maturidade sexual varia de 06 a 12 meses dependendo das espécies e fatores ambientais climáticos. Os machos são maiores que as fêmeas, apresentando características anatômicas fenotípicas diferenciais
bastantes visíveis, dimorfismo sexual.

As tilápias que habitam grandes lagos apresentam uma maturação sexual tardia e um maior peso corporal. Na maioria das espécies o macho faz o ninho, enquanto a fêmea faz a oviposição, incubação dos ovos e desenvolvimento larvário até a fase de alevino na boca.

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A tilápia do Nilo em condições ideais de cativeiro, ambientais e nutricionais controladas e equilibradas, tem crescimento rápido e uniforme podendo alcançar 28 cm de comprimento e 0.5 kg de peso
aos 08 meses de idade,

(TUCH, 1999).

Introdução no Brasil

A tilápia
como peixe exótico à nossa fauna ictiológica foi introduzido experimentalmente no Brasil na década de 1950, por uma hidroelétrica de São Paulo, Light, importando a variedade congolesa
(Tilápia rendalli). Em 1971, o governo brasileiro, através do Departamento Nacional de Obras Contra
as
Secas &ndash, DNOCS, importa e coloca a tilápia do Nilo (Oreochromis sp) para peixamento dos grandes açudes da Região Nordeste e produção de alimentos. Em 1996, o Brasil importou da Tailândia, a tilápia tailandesa, (Oreochromis niloticus)geneticamente melhorada, variedade que melhor se adaptou às águas tropicais e subtropicais do solo brasileiro. Considerando o ano de 1952, como surgimento desse peixe no Brasil, pode-se afirmar, sem dúvida, que nesses últimos 67 anos, nenhum outro animal aquático, teve o crescimento ponderal e econômico como a tilápia, 223% na última década.
(EMBRAPA, 2018)

Características Zootécnicas

Considerado um peixe domesticado, mas ainda novo no território nacional, apesar de existir mais de cem espécies e subespécies, no mundo, nativas e melhoradas geneticamente, apenas cinco despertam a atenção de pesquisadores, piscicultores e empresários: tilápia do Nilo, Moçambique, azul, rendalli e zanzibar, todas por possuírem características zootécnicas expressivas desejáveis
semelhantes, bem definidas.

  • Ciclo de vida.
    Ovo, embrião, larva, alevino, juvenil e adulto,
  • Longevidade.
    Vive em média 10 anos.

    (Bailey, R.G., 1994),
  • Dimorfismo sexual.
    Machos maiores que as fêmeas,
  • Alimentação.
    Na natureza:
    Onívoro com tendência herbívora.
    Juvenis
    alimetam-se de plâncton.
    Adultos, alimentam-se
    de plantas, algas, insetos,
    crustáceos, sementes, frutos e raízes.
    Em cativeiro:
    especialmente ração, conforme o estágio de vida,
  • Sistemas de Criação.
    Extensivo, semi-intensivo, intensivo, super intensivo,
  • Condições da água.

    Temperatura &ndash, 27º a 32º C,
    PH &ndash, 7.0 a 8.5, Transparência Secchi &ndash, 25 a 70 cm, Salinidade 15 a 30 ppt,
    Oxigênio &ndash, acima de 4,5 mg/l.
  • Reprodução.
    Natural

    &ndash,
    6 a 8
    desovas
    ao ano, cerca de 800 a 2000 ovos.
    Artificial
    &ndash, em laboratórios de reprodução
    conforme a necessidade e demanda do mercado.
  • Conversão alimentar.
    1.3 de ração/ para 1 kg de tilápia.
  • Despesca comercial.
    500
    a
    800 g após
    6 meses de cultivo dependendo da espécie.


Espécies mais cultivadas no Brasil

O. rendalli

O. niloticus


O. mossambicus

O. hornorum

O. aureaus

Agronegócio da tilápia

A tilapicultura e toda sua cadeia produtiva
é

uma das atividades da piscicultura que mais crescem no mundo. Segundo o Relatório Anual da FAO &ndash, (SOFIA, 2018) &ndash,
a produção pesqueira mundial, incluindo: peixes, crustáceos, moluscos e outros animais
aquáticos, foi de 171 milhões de toneladas,
com um valor comercial de US$ 362 milhões de dólares. Os peixes de água doce e salgada contribuíram com 54.1 % milhões de toneladas. A tilápia participou com 4.5 milhões de t, ou seja 8.8 % da produção mundial. Essa produção exuberante, principalmente, nos trópicos, só foi possível graças ao melhoramento genético das espécies e os avanços científicos tecnológicos
da biotecnologia, destacando nesse particular a reprodução artificial muito desenvolvida na China, Japão, &Iacute,ndia, Tailândia e no Egito, os grandes produtores internacionais.

Agronegócio da tilápia no mundo

Existente em 140 países do mundo, a tilápia se apresenta com um dos mais promissores peixes de água doce cultivados no planeta. Criada naturalmente em lagos, lagoas, estuários e rios ou em cativeiro, sistema intensivo e superintensivo &ndash, tanques-rede, escavados e
raceway
&ndash, tem demonstrado a preferência dos piscicultores e empresários mundiais pela adaptabilidade ao meio ambiente, facilidade de criação, precocidade, prolificidade, resistência à doenças e sabor de sua carne, na alimentação e gourmeteria requintada, bem como, sua pele, na medicina,
indústria
farmacêutica e artefatos de couro. Além disso, permite a consorciação de criação com outros animais: suínos, peixes, crustáceos
(carcinocultura)
e/ ou projetos agrícolas, rizicultura.

No contexto mercadológico mundial, segundo o Relatório Mundial da Aquicultura, FAO, 2018, a tilápia já é o quarto peixe mais cultivado no mundo, sendo superada apenas pela carpa
(Ciprinius carpius),
que ocupa os primeiros lugares,
seguida pelo salmão
(Salmo solar), 9º lugar e o panga
(Pangasius spp),
na 11&ordf, posição. Os maiores produtores mundiais de tilápia são a China com 1.8 mi/t, Indonésia 1.1 mi/t
e o Egito 800mil/t ano. O Brasil é o quarto produtor com 311,6 mil/t.
(Anuário Peixe BR, 2018).

O mercado internacional
da tilápia tem a China como maior produtor e exportador e os Estados Unidos como maior comprador.
No ano de 2017, a China vendeu aos norte-americanos 57.9 mil/t de peixe inteiro e filetado congelado, num total de US$ 214 bilhões de dólares, a um preço médio de US$ 3.71. (Seafood, Brasil).

Agronegócio da tilápia no Brasil

Embora introduzida oficialmente no Brasil na década de 1970, a criação da tilápia para fins comerciais e econômicos somente teve início em 1990, no estado do Paraná, que iniciou a tilapicultura para fins econômicos e industrial,
(Kubitza, 2003).
Para que a atividade pudesse prosperar e atingir os objetivos esperados pelos empresários, piscicultores e governantes, foi preciso organizar o setor, investir em tecnologia e incrementar a cadeia produtiva em todos os seus elos de ligação:
insumos, produção, beneficiamento e comercialização.Assim, em Toledo e Assis Chateaubriand, surgiram os primeiros frigoríficos dedicados exclusivamente ao processamento de peixes e tilápia. Desta forma, não tardou para que o Estado se tornasse o maior produtor de peixe, atingindo uma produção próxima a 12,8 mil toneladas apenas em 2002.

O sucesso da criação racional da tilápia estabelecido no Paraná, com apoio governamental, cooperativismo, melhoramento genético das espécies e industrialização dos produtos, foi seguido rapidamente por Santa Catarina, que estabeleceu o MAVIPI- Modelo Alto Vale do Itajaí de Piscicultura Integrada -, criação apoiada pela EPAGRI, consorcio de tilápia, carpa e suíno, por São Paulo com a criação intensiva em tanques-rede nas hidroelétricas e pesque-pagues. Em São Paulo, principalmente, nos pesque-pagues dos grandes restaurantes e resorts, surgiu a atividade esportiva &amp, lazer, com a pesca de anzol de tilápia e outros peixes como: pacu, tambaqui e híbridos desses peixes brasileiros tropicais, promovendo e incentivando a piscicultura nacional de água doce que se espalhou por todo o território nacional.

Apesar dos avanços da plataforma
científica, industrial
e tecnológica desenvolvida pela tilapicultura nos Estados do Sul, não podemos menosprezar o Ceará,
estado com maior tradição no consumo e criação
do peixe, com influência em todo o Nordeste,
em virtude da produção natural nos reservatórios e açudes públicos, (Castanhão, &Oacute,bidos e Orós) fruto dos peixamentos realizados no passado, década de 1990, pelo DNOCS.
(Kubitza, 2003).

Produção de tilápia no Brasil, 2017

A aquicultura brasileira produziu no ano de 2017, (691.700 t) de peixes em cativeiro, superando a marca de (640.510 t) alcançada em 2016, com perspectiva de crescimento ainda maior em 2018. A tilápia com 375.639 t representou um total de 51.7 % dessa produção
(Anuário Peixe-BR, 2018). Os cinco maiores estados produtores são:
Paraná (105.392 t), São Paulo (66. 101 t), Santa Catarina (32.930 t), Minas Gerais (27.579 t) e Bahia (22.220 t). A região Sul é que apresenta maior úmero de tilapicultores.

Cultivada em 24 dos 27 estados brasileiros e denominada &rdquo,
frango d`água brasileiro,&rdquo,
em alusão ao desempenho do frango
na pecuária e
balança comercial brasileira, o Brasil já é o maior produtor de tilápia da América Latina e 4º do mundo.

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