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A tilápia, hoje o peixe mais cultivado no Brasil, enfrenta um novo desafio. Originária da África, foi introduzida em território brasileiro nas décadas de 1950 e 1960 como alternativa produtiva para abastecimento alimentar e geração de renda. Desde então, tornou-se o carro-chefe da piscicultura nacional, representando mais de 60% da produção de peixes cultivados no país, segundo dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).
Apesar do sucesso econômico, sua presença nos ecossistemas brasileiros sempre gerou controvérsias. A tilápia é considerada uma espécie exótica — ou seja, não nativa — e pode competir com peixes locais por alimento e espaço quando escapa de tanques ou represas. Esse comportamento, somado à sua alta capacidade de adaptação, levou diversos ambientalistas a classificarem-na como uma possível ameaça à biodiversidade aquática, especialmente em bacias hidrográficas onde não é natural.
A nova proposta do MMA
A controvérsia ganhou força novamente este mês, quando o Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresentou uma minuta do Conselho Nacional da Biodiversidade (Conabio) durante reunião do Conape/MPA. O documento inclui a tilápia, peixes nativos fora de suas bacias de origem, espécies híbridas e camarões em uma lista de espécies exóticas invasoras.
A proposta, que será votada em 8 de novembro, prevê que essas espécies passem a receber o mesmo nível de controle e alerta aplicado ao javali — classificado como invasor em 2013 e sujeito a medidas de erradicação.
Segundo o MMA, o objetivo é proteger os ecossistemas aquáticos e evitar impactos negativos sobre a fauna nativa. A proposta baseia-se em estudos técnicos elaborados desde 2009, que apontam potenciais riscos ecológicos decorrentes da introdução e manejo inadequado dessas espécies.
Reação do setor produtivo
A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) manifestou profunda preocupação com a iniciativa. Em nota oficial, a entidade afirma que a inclusão da tilápia na lista de espécies invasoras pode trazer prejuízos significativos à economia e à segurança alimentar do país, afetando milhares de famílias que vivem da piscicultura.
“A fundamentação carece de debate técnico amplo e de estudos atualizados e imparciais”, destaca a associação. “Decisões dessa magnitude não podem desconsiderar o impacto socioeconômico para milhares de famílias que vivem da piscicultura.”
A Peixe BR lembra ainda que o anúncio ocorre em um momento de supersafra e queda nos preços, agravado pela liberação da importação de tilápia do Vietnã e pelo aumento tarifário dos Estados Unidos sobre o produto brasileiro. “Essas medidas combinadas geram desequilíbrio no mercado interno e comprometem o desenvolvimento do setor”, afirma.
Entre a ciência e a realidade produtiva
Para a entidade, é possível conciliar sustentabilidade e produção, desde que o diálogo entre governo, academia e setor produtivo seja efetivo. “A ciência deve andar junto com a realidade social e econômica brasileira, assegurando a sustentabilidade ambiental sem comprometer o desenvolvimento produtivo”, defende a Peixe BR.
A associação ressalta ainda que o combate à fome e à insegurança alimentar depende da oferta de alimentos de qualidade e em abundância — e que a tilápia, como fonte acessível de proteína, tem papel central nessa equação.





