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Uva sem semente e maçã de qualidade nas montanhas

por Redação Conexão Safra

em 02/04/2015 às 0h00

4 min de leitura

Cultivos iniciados no período pré-estiagem ficam imunes ao estresse hídrico na região serrana e mostram superação dos produtores com a diversificação
*Leandro Fidelis
Mesmo com tantas notícias ruins sobre a seca no Estado, os agricultores da região serrana ainda conseguem se superar com a diversificação nas propriedades. Em Alfredo Chaves, um viticultor testa uma nova cultivar de uva com sabor mais doce e sem sementes, enquanto em Domingos Martins, um produtor rural comercializou a primeira colheita de maçã.
Eloilson de Souza Cetto, que cultiva cerca de 1.200 pés da fruta da uva Niágara Rosada em sua propriedade, na localidade de Cachoeira Alta, há sete anos, resolveu apostar na variedade Vitória no fim de 2014 adquirindo o material genético para realizar o enxerto da Vitória.
Além de resistente a doenças, a variedade é uma nova opção de uva de mesa, mas sem sementes. O agricultor alfredense conseguiu cultivar cerca de 50 pés, que deram seus primeiros cachos em dezembro. Segundo ele, é o primeiro teste em terras baixas no Espírito Santo. O sítio tem apenas 17 metros de altitude. “Fiquei surpreso com o resultado. Os cachos chegaram a dar 800 gramas cada, e o sabor é muito adocicado ”, garantiu.
De acordo com o agricultor, a nova variedade é resistente ao míldio, a doença mais danosa em videiras. “Além da resistência à doença, a nova espécie produz cachos grandes e com altos teores de açúcares, possuindo um sabor semelhante ao da framboesa ”.
Cetto constatou a boa aceitação da variedade no mercado. “Devido não ter sementes, a uva é bem aceita no mercado, por isso consegui um preço maior em relação à Niágara Rosada. ”
A uva Vitória foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- Embrapa e lançada em 2012. No final de 2013, ele conseguiu as mudas diretamente com a Embrapa e as introduziu na propriedade.
Subtítulo-
Propriedade terá 700 macieiras em 2015
Em Domingos Martins, o cultivo de maçãs vem crescendo e se tornando fonte de renda para alguns agricultores familiares. No município conhecido por ser um dos maiores produtores de banana e cítricos do Estado, a produção da fruta vem se estruturando e ganhando força em algumas áreas do interior do município.
Uma das propriedades que já alcança números satisfatórios fica em Tijuco Preto, distrito de Ponto Alto. Responsável pela plantação de maçã no local, Jamil Rodrigues Barbosa conta que começou a trabalhar com o cultivo em 2011, após deixar a cafeicultura. “A maçã foi uma forma de diversificar a produção na propriedade, além de ser uma alternativa de renda ”, conta o produtor rural.
Jamil conta que, no início, enfrentou algumas dificuldades, por ser um produto que ele pouco conhecia e nunca tinha trabalhado. A plantação também começou em pequena escala e no último ano atingiu a marca de 250 caixas comercializadas. Em 2015, ele planeja ter uma quantidade de 700 pés da fruta na propriedade.
Na plantação são encontradas maçãs nas variedades Eva, Julieta e Princesa que são vendidas in natura. Segundo ele, muitos turistas visitam a plantação em busca das frutas com qualidade reconhecida na região. “Quero investir mais e começar a produzir produtos a partir da fruta ”, conta Jamil.
Jamil fala sobre os cuidados que se deve ter com esse tipo de fruta para que o resultado seja um produto de qualidade. “Aqui na propriedade, não utilizo veneno. Faço apenas limpeza e coloco adubo de esterco ”, explica o produtor, que além da maçã também cultiva frutas como pêssego e a amora.
O técnico agrícola Ater Luiz Hand revela que muitos produtores estão diversificando a produção. De acordo com ele, o produtor aciona o técnico, que realiza um plano de trabalho na propriedade. “Analisamos o solo, verificamos as mudas e se a fruta é propícia para a região. Também auxiliamos no manejo do controle e pragas e doenças que podem atingir a plantação ”, ressalta.
Ater destaca que o clima do município é propício para o cultivo de frutas como uva, lichia, pêssego e amora. Ele relata que esse tipo de trabalho é um diferencial para o turismo do município. “A rentabilidade de produção é fantástica e a utilização dos frutos para criação de produtos e algo que valoriza todo o trabalho ”, lembra o técnico. (*Com informações da assessoria da Prefeitura de Domingos Martins).

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