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Cachoeiro de Itapemirim: o maior polo de suinocultura do Espírito Santo

por Redação Conexão Safra

em 10/09/2015 às 0h00

13 min de leitura

Cachoeiro de Itapemirim: o maior polo de suinocultura do Espírito Santo


A região sul tem seis dos oito abatedouros do estado e também abriga a maior produção capixaba

Com apenas três produtores, Cachoeiro de Itapemirim é o maior polo de suinocultura do Espírito Santo. Ao todo, no estado, são 38 suinocultores e oito abatedouros, seis dos quais estão localizados no sul. Um desses, a Cofril, conta com unidades localizadas em Atílio Vivácqua e Cachoeiro de Itapemirim, e é responsável pela compra de mais de 90% dos animais produzidos na região.

A atividade de suinocultura teve início nos anos 50 no sul do Espírito Santo. A maior concentração era, e continua sendo, nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Castelo e Venda Nova do Imigrante. Ao longo dos anos, a produção foi se modernizando, promovendo um aumento nos padrões de nutrição, manejo, biosseguridade e sanidade.

A produção de carne do setor é totalmente consumida no mercado interno. A atividade de suinocultura gera cerca de quatro mil empregos diretos e indiretos e ainda oferece condições de acesso à renda para muitas famílias rurais. Os interesses destes produtores são defendidos pela Associação de Suinocultores do Espírito Santo (Ases).


Segundo o diretor executivo Nélio Hand, nos últimos anos houve uma queda no número de produtores por causa do alto custo da atividade. “A produção com característica industrial da suinocultura está concentrada no sul do estado. A queda no número de produtores nos últimos anos preocupa a Associação, mas estamos trabalhando para oferecer maior possibilidade de consolida ção do setor, com menos riscos de intempéries do mercado ”, disse.

Mesmo com a preocupação, Nélio explicou que esta é uma tendência natural e acontece em todos os lugares onde há a atividade. “Isso é decorrente da necessidade de profissionalização. Os produtores tiveram que investir ao longo dos anos em automatização e atender a critérios ambientais, sanitários e visar o bem estar animal. Os investimentos são altíssimos. Um caminho para diminuir tais custos seria a produção integrada, que é uma tendência para os próximos anos ”, ressaltou o diretor da Ases.


O diretor executivo da ASES, Nélio Hand, disse que o consumidor da carne suína ficou mais exigente

Um desafio do setor, segundo Nélio, além dos custos da produção, são os custos para trazer de fora do estado os insumos que compõem a ração, como milho e o farelo de soja, usados na alimentação dos suínos. “O transporte rodoviário gera um custo muito alto. Já trabalhamos no sentido de minimizar esses custos em relação aos insumos e armazenamento. Podemos ter uma estagnação no setor. Por isso, é fundamental viabilizar esta logística ”, garantiu.

Com as exigências do mercado, os produtores devem cada vez mais se preocupar com a qualidade. “A tônica é o bem estar animal. O consumidor viu a necessidade de qualidade e cobra isto. Daqui a duas décadas, isso será ainda mais intensificado. Sempre tentamos mostrar às autoridades e ao consumidor que o produtor é favorável às mudanças e com relação aos investimentos. Este é mais um desafio para o setor, mas o produtor está disposto a trabalhar ”, afirmou.

A atividade de suinocultura gera cerca de quatro mil empregos diretos e indiretos e ainda oferece condições de acesso à renda para muitas famílias rurais



Associação tem papel fundame

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Nélio frisou que o papel da Associação de Suinocultores do Espírito Santo é coordenar os desafios dos produtores. “Desde a parte técnica, política e até mesmo jurídica. Tudo passa pela Ases. Tentamos desenvolver mecanismos condizentes com a atividade dos produtores. A Associação é a representante do produtor, é o porta voz dos suinocultores ”, disse.

Além disso, a Associação trabalha no sentido de mostrar a qualidade
da carne suína para os consumidores. “Existe o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) para levar informações ao consumidor final, mostrando
aspecto nutricional, as vantagens e as variedades da carne suína, que vão além da feijoada e do pernil. Tem uma enormidade de pontos que podem ser trabalhados. Passamos o consumo de carne suína de 13 quilos (kg) para 15 kg e a nossa meta é chegar aos 18kg nos próximos dois anos. O consumidor está respondendo a este trabalho. A carne suína tem benefícios e é, inclusive, usada nas dietas dos hospitais.
Então, notamos que nos últimos anos, os consumidores mudaram o comportamento ”, explicou Nélio.

Com o objetivo de alavancar a produção do suinocultor, a Ases desenvolve capacitações por meio de palestras, cursos, treinamentos, entre várias outras ações. Além disso, a Associação desenvolve um trabalho no sentido de consolidar o Licenciamento Ambiental em 100% das propriedades de suinocultura do Estado. A entidade está atenta aos desdobramentos relacionados ao bem estar animal, participando de reuniões junto ao Ministério da Agricultura e à Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).


O crescimento da suinocultura no Espírito Santo

Ao longo das primeiras décadas de existência da atividade no Estado do Espírito Santo, é possível dizer que as granjas classificadas como semi comerciais não diferiam daquelas construídas para a criação de animais a serem consumidos por famílias e que também realizavam vendas esporádicas para açougues e outros consumidores próximos.

Esta situação de atendimento ao mercado perdurou até meados dos anos 80, quando produtores bem estruturados passaram a perceber aberturas de mercados desatendidos por grandes empreendimentos sulistas, que remetiam produtos basicamente para os grandes centros urbanos ou cidades comlação de maior poder aquisitivo.

Como consequência, e impulsionados por maior demanda por seus produtos, os produtores investiram em instalações e técnicas que possibilitaram ganhos significativos de produtividade, especialmente no quesito peso ideal de abate em relação a um menor tempo de permanência na granja

Os ganhos proporcionaram saltos substanciais no volume de produção no decorrer dos anos 90, quando o Estado ultrapassou a marca de 11.000 matrizes alojadas (a média registrada nas últimas décadas era de 7.200 matrizes).

Estes números favoráveis, entretanto, começaram a mudar face ao problema do abastecimento de insumos (custos altos) verificado mais gravemente em meados dos anos 90, e também em função da introdução de subprodutos da carne de suíno produzidos em outros estados, como: embutidos e defumados,
a preços eventualmente menores que a carne in natura produzida no estado.

Alguns produtores iniciaram estudos para implantação de instalações que pudessem produzir aquilo que o mercado demandava e também a preços competitivos.

Construção de plantas de local de abate foram feitas, sendo que ao mesmo tempo, a influência de novas normas legais de proteção ambiental entravam em vigor. Também neste período o setor suinícola brasileiro começou a sofrer com variações contínuas de posicionamentos mercado lógicos externos (ora vendia-se muito bem ora ocorriam proibições instant&acirc,neas), causando descompasso entre produção e venda.

Uma vez alojado, o animal deve ser abatido em tempo correto, caso contrário, passa a causar prejuízo. Logo depois o produto do abate deve ser distribuído e se ocorrerem alterações repentinas em relação à previsão do destino dos produtos, as variações de preços são imediatas.

(Fonte: ASES)

Os suinocultores investiram em instalações e técnicas que possibilitaram melhor e maior produtividade


Na suinocultura desde o início

O suinocultor castelense José Puppin está há mais de 40 anos na atividade. Começou com uma pequena propriedade na localidade de Mamona, zona rural de Castelo, mas em pouco tempo precisou expandir e comprou uma propriedade no distrito de Conduru, em Cachoeiro de Itapemirim. Hoje, a Granja São José é uma as maiores do estado e emprega diretamente 30 pessoas.

“Comecei em 1972 com três matrizes. Tínhamos um sítio lá em Mamona que estava meio abandonado e um dos meus primos foi em Minas Gerais. Quando voltou, me chamou para comprar três fêmeas. Chegamos a ter 70 matrizes. O terreno era muito íngreme e de muita pedra. Naquela época não havia tecnologia para dejeto, jogávamos no córrego. Fizemos uma lagoa e bombeávamos, mas era precário. Optamos por comprar um terreno em outro lugar. Entendemos a necessidade de nos adequar e encontramos essa área ”, contou.

As atividades na Granja São José tiveram início em 1986. “Começamos com 70 fêmeas e hoje, estamos com 980. Comprei a parte do meu primo e vim sozinho. Naquela época, estava começando a suinocultura na região. O Luiz Borges, de Jerônimo Monteiro, foi o pioneiro no sul do estado. E foi justamente na época que começou a crescer o consumo de aves e de suínos ”, comentou Puppin.

Segundo ele, no Espírito Santo a suinocultura não teve o mesmo crescimento do que em outros estados brasileiros. “Temos 12 mil fêmeas no estado. Hoje, temos crise, mas naquela época ganhávamos dinheiro com o suíno. Osanimais eram retirados com 180 dias e com 100 kg. Hoje, tiramos com 170 dias, na base de 133
kg. Então, a atividade evoluiu muito, a genética está melhor, a nutrição melhorou e o número de leitões aumentou. Desmamamos 30 leitões/matriz/ano. Antes era 20 ou 22. Tivemos um avanço rápido ”, explicou o produtor.

A raça tradicional do suíno na região é o Landrace, Large White, Pietrain e o Duroc. “O Duroc saiu um pouco de linha, porque é um animal que produz pouco leitão. Então, a Landrace e o Large White são as raças que mais proliferam, que mais existem. Só que normalmente fazem um cruzamentos que dá um número, A10, A20 etc. Tenho as matrizes (avós) que são para reproduzir as minhas próprias matrizes. O laboratório me fornece as duas matrizes (avós) e eu pago royalties. Conforme a quantidade de leitões desmamados por mês, pago mais. As matrizes costumam permanecer na propriedade ”, continuou.

Puppin disse que a atividade é lucrativa. “&Eacute, rentável, porque fiz muitos investimentos. Tem que ser uma pessoa persistente para permanecer na suinocultura ”, comentou.




Energia sustentável

Os dejetos originados pela suinocultura são tratados com sistemas de biodigestores, gerando gás, que é utilizado no abastecimento das próprias unidades de produção, como no aquecimento de animais e nas outras dependências das propriedades. Atualmente, novas estruturas de geração de energia elétrica vêm sendo acopladas ao sistema degeração de gás, abastecendo toda a produção nas granjas, inclusive, máquinas e equipamentos utilizados no processamento da ração usada na alimentação dos suínos.

“Em 1999, uma empresa do Canadá nos apresentou um projeto que fazia o sequestro de carbono. O custo era alto, de aproximadamente R$ 300 mil. No projeto, o dejeto passa pelo biodigestor e aquele gás é queimado para amenizar os efeitos ambientais. Quando queima fica menos poluente. Fiz este biodigestor, mas há pouco tempo, resolvi seguir sozinho. TroPuppin disse que a atividade é lucrativa. “&Eacute, rentável, porque fiz muitos investimentos. Tem que ser uma pessoa persistente para permanecer na suinocultura ”, comentou. Troquei a lona e fiz mais um. Este gás, vai para um gerador que toca essa energia. Gero a energia para a granja. Já o dejeto, é usado para irrigar as pastagens. O órgão ambiental quer que jogue nas pastagens.

Então, reduzi os custos e atendi às exigências ”, explicou o produtor. A economia de energia da propriedade com o reaproveitamento é de cerca de R$ 12 mil.


Através do sistema biodigestor, a energia usada na propriedade gera economia de R$ 12 mil


Gerador de energia


Crise não atinge o setor

Os suinocultores não falam em crise. Preferem falar do momento delicado pelo qual passa a economia brasileira. “A crise não nos atingiu. Como a carne suína é mais barata, pode ser que aumente o consumo nesse período. Toda minha produção é repassada para a Cofril. Entrego 500 animais vivos por semana, média de 2.200 por mês ”, ressaltou Puppin.

O gerente de produção Valter Batista é o responsável por cuidar da granja. “&Eacute, um trabalho que requer cuidado e dedicação. A granja é dividida por setores, de acordo com a demanda da produção. Cerca de 2.400 leitões desmamam por mês, com 4% de taxa de mortalidade quando nascem. Toda semana cobrimos as matrizes ”, explicou Valter.

Na granja, há um laboratório, no qual os próprios funcionários retiram os sêmens dos &lsquo,cachaços&rsquo, (animal utilizado na reprodução) e fazem a inseminação artificial nas matrizes. “Fazemos tudo aqui mesmo. Fizemos treinamentos e fazemos toda a inseminação. Cada &lsquo,cachaço&rsquo, produz, em média, meio litro de sêmen ”, contou o gerente de produção.

A granja funciona de segunda a segunda, e nos fins de semana, os funcionários se revezam em plantões. “Temos toda uma preocupa- ção e a produção requer cuidado. Temos que saber se a temperatura do ambiente está boa para os filhotes e mantê-los aquecidos em dias mais frios. Além disso, cuidamos da limpeza do local, que é essencial para uma boa qualidade da produção ”, completou Valter.


Brasil será o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína até 2018

O Brasil é o quarto produtor e exportador mundial de carne suína e deve se manter nessa posição até 2018, com produção média anual de 2,84% e exportação de 4,91%. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o país deverá produzir aproximadamente 37 milhões de cabeças de suínos na safra 2014/15. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a China é o maior produtor de carne suína do mundo, com participação de 51% no mercado.

Em seguida vem a União Europeia com 20%, os Estados Unidos com 10% e o Brasil com 3%. Com relação ao ranking das exportações de suínos, o primeiro lugar vai para os Estados Unidos 32%, em segundo a União Europeia 31%, Canadá em terceiro com 18% e em quarto o Brasil 8%. Números do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) revelam que o principal destino da carne suína brasileira, em volume, é a Rússia, que seguirá como principal mercado nos próximos meses. Entre janeiro a junho deste ano, o País importou 43,2% do total embarcado pelo Brasil. As exportações da carne suína brasileira cresceram no mês de junho, totalizando 47,34
mil toneladas, sendo o maior volume registrado este ano. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que a receita em reais caiu 1,1% este mês, mas no acumulado de janeiro a junho, o faturamento subiu 2,5%, totalizando R$ 1,653 bilhão.

Fonte: Capital News


Produção por município: 2014/2015

Cachoeiro de Itapemirim &ndash, 25,55%
Viana &ndash, 13,04%
Venda Nova do Imigrante &ndash, 13,02%
Castelo &ndash, 9,37%
Conceição do Castelo &ndash, 8,93%
Vargem Alta &ndash, 8,93%
Guarapari &ndash, 4,54%
Jerônimo Monteiro &ndash, 2,77%
Santa Maria de Jetibá &ndash, 2,32%
Domingos Martins &ndash, 2,30%
Santa Teresa &ndash, 1,79%
Vila Velha &ndash, 1,71%
Muniz Freire &ndash, 1,36%
Aracruz &ndash, 1,34%
Ibatiba &ndash, 1,12%
Santa Leopoldina 0,89%
São Roque do Canaã &ndash, 0,48%
Itaguaçu &ndash, 0,27%
Maril&acirc,ndia &ndash, 0,14%
Marechal Floriano &ndash, 0,13%
Fonte: Ases

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