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Em 2023, uma imagem registrada em Frutal (MG) surpreendeu produtores e pesquisadores: ao lado de uma lavoura dizimada pela fusariose, duas pequenas áreas seguiam vigorosas, com frutos intactos. Tratava-se das novas cultivares BRS Sol Bahia e BRS Diamante, desenvolvidas pela Embrapa e agora lançadas oficialmente para agricultores de todo o país. Além da resistência genética à principal doença do abacaxi, os materiais apresentam alto potencial produtivo, firmeza superior e excelente sabor.
A fusariose, causada pelo fungo Fusarium guttiforme, provoca perdas expressivas e pode inviabilizar colheitas inteiras. A doença compromete o desenvolvimento da planta, impede o uso de mudas contaminadas e torna os frutos impróprios para consumo. A resistência total das novas cultivares representa um avanço importante para o produtor, reduzindo o uso de fungicidas e ampliando a sustentabilidade da cultura.
Lançamento em Frutal
Os dois abacaxis serão apresentados oficialmente em 12 de novembro, durante um dia de campo na Fazenda Agrícola Boa Vista, do produtor Júlio Cesar Leonel, em Frutal (MG). O lançamento conta com a parceria da Epamig, Emater-MG, Prefeitura de Frutal, Câmara de Vereadores, Coopercisco, Sebrae, Sicredi e Sicoob.
A ausência de tratamentos químicos torna os frutos mais seguros para o consumo, ao mesmo tempo em que reduz custos para o produtor. Em lavouras convencionais, a fusariose afeta cerca de 20% das plantas, podendo chegar à perda total do cultivo.
Vantagens agronômicas
As novas variedades são adaptadas às principais regiões produtoras do país. Além da resistência à fusariose — que atinge cultivares tradicionais como Pérola, Smooth Cayenne e Turiaçu —, os materiais apresentam maior teor de açúcares, acidez equilibrada, folhas com poucos espinhos e frutos mais resistentes ao transporte.
Segundo Davi Junghans, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, os materiais são “superiores em um conjunto de características, sendo a resistência total à fusariose a mais estratégica”. Ele lembra que o produtor parceiro perdeu quase toda sua lavoura de Pérola em 2023, enquanto as cultivares da Embrapa permaneceram intactas.
A produtividade também chama atenção: cerca de 56 toneladas por hectare, mais que o dobro da média brasileira, estimada em 26 t/ha pelo IBGE. “A tendência é que os novos materiais apresentem desempenho muito superior, especialmente por evitarem as perdas provocadas pela doença”, afirma Junghans.

Resultados de campo
Os experimentos em Frutal começaram em 2018. No terceiro ciclo, colhido em 2023, 95% das 300 mil plantas comerciais de Pérola foram destruídas pela fusariose, enquanto nenhuma planta das cultivares BRS foi afetada.
“Foi um desastre para a produção convencional. Já os materiais da Embrapa tiveram desempenho impecável”, relata o produtor Júlio Cesar Leonel.
Desenvolvimento das cultivares
BRS Sol Bahia e BRS Diamante são “irmãos germanos”, derivados do cruzamento entre a variedade amazônica FRF 632 e a cultivar Gold (MD-2). A seleção inicial ocorreu em 2012, seguida por avaliações em campo entre 2014 e 2018.
Ambas foram registradas em 2022 e validadas em áreas comerciais em Bahia, Pará, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso e Ceará.
Os frutos têm peso semelhante ao Pérola — entre 1,37 kg e 1,67 kg —, polpa creme, elevada doçura, acidez média e poucos espinhos. A colheita ideal ocorre no estágio “colorido”, com 50% a 75% da casca amarela.
Mercado e aceitação
As análises sensoriais realizadas pela Embrapa indicaram alta aceitação dos consumidores. A maturação tardia também é uma vantagem: o Sol Bahia leva cerca de duas semanas a mais para colher, e o Diamante, cerca de 30 dias, ampliando a janela de comercialização.

Mudas de qualidade e Rede Ananás
As mudas serão produzidas por biofábricas licenciadas e multiplicadores ligados à Rede Ananás, criada pela Embrapa para garantir material de plantio com qualidade genética e fitossanitária. Cada produtor deve adquirir mudas apenas de fornecedores autorizados, garantindo segurança e padrão varietal.
Importância econômica
Minas Gerais é hoje o terceiro maior produtor nacional de abacaxi, com 5,2 mil hectares em produção e outros 3,6 mil hectares em formação. Frutal concentra 2,6 mil hectares e lidera a produção no estado. No Brasil, a colheita anual alcança 1,5 bilhão de frutos, colocando o país como o quarto maior produtor mundial.





