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Entrevista

Tibério de ‘Pantanal’: ‘Amo de paixão o Espírito Santo!’

Guito, intérprete do peão na novela das 9 da Globo, conta como passou a infância nas praias de Marataízes e que ficou encantado com os cafés do Caparaó

por Redação Conexão Safra

em 25/07/2022 às 15h35

9 min de leitura

Tibério de ‘Pantanal’: ‘Amo de paixão o Espírito Santo!’

*Fotos: Divulgação

O peão Tibério é um dos personagens mais carismáticos da nova versão da novela “Pantanal”, novo fenômeno da TV aberta brasileira, no horário nobre da Globo. Braço direito do fazendeiro José Leôncio, vivido por Marcos Palmeiras, Tibério é apaixonado pela Muda e um dos talentosos violeiros na trama. As rodas de viola são um dos momentos que transportam o telespectador ao bioma brasileiro e ao universo rural típico do interior do Brasil.

O que pouca gente sabe é que Guito, intérprete da personagem, além de ator, cantor, músico e compositor é também engenheiro agrônomo de formação e vendedor. O mineiro de Lavras tem uma história para lá de aventureira, inclusive a que lhe rendeu o papel de destaque no remake da novela, originalmente exibida pela TV Manchete, em 1990. Persistente, Guito entrou em contato diretamente com o autor e pesquisadora de elenco da obra para participar da seleção do elenco.

E como bom mineiro, Diogo de Brito Sousa, seu nome de batismo, tem boas lembranças do Espírito Santo. “Eu amo este Estado! Fiz um show recente no Caparaó, muito café bom ali. Espírito Santo é um Estado maravilhoso e muito bonito também. Amo de paixão!”, disse em entrevista para a “Conexão Safra”.

Casado, pai de Heitor e Lara e residente do Rio de Janeiro, Guito tem 38 anos e toca violão, viola e gaita inspirado por Almir Sater e Sérgio Reis. Tem como referências Zé Geraldo, Raul Seixas e Leonardo. As suas composições “Empatia” e “Escute As Montanhas” fazem parte da bela trilha sonora da novela. Outras cinco composições podem ser encontradas no canal oficial do Youtube e nas plataformas de áudio. Para o futuro, planeja a gravação do primeiro DVD da carreira após o término das gravações. Confira!

Conexão Safra- Você conhece o Espírito Santo? Como somos “Praia de Mineiro”, acredito que o Estado não seja um desconhecido pra você. Tem alguma história com os capixabas?

Guito- Conheço muito o Espírito Santo, onde estão as primeiras praias que frequentei na infância. Meu pai levava a gente lá em Marataízes uma vez por ano. Depois conheci também Vitória, a fábrica da Garoto. Eu amo este Estado! Fiz um show recente no Caparaó, muito café bom ali. Adoro esse Estado! Espírito Santo é um Estado maravilhoso e muito bonito também. Muito próximo do mineiro, o capixaba parece muito o mineiro. Amo de paixão! E a comida é excepcional também.

CS- Qual sua relação com o agro atualmente? Sabemos que é formado em agronomia. Ainda tem espaço para a atividade paralelamente à agenda de artista? Acha que a tua formação contribuiu para desenhar o Tibério?

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Guito- Minha relação com o agro é muito estreita. Hoje (sexta-feira) mesmo estou aqui na roça, na casa dos meus pais. E é meu grande sonho ter minha roça, minha fazenda e criar meus boizinhos. Espero poder trabalhar para mim mesmo. Não vou ser mais consultor ou outra carreira dentro do agro, mas fazer o que o curso de agronomia propunha no início, que é fazer com que os filhos voltassem para as fazendas dos pais e conseguissem sobreviver disso. Infelizmente, hoje, na verdade, os filhos vão fazer agronomia para vender a fazenda do pai. Mas minha intenção é fazer o contrário e promover isso. Com certeza, a agronomia me ajudou demais a fazer o Tibério. Ele é exatamente um cara vivido, administrador experiente que rodou várias fazendas, teve suas comitivas, com certeza é um cara que passou por várias cidades e Estados. Foi exatamente o que vivi como executivo na agronomia. Morei em mais de 15 cidades de quatro Estados diferentes. Além do que, a proximidade com cavalo, a facilidade com esses animais, tudo isso contribuiu muito com o papel sim.

 

CS- Sua história para conquistar o papel de Tibério em “Pantanal” é digna de novela. Acredita que o homem do campo ou outros profissionais deveriam ter a mesma ousadia na hora de correr atrás dos seus sonhos?

Guito- Claro, eu sempre gostei muito da arte, seja na música, atuações ou nos meus passeios a cavalo. Lembro que passar os finais de semana na fazenda do meu avô assistindo a novelas, inclusive a primeira versão de ‘Pantanal’, foi sempre uma paixão. Cresci pensando que queria estar no meio da arte e logo me prontifiquei de correr atrás disso, literalmente. Acredito que temos que fazer o que gostamos, buscar sempre a nossa felicidade e melhor versão.

CS- Você transmite muita verdade na pele de um peão boiadeiro. Qual foi sua inspiração para compor o personagem e o que trouxe da vida real para viver o Tibério?

Guito- Eu e o Tibério viemos de uma mesma realidade de campo, da roça. No geral, somos muito parecidos. O único ponto que mais me distancio é na parte do coração, né? Tibério é mais aberto com emoções, agitado, preocupado. É muito bom essa ambientalização, porque coisas simples da nossa vida, como um fim da tarde com pôr do sol, caminhada ao ar livre, tudo isso molda o personagem.

CS- Essa questão da sustentabilidade que vem sendo tratada na novela (queimadas, preservação da fauna e flora). Como você vê essa questão sendo discutida pela sociedade?

Guito- A questão infelizmente é discutida de forma errada na sociedade. Há uma discussão de cima pra baixo, não paralela. Essas coisas têm que ser discutidas com planilha aberta, não há outro meio, não há atalho. A informação precisa não é fácil, ela precisa ser buscada. Costumo dizer que a melhor informação não é a que chega até a gente. É aquela que a gente busca. Eu mesmo fiz uma pós-graduação em Aquecimento Global, há cerca de seis anos, no MIT Massachussets (EUA). Foi uma pós aberta, não tem diplomação nem nada. Apenas assisti às aulas e tive acesso aos materiais. Fiz de curiosidade devido o assunto ter tomado as pautas. fiz para entender. E logo após isso, aproveitei um material da Austrália, que já tem uma cartilha com certos protocolos de orientação para os produtores sobre a questão do aquecimento. Não discuto se é o homem que está causando, em qual nível está acontecendo. Está acontecendo, é cíclico. Já aconteceu no passado, está acontecendo de novo… Para mim o que mais importa é estarmos preparados. Estarmos preparados para secas longas, pro período de estiagem maior ou de chuvas mais concentradas, mais fortes. Eu inclusive fiz uma cartilha para produtores brasileiros para ajudar na tomada de decisão. Está amplamente mensurada a questão do aquecimento, da variação climática. Já estamos vendo os ciclos das águas mudarem, a tendência de concentrar um pouco mais as chuvas num curto período de tempo e ao mesmo tempo ter uma seca mais severa. Tudo isso é previsto e não significa que vai ser ruim. Pode ser que seja até bom dependendo da região. O Brasil é muito grande, tem muitos microclimas e biomas diferentes. Para falar verdade, o aquecimento global prevê a melhora de algumas condições e de algumas plantas em determinadas regiões do Brasil, enquanto outras regiões vão sofrer mais. Está previsto o aumento do frio. Uai, mas como se está aquecendo? Está aquecendo a média, mas a amplitude da variação está aumentando. Então a tendência é ter mais calor no verão e mais frio no inverno. No Brasil não tinha furacão, nem tornado. Agora vai ser comum. As construções rurais, os galpões, eram feitos para suportar ventos de até 200 km/h, agora começa-se a preparar para ventos de 400 km/h, porque isso é uma tendência. O Brasil é privilegiado ainda com uma região ainda muito preservada, a gente tem uma Floresta Amazônica, que é quem leva água para o interior do continente. O Cerrado só existe por causa dela, todo produtor e fazendeiro sabem disso. Todo fazendeiro do Cerrado sabe que a chuva vem do Noroeste, ou seja, é a chuva do Cerrado. A água não se desloca além de 400 km da costa em qualquer lugar do mundo, a não ser onde tem floresta. É por isso que, do espaço, astronautas não conseguem ver a Amazônia, é porque ali existe um rio acima dela. E quem mais quer preservar a Amazônia é o próprio fazendeiro. Esse debate tem que ser feito com planilha aberta, não tem que ter paixão. Isso se discute com números.

CS- Fale um pouco dos negócios com venda de vinho, queijo e cachaça? Você mesmo que produz? Ainda mexe com isso?

Guito- Com as gravações está corrido cuidar dos negócios… Mas é algo que eu gosto muito e pretendo manter, com certeza. Abriu portas no meu caminho, depois que eu saí do meio corporativo. Os produtos são todos selecionados, coisa boa!

CS- Pensa em se tornar produtor rural? Quais culturas agrícolas despertam teu interesse?

Guito- Sim, meu grande sonho, como respondi anteriormente. Ter minha propriedade e fazer minhas próprias criações. Eu gosto muito, vou muito na linha de diversificação. Eu gosto de coisas mais robustas. Algo com manejo permanente, que demande menos funcionários, culturas mais perenes e com produtos de maior valor agregado. Essa é a minha intenção.

CS- Como estão as gravações de Pantanal e qual o principal aprendizado que pretende levar?

Guito- Eu me sinto muito à vontade com a produção, o elenco e também com o personagem que tem muitas coisas em comum comigo. Acho que isso trouxe muita originalidade para o meu papel, além de entender e ficar mais tranquilo com as gravações. Mas, acho que o que mais me surpreendeu foi a dimensão que Tibério alcançou, foi tudo muito rápido. Estou aprendendo a interagir com os encontros de fãs nas ruas, com o público nas redes sociais, esses estão sendo os maiores aprendizados.

CS- Quais são os próximos passos do Guito depois da novela? Vai continuar investindo na profissão de ator? Como está a agenda de shows, uma vez que é também violeiro?

Guito- Estou aberto a essa possibilidade, claro! Acabando as gravações, o meu maior desejo é de pegar a estrada e cantar pelo Brasil, acho que dá para conciliar. Sou muito apegado à minha vida rural, com a viola e as rodas de viola.

CS- Aqui abro espaço para um recado que queira dar aos produtores rurais e profissionais do agro capixaba!

Guito- Um abraço para todos os meus colegas, aos produtores rurais e profissionais. É um trabalho necessário!

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