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Entrevista

Novo diretor técnico do Incaper fala sobre plano para fortalecer Ater

por Leandro Fidelis

em 28/02/2023 às 7h00

6 min de leitura

Novo diretor técnico do Incaper fala sobre plano para fortalecer Ater

Foto: divulgação Seag

Com apenas um mês à frente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o seu novo diretor técnico, Antônio Elias, já tem um plano traçado para a gestão da entidade que é referência nacional na sua área de atuação.

Em entrevista exclusiva para a “Conexão Safra”, ele, que é formado em Agronomia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG), pretende potencializar as ações de assistência técnica e extensão rural com investimentos alinhados com a pauta da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag). Um dos projetos é a Ater digital. Confira!

 

Conexão Safra- Qual será o foco da sua gestão no Incaper?

Antônio- O convite que me foi feito é simplesmente para potencializar as ações, levando nossos dois serviços, assistência técnica e extensão rural (Ater), para mais perto do agricultor e reestabelecer o protagonismo que o Incaper sempre teve no setor rural. Não somente potencializando essas ações, como também fortalecendo as parcerias de Atehr (Senar/ES, OCB/ES, técnicos dando assistência técnica, Mapa e iniciativa privada) e com os agricultores a serem beneficiados para ampliar a quantidade de atendimentos e melhorar a sua qualidade. A ideia é colocar o Incaper de novo como grande protagonista do desenvolvimento rural capixaba. E para isto, o Ifes cedeu um profissional de carreira (Antônio é professor do Ifes campus Santa Teresa) para reeditar as décadas de sucesso do Instituto.

 

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CS- O senhor acredita que a sua formação acadêmica e a experiência na área vão contribuir para a gestão do Instituto?

Antônio- A formação técnica ajuda muito a compreender e fortalecer articulações com parcerias. Trago essa experiência desde que fui pesquisador técnico do Incaper (1987 a 2016), principalmente no período da fusão Emcapa e Emater (1999). Destaco as parcerias com ex-presidentes do Incaper, como Ênio Bergoli (atual secretário de Estado da Agricultura), Pedro Burnier, Gilmar Dadalto, Evair de Melo, entre outros.

 

CS- O Incaper tem passado por um período conturbado. Muitos extensionistas reclamam que não podem estar próximos dos produtores por falta de veículos ou contenção de combustível. Como o senhor vai trabalhar esse aspecto?

Antônio- Nós vamos cair em campo. Embora dedicado à área administrativa, meu perfil é de campo. A ideia é contactar todos os prefeitos e avaliar os convênios desenvolvidos junto às prefeituras. Alguns convênios não estavam afinados, percebi quando cheguei aqui, outros, estão frágeis. Em alinhamento com a Seag, a proposta é ampliar um pouco nosso custeio para o técnico ter combustível suficiente e material adequado para atuar no campo. Veículo em condições e combustível para cumprir as agendas no campo. Estamos fazendo alinhamentos com a Seag para ampliar esse custeio e conversando com os prefeitos para os convênios serem os melhores possíveis para desenvolver as ações planejadas.

 

CS- Há algum projeto para alavancar os trabalhos com tecnologia no Incaper?

Antônio- Na vertente da extensão rural, vamos trabalhar novos métodos de Ater. Muitas atividades poderão ser feitas a distância a partir do modelo de extensão digital. Nosso objetivo é implantar modelos contemporâneos de extensão rural. Os segmentos agrícolas lidam bem com a questão digital, por exemplo, na identificação de pragas e doenças com fotografia. Não são todas as atividades que se encaixam, mas conseguimos dar resposta ao agricultor com a Ater digital. É uma questão nacional. Nos próximos dias 14, 15 e 16 de março, o assunto estará em discussão em Brasília e estaremos representados.

Paralelamente ao modelo de extensão digital, vamos iniciar um trabalho de fortalecimento das estruturas físicas do Incaper. Isto inclui a recuperação de fazendas experimentais, laboratórios, criando condições melhores para extensionistas, além da construção de escritórios locais e regionais integrando Incaper e Idaf, a exemplo do trabalho iniciado em Guarapari. Trata-se de um projeto do governador Renato Casagrande.

 

CS- E quais são os projetos para alavancar a qualidade do café?

Antônio- Sempre prioridade. Não é nem uma questão de comércio e, sim, de mercado. Os tomadores de café, os que gostam da bebida, estão mais exigentes. Vamos apoiar toda e qualquer atividade e evento que primem pela qualidade de café, seguindo os dez mandamentos da cartilha que divulgamos. Não só aferir preço melhor, mas atender o consumidor exigente. É prioridade do governo e uma das políticas públicas que estamos alinhando junto à Seag. A chegada de cem servidores do concurso público em andamento vai contribuir para esse plano. O Incaper já estudou onde colocar cada profissional para potencializar a qualidade de café nas cadeias produtivas em todas as regiões do Estado.

 

CS- E como o Incaper e o cooperativismo capixaba se relacionam, inclusive nessa questão da qualidade do café?

Antônio- As cooperativas contam com técnicos renomados, daí vamos estreitar as parcerias porque o café estava longe deste tipo de parceria.  Cooabriel, Cafesul e Nater Coop, por exemplo, têm técnicos trabalhando a qualidade de café no interior. O Incaper também tem especialistas nesta área, mas falta aproximação. Por isto, o secretário de Estado da Agricultura recebeu todas as entidades ligadas ao café nos primeiros dias do governo. Será um programa robusto.

 

CS- Nós deixamos espaço aqui para as suas considerações finais.

Antônio- Resumindo, todas as nossas ações são alinhadas com a Seag através das políticas emanadas por ela. A ideia é evitar o distanciamento entre o governo, Seag e Incaper. Fizemos diagnóstico de estruturas físicas e um plano de investimento nas questões de reestruturação do Incaper, colocando mais de perto pesquisa, assistência técnica e extensão rural, porque o público é o mesmo. Tem o concurso público em andamento, lançado antes ainda de eu assumir. O objetivo é a gente poder inovar com métodos contemporâneos de extensão para não somente ampliar o atendimento, mas também qualificar assistência técnica e extensão rural. E sigo esperando urgentemente a nomeação do presidente para a gente cair em campo!

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